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NOVO SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS

Por:   •  15/4/2016  •  Trabalho acadêmico  •  5.665 Palavras (23 Páginas)  •  682 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - UESPI

COORDENAÇÃO DE GEOGRAFIA

LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA  

DISCIPLINA: Elementos de Pedologia                                      C.H: 60 h

PROF. Francisco de Assis da Silva Araújo

NOVO SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS[1] 
Comitê de Classificação de Solos[2]

Antecedentes

O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, publicado recentemente, é o produto de um projeto nacional de longa existência, que envolveu a comunidade de Ciência do Solo e exigiu muito trabalho, discussões, debates, tentativas e interpretações de conhecimentos acumulados de solos no Brasil e no exterior. 

O início dos estudos de solos no Brasil, do ponto de vista pedológico, remonta à década de 30, no Nordeste do Brasil e em São Paulo, para fins de irrigação e conservação. No entanto, foi a partir do final da década de 40, sob a responsabilidade da Comissão de Solos do Ministério da Agricultura, que se iniciaram os estudos em âmbito nacional, através de um extenso programa de levantamento de solos do tipo reconhecimento - exploratório, tentando-se, desta forma, suprir rapidamente a inexistência de informações sobre as qualidades, deficiências e o verdadeiro potencial dos solos brasileiros. O Ministério da Agricultura foi a instituição que mais investiu nos estudos de solos, sob todos os aspectos, compreendendo classificação, fertilidade, manejo, conservação, recuperação e na própria pesquisa básica. Destes levantamentos pioneiros surgiram as bases de um sistema de classificação de solos adequado ao Brasil, aperfeiçoando-se à medida que mais informações eram geradas em diversas partes do território nacional. 

A estrutura básica de uma classificação já tinha sido elaborada nos Estados Unidos, que antecederam o Brasil em cerca de cinco décadas e já tinham incorporado conhecimentos gerados naquele país e mais os conceitos da escola Russa de pedologia. 

A estrutura do sistema de classificação construída nos Estados Unidos, publicada em 1938 e revisada em 1949, constituiu o modelo para a classificação dos solos brasileiros, evidentemente com inúmeras adaptações e apropriações de termos e definições, além das considerações sobre as grandes disparidades climáticas e geológicas dos dois países. 

À partir da década de 50 e durante as três décadas seguintes tiveram continuidade os estudos de solos no território brasileiro, gerando o acervo de dados que constituiu a fonte mais valiosa de informações para o desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 

Fases do Desenvolvimento do Sistema

O desenvolvimento do sistema passou por diversas fases, desde a simples definição de classes, em uma legenda de identificação de solos até um sistema mais bem elaborado, segundo princípios lógicos de taxonomia. 

Durante muitos anos o Brasil contou somente com uma legenda, na qual os solos que se identificavam em levantamentos eram cadastrados, dando origem a uma grande lista de classes reconhecidas no campo, sem conotação genética entre si e geralmente definidas por semelhanças com solos já identificados. Não obstante, o inventário dos solos do país, feito desta forma, foi muito útil, uma vez que norteou a expansão da fronteira agrícola, direcionou investimentos na agricultura e serviu aos órgãos nacionais e internacionais de financiamento da produção e às instituições de ensino, pesquisa, extensão e reforma agrária. 

Além da informação utilitária, para fins de uso da terra, os levantamentos viabilizaram a elaboração de uma coleção de informações, em que constam as descrições dos solos do país, consistindo de dados morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos associados às informações ambientais como clima, vegetação, geologia, relevo, drenagem e uso da terra. Tais informações pedológicas e suas correlações com outros dados ambientais foram disponibilizados para os usuários através de diversos boletins e relatórios técnicos publicados, sendo também amplamente utilizados e interpretados na elaboração do sistema de classificação de solos , possibilitando a conceituação e a definição das classes de solos. Na década de 80 o projeto de classificação de solos progrediu lentamente e somente à partir de 1995 tomou novo impulso, para produzir uma versão mais bem elaborada em 1997, com a participação de um número maior de instituições nacionais de ensino e pesquisa, com a liderança técnica e financeira da Embrapa, resultando na publicação, finalmente, da 1a edição em 1999. 

Antes de atingir este ponto o projeto de classificação gerou várias publicações provisórias, denominadas “Aproximações”, iniciando-se em 1980 com a Primeira Aproximação, em seguida a Segunda Aproximação em 1981, a Terceira em 1988 e a Quarta Aproximação em 1997. A atual publicação (1999) encerra esta seqüência de aproximações e constitui a primeira edição do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, liberada para o uso em levantamentos de solos, no ensino e na pesquisa. 

É importante ressaltar que os aperfeiçoamentos e os ajustes continuarão, à medida que o sistema for sendo utilizado e acompanharão, como sempre, a evolução do conhecimento na área de Ciência do Solo e disciplinas correlatas. 

Organização e Lógica do Sistema

A presente edição do sistema é o início de uma nova fase de classificação dos solos brasileiros, cuja estrutura e organização acompanha os padrões taxonômicos mais correntes atualmente no mundo, mantendo paridade e correlações entre classes definidas nos principais sistemas existentes. 

O sistema de classificação é apoiado no conhecimento das características e propriedades dos solos, que definem os atributos diagnósticos, levando em conta a natureza e a constituição dos diversos solos, identificando classes distintas, diferenciadas por um conjunto mais ou menos homogêneo de propriedades. 

O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos é estruturado em 6 níveis categóricos, do 1º nível (correspondente à Ordem), ao 6º nível (correspondente à unidade classificatória mais homogênea, denominada “série”). A seqüência, da Ordem até a Série, caracteriza um sistema hierárquico, multicategórico, em níveis de abstração gradualmente descendentes, do mais genérico ao mais específico. Nesta estrutura, todos os solos brasileiros são classificados em 14 classes no 1º nível (Ordem), de acordo com os grandes processos de formação que lhes deram origem, que por sua vez se subdividem em 44 classes no 2º nível (Subordem), conforme a intensidade de atuação destes processos, em 150 classes no 3º nível categórico (Grande Grupo) com base nas propriedades resultantes de processos pedogenéticos, como tipo e arranjamento de horizontes, atividade da fração argila, saturação por bases, por alumínio ou por sódio e teores de sais solúveis e 580 classes no 4º nível (Subgrupo) diferenciadas por critérios de conceito central de classe (solo típico) e características intermediárias ou extraordinárias (solos transicionais). Nos 5º e 6º níveis categóricos (Famílias e Séries, respectivamente), definidas com base em características e propriedades relacionadas com o uso e o manejo dos solos, o número de classes é imprevisível, pois, somente com o uso do sistema, novas classes serão identificadas, descritas e relatadas em todo o país. 

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