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Por:   •  20/3/2015  •  640 Palavras (3 Páginas)  •  297 Visualizações

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No decorrer de sua breve história, a Psicologia Social

tem se caracterizado pela pluralidade e multiplicidade de

abordagens teóricas adotadas como referenciais legítimos à

produção de conhecimentos sociopsicológicos. Tal contexto

tem dificultado sobremaneira a delimitação do objeto de estudo

ou mesmo dos vários objetos de estudo dessa disciplina.

Contudo, o binômio indivíduo-sociedade, isto é, o estudo

das relações que os indivíduos mantêm entre si e com a sua

sociedade ou cultura, sempre esteve no centro das preocupações

dos psicólogos sociais, com o pêndulo oscilando ora

para um lado, ora para o outro.

Assim é que, em seus primórdios, a Psicologia Social

adotou uma abordagem eminentemente molar, dedicandose

prioritariamente ao estudo dos processos socioculturais e

concebendo o indivíduo como integrante desse sistema. Com

o passar do tempo, porém, ela foi progressivamente adotando

níveis mais moleculares de análise e se tornando mais individualista,

ao se focalizar cada vez mais na investigação de

processos intraindividuais. Em reação a tal individualização,

a Psicologia Social irá assistir a outras mudanças de rumo,

responsáveis pelo desenvolvimento de abordagens que se

voltam novamente para a análise de eventos e processos

histórica e culturalmente situados e dinâmicos.

A ênfase maior dada ao indivíduo ou à sociedade fez

com que diferentes autores (House, 1977; Stephan & Stephan,

1985) começassem a defender a existência de duas

modalidades de Psicologia Social: a Psicologia Social

Psicológica e a Psicologia Social Sociológica. A Psicologia

Social Psicológica, segundo a definição de G. Allport (1954),

que se tornou clássica, procura explicar os sentimentos,

pensamentos e comportamentos do indivíduo na presença

real ou imaginada de outras pessoas. Já a Psicologia Social

Sociológica, segundo Stephan e Stephan (1985), tem como

foco o estudo da experiência social que o indivíduo adquire

a partir de sua participação nos diferentes grupos sociais com

os quais convive. Em outras palavras, os psicólogos sociais

da primeira vertente tendem a enfatizar principalmente os

processos intraindividuais responsáveis pelo modo pelo qual

os indivíduos respondem aos estímulos sociais, enquanto os

últimos tendem a privilegiar os fenômenos que emergem dos

diferentes grupos e sociedades.

Para além dessa já hoje clássica divisão, a Psicologia

Social desdobrou-se, mais recentemente, em outra vertente,

qual seja a Psicologia Social Crítica (Álvaro & Garrido,

2006) ou Psicologia Social Histórico-Crítica (Mancebo &

Jacó-Vilela, 2004), expressões que abarcam, na realidade,

diferentes posturas teóricas. Assim é que, de acordo com

Hepburn (2003), tanto o Socioconstrucionismo (Gergen,

1997) e a Psicologia Discursiva (Potter & Wetherell, 1987),

como a Psicologia Marxista, o pós-modernismo e o feminismo,

entre outros, contribuem atualmente para o campo

da Psicologia Social Crítica. Tais perspectivas guardam em

comum o fato de adotarem uma postura crítica em relação às

instituições, organizações e práticas da sociedade atual, bem

52 Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, 2010, Vol. 26, n. especial, pp. 51-64

M. C. Ferreira

como do conhecimento até então produzido pela Psicologia

Social a esse respeito. Nesse sentido, colocam-se contra a

opressão e a exploração presentes na maioria das sociedades

e têm como um de seus principais objetivos a promoção da

mudança social como forma de garantir o bem-estar do ser

humano (Hepburn, 2003).

A evolução da Psicologia Social, nas diferentes partes

de mundo, vem ocorrendo, de certa forma, associada às

várias modalidades ou vertentes da disciplina. Assim é que,

na América do Norte, e mais especialmente nos Estados

Unidos da América, a Psicologia Social Psicológica foi e

continua sendo a tendência predominante. Já na Europa, é

possível se notar uma preocupação maior com os processos

grupais e socioculturais, que sempre estiveram na base das

preocupações da Psicologia Social Sociológica. Por outro

lado, na América Latina, verifica-se a adoção da Psicologia

Social Crítica como abordagem preferencial à análise dos

graves problemas sociais que costumam assolar a região.

O objetivo do presente trabalho é fazer um breve balanço

do estado atual da Psicologia Social, no plano nacional e

internacional. Para tanto, inicia-se com uma breve revisão

das principais tendências teóricas e temáticas que marcaram

a evolução da Psicologia Social na América do Norte, para,

em seguida, discutir as características mais relevantes da disciplina

na atualidade, no contexto norte-americano, europeu

e latino-americano. Posteriormente, detém-se na análise da

recente produção brasileira em Psicologia Social, procurando

compará-la com as tendências anteriormente apontadas.

À guisa de conclusão, discute os desafios futuros que se

colocam à produção nacional dessa área de conhecimento,

especialmente no que diz respeito à sua visibilidade e impacto

no cenário acadêmico internacional.

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