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A Artilharia de Costa na Defesa Integrada do Estuário do Tejo e Sado

Por:   •  26/11/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.234 Palavras (9 Páginas)  •  229 Visualizações

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INSTITUTO UNIVERSITÁRIO MILITAR

CURSO DE PROMOÇÃO A OFICIAL SUPERIOR 2016/2017

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 HISTÓRIA MILITAR DE PORTUGAL

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O TEXTO CORRESPONDE A TRABALHO FEITO DURANTE A FREQUÊNCIA DO CURSO NO IUM SENDO DA RESPONSABILIDADE DO SEU AUTOR, NÃO CONSTITUINDO ASSIM DOUTRINA OFICIAL DAS FORÇAS ARMADAS PORTUGUESAS E DA GUARDA NACIONAL REPUBLICANA.

Capitão de Artilharia, Exército, Alexis da Fonseca Vicente

Pedrouços, 02 de junho de 2017

Introdução

A importância do poder marítimo desde cedo levou à necessidade de se protegerem os principais portos e pontos sensíveis dos estados. Se primariamente essa função estava a cargo da marinha cedo se verifica que a Artilharia podia desempenhar um papel relevante em apoio aos portos, às embarcações e a pontos sensíveis.

Com um peso significativo para a defesa costeira, a Artilharia começou a revelar a importância das fortificações e do seu estudo para que permitisse tirar o máximo partido das armas disponíveis ao mesmo tempo que conferia proteção às guarnições que a operavam, a par com os desenvolvimentos tecnológicos das próprias armas que lhe vieram dar novas e melhores valências ao longo do tempo.

O presente trabalho destina-se a investigar a evolução que a Artilharia de Costa teve em Portugal, no estuário do Tejo e do Sado, ao longo dos séculos e o seu contributo para a defesa dos principais pontos sensíveis. Para tal vai ser feita uma breve referência às origens da Artilharia de Costa em Portugal e a sua evolução até à implementação e efetivação do Regimento de Artilharia de Costa, desativado no final do século XX.

  1. As origens da Artilharia de Costa em Portugal

O primeiro registo da utilização de Artilharia para defesa da costa em Portugal é de 1381, quando uma frota espanhola ao entrar na barra do Tejo é atacada com trons e virotões que forneceram fogos terrestres em apoio de uma esquadra inglesa e de outros navios portugueses que adotaram um dispositivo de segurança junto a Sacavém (Berger, 2005).

A posição geográfica de Portugal aliada à utilização do mar para as rotas comerciais e a evolução de um “triângulo” formado pelo navio, pelo canhão e pela fortaleza, que caracteriza a transformação radical da arte da guerra nos séculos XV e XVI, vem trazer novos desafios e necessidades na organização das linhas de defesa fortificadas (Barata & Teixeira, 2004a; Berger, 2013).

A linha de defesa de costa era inicialmente composta por simples atalaias em locais elevados que permitiam a observação e aviso atempado da ameaça. As mesmas evoluíram para fortificações com capacidade para se tornarem plataformas para a Artilharia, aptas a bater os navios inimigos com relativa eficácia e interditar a entrada nos estuários do Sado e do Tejo (Barata & Teixeira, 2004a; Berger, 2013).

Considerando a vantagem das fortificações equipadas com Artilharia são mandadas edificar uma série de estruturas até ao início do século XIX com vista a formar linhas defensivas que permitiam concentrar várias linhas de tiro de onde se salientam as seguintes estruturas (Barata & Teixeira, 2004a; Barata & Teixeira, 2004b; Berger, 2005):

- Forte do Outão para proteção do porto de Setúbal;

- Formação defensiva composta pela Fortaleza de Nossa Senhora da Luz[1], o Forte de São Sebastião da Caparica [2], a Torre de São Vicente e a Fortaleza de São Julião da Barra[3];

- Forte da Caparica, São Lourenço[4], Santo António da Barra, Raposeira, Alpenas, Albarquel[5], Cataleza, Baterias da Galé, Alta e da Crismina[6] e Bateria do Areeiro.

Surgem em complemento à linha de defesa da barra do Tejo outros baluartes e pequenas fortalezas construídos que se encontravam ligados entre si por muralhas[7] nos locais de possível desembarque.

  1. A revolução industrial e a evolução tecnológica

O início do século XIX foi marcado pelas invasões francesas e apenas a meados do século se começam a efetuar novamente transformações na defesa de costa após se ter verificado a ineficácia da mesma aquando de uma demonstração da armada francesa liderada pelo Almirante Rossin que em 1831 força a barra do Tejo e entra no porto de Lisboa (Barata & Teixeira, 2004b; Berger, 2005).

Para evitar a ocorrência de uma ação semelhante foi nomeada uma comissão que de 1859 até à II Guerra Mundial, sucedida de várias comissões, desenvolve trabalhos de estudos e de fortificação da capital (Barata & Teixeira, 2004b).

A grande inovação da Artilharia de Costa em Portugal deve-se a Fontes Pereira de Melo que para além de ter procurado modernizar as antigas peças de alma lisa, mandou estriar as peças existentes e adaptar os reparos, armões e carros (Barata & Teixeira, 2004b). A grande reforma ocorreu aquando da aquisição à Alemanha dos canhões Krupp de 28 cm, 15 cm e 7,5 cm que entre 1875 e 1886 equipa todas as unidades de Artilharia de Costa. Este novo material trouxe como principais alterações o facto de ser de municiamento por retrocarga, ter alcance superior, uma superior cadência de tiro e elevada precisão (Berger, 2005).

A evolução dos projéteis veio também trazer alterações significativas especialmente no que respeita à construção de fortificações que passam a conjugar o betão e o aço para aumentar a resistência das mesmas aos ataques inimigos. Este conceito de betão reforçado passou a ser usado na construção e no melhoramento das fortificações (Berger, 2013).

No início do século XX a Artilharia de Costa passa a ter um dispositivo integrado no campo entrincheirado de Lisboa e contava com 11 Baterias na margem norte do Tejo, 3 na margem sul e 2 na margem norte do Sado. Este dispositivo era completado para defesa da costa com tropas de Artilharia de Guarnição que usavam obuses 15 cm TR Schneider-Canet-Bocage (Berger, 2005). Esta nova organização da Artilharia de Costa apenas teve emprego real em 8 de setembro de 1936, com o episódio conhecido por “revolta dos marinheiros” os quais tentaram sair da barra do Tejo com o Aviso Afonso de Albuquerque e o Contratorpedeiro Dão tendo estes sido bombardeados pelas Baterias dos Fortes de Almada e do Alto do Duque que os deixaram inoperacionais, provocando a morte a 12 marinheiros (A PIDE antes da PIDE - O triunfo da PVDE (episódio 8), 2007; Machado, 2016).

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