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A Boa Vizinhança Nas Telas Do Cinema

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Por:   •  23/8/2014  •  4.647 Palavras (19 Páginas)  •  283 Visualizações

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A BOA VIZINHANÇA NAS TELAS DO CINEMA

O Cinema Norte-americano como arma de guerra na Segunda Guerra Mundial1

Pedro Henrique Costa2

Resumo

Uma análise da utilização do cinema como arma de guerra estadunidense durante a Segunda Guerra Mundial, para conquistar o apoio dos países da América latina.

Palavras-chave: Imperialismo, Hegemonia, Ideologia, Cinema, Segunda Guerra

Abstract

An analysis of the use of the cinema as a United States tool during the World War II, to win the support of the Latin America countries.

Key words: Imperialism, Hegemony, Ideology, Cinema, World War II

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem o objetivo de entender a utilização do cinema de Hollywood como arma político-ideológica do governo dos Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial. Partindo da necessidade de se estabelecer como potência hegemônica no pós-guerra, o governo americano viveu um período de inflexão na sua política externa voltada para o continente americano, difundindo uma imagem capaz de apagar as sequelas do passado intervencionista e criar “boas relações” com seus vizinhos continentais. Nesse processo, os costumes e valores da sociedade americana são difundidos, de forma a facilitar as práticas de imperialismo econômico que constituíam o verdadeiro objetivo estadunidense. Para tanto, foi criada uma agência encarregada de produzir e difundir uma imagem positiva dos EUA, que atuou de forma a coordenar uma série de projetos, dos quais destacamos aqueles que se referem à produção cinematográfica, com o intuito de conquistas as mentes e corações dos povos da América Latina.

O EXERCÍCIO DA HEGEMONIA

Para entender as origens da necessidade dos EUA de montar um aparato de construção ideológica que atuasse em seu favor durante a Segunda Guerra Mundial, recorremos à definição enfatizada por Antonio Gramsci de que o conceito de “hegemonia mundial” refere-se à capacidade de em Estado exercer liderança e governo sobre um sistema de nações soberanas, sendo este um poder maior do que a “dominação” pura e simples, e que se estende ao âmbito da “liderança intelectual e moral”.3 Disso derivam as ações tomadas, tanto pelos americanos, quanto pelos alemães, no sentido de influenciar os países da América Latina, com a intenção de induzi-los a serem favoráveis aos interesses daqueles países em conflito. Porém o foco desse artigo é analisar por quê os EUA perceberam que era necessário modificar a sua política externa voltada para o continente americano e como foi que se utilizou o cinema como peça fundamental no organismo montado para alcançar as suas pretensões.

POLÍTICA DE BOA VIZINHANÇA

A presença comercial alemã no Brasil crescia rapidamente por conta da estratégia que o país adotara para as relações com os países da América Latina. Utilizando-se do comércio de compensação, através da troca de produtos por produtos, dispensando a necessidade da intermediação de moedas consideradas fortes no período analisado, como a libra e o dólar, que apresentavam escassez tanto na América Latina quanto no país germânico. Portanto, era bastante viável, aos países latinos da América, a aquisição de armas alemãs, por meio desse intercâmbio, além do fato de que existia uma admiração pela eficiência militar alemã e o seu senso de disciplina nos altos círculos militares do Brasil e nos demais países latino-americanos.

O cenário político dos países da América Latina apresentava o florescimento dos nacionalismos autoritários que manifestavam algumas semelhanças com os modelos nazi-fascistas europeus, contribuindo para uma aproximação ideológica com a Alemanha e dificultando a influência estadunidense nesses países. Por outro lado, essa região fazia parte dos planos imperialistas da Alemanha nazista, além de já conter zonas de potencial colonização, por conta das comunidades alemãs que já viviam nas regiões mais ao sul do continente. A Alemanha havia se beneficiado amplamente com as relações estabelecidas com esses países por conta do recebimento de matérias-primas fundamentais para o abastecimento de sua indústria bélica e o rearmamento no período entre as guerras mundiais. Some-se a isso o fato de que as forças armadas dos países latino-americanos vinham sendo instruídas por missões alemãs que sistematicamente reforçavam a propaganda que estimulava as oposições desses países aos EUA. Numa definição mais simples, a Alemanha utilizava uma justificação ideológica para promover a sua expansão territorial, promovendo a modernização germânica, com um viés conservador. Dunshee de Abranches faz alusão em seu livro A Ilusão Brasileira4 de que a Alemanha seria um país modelar ao Brasil durante a primeira grande guerra e tal visão era consoante à dos núcleos de poder brasileiros na segunda guerra. Assim, os avanços da Alemanha nazista na segunda guerra reforçavam a ideia de modelo a ser seguido e fortalecia a simpatia do alto escalão do governo brasileiro e das comunidades alemãs, instaladas na região sul do país e que não se encontravam amplamente integradas à sociedade brasileira. A Rádio Berlim, poderoso artefato de divulgação dos avanços germânicos, exercia uma importante influência sobre tais comunidades.

Por outro lado, desde os últimos anos da década de 1920, governos latino-americanos pleiteavam, através das conferências interamericanas, o respeito ao direito de autodeterminação dos povos e ao princípio de não-intervenção. Portanto, num contexto internacional que via como perigosa a ascenção alemã e o antagonismo latino-americano, elegeu-se presidente Franklin Delano Roosevelt, em 4 de março de 1933, e anunciou a nova política da boa vizinhança, direcionada aos países da América Latina, apesar de que é sabido que as intervenções armadas não foram de todo suspensas5. Os fundamentos dessa política eram o abandono das intervenções nos países da América Latina, o reconhecimento da igualdade jurídica entre eles, a aceitação da necessidade das consultas periódicas para a resolução de conflitos entre os países e a cooperação para promover o bem-estar de todos os povos da América.

A Política da Boa Vizinhança concentrava o conjunto de medidas que, por meio de um processo de aceitação

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