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A CAMPANHA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO EM MASSA NA CUBA PÓS-REVOLUÇÃO

Por:   •  28/10/2016  •  Monografia  •  12.431 Palavras (50 Páginas)  •  577 Visualizações

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SUMÁRIO

  1.  Introdução .................................................................................................................. 3
  2.  Antecedentes históricos ............................................................................................  9

     2.1. Retrospectiva histórica do processo revolucionário cubano ...............9

     2.2. Educação e sociedade no período pré-revolucionário ..................... 17

  1.  A Campanha Nacional de Alfabetização Cubana: a importância da frente alfabetizadora ............................................................................................................ 21

     3.1. A primeira etapa da Campanha: de janeiro a abril de 1961 ............. 23

     3.2. A segunda etapa da Campanha: de abril a setembro de 1961 ......... 25

     3.3. A fase final da Campanha: de setembro a dezembro de 1961 ......... 28

     3.4. Estrutura técnico-administrativa....................................................... 30

     3.5. Metodologia ..................................................................................... 32

     3.6. Avaliação e controle ........................................................................ 35

  1.  Balanço da Campanha: do Seguimiento e Superação Obreira à Campanha do Nono Grau ........................................................................................................................... 36
  2. Considerações Finais................................................................................................. 38
  3. Bibliografia ............................................................................................................... 43

1. INTRODUÇÃO

A trajetória cubana deixa sem palavras muitos teóricos neoliberais que consideram primordial o cumprimento de seus preceitos a fim de que certas mazelas sociais sejam erradicadas. Pelo contrário, o que se percebe é que, quanto mais uma nação segue as regras do jogo, estas se demonstram cada vez mais nocivas às suas questões internas e suscetíveis aos abalos de uma cartada final. Nos demais países da América Latina, alinhados ao modelo econômico vigente e compelidos a corresponder com o que deles se espera, a situação é sofrível. A formação de mão-de-obra barata e especializada para as fábricas capitalistas, o distanciamento do Estado de deveres que outrora lhe cabia, como educação e saúde gratuitas, o descomprometimento dos representantes políticos com interesses internos em detrimento do exacerbado comprometimento com as potências econômicas mundiais.

Em comparação à atual aparente desilusão do povo cubano, situa-se o protagonismo popular no que se refere especificamente à Campanha Nacional de Alfabetização. Milhares de cidadãos deixaram os confortos dos centros urbanos em nome de um projeto mais amplo do que seus anseios individuais. Subiram a Sierra Maestra, como não o tinham feito até então, formando uma espécie de segunda geração revolucionária, comprometendo-se com o cumprimento do discurso de Fidel Castro na ONU, no qual ele propusera a erradicação do analfabetismo na ilha dentro de um ano. Há de se verificar que tal iniciativa fora fundamental para a incorporação tanto das classes médias urbanas quanto do campesinato das afastadas zonas rurais.

No caso de Cuba, qual seria, portanto, a influência do processo revolucionário no perfil educativo de sua população? De que maneira a política educacional implementada pelo governo revolucionário determinou o combate ao analfabetismo? Quais foram as principais características e o balanço da Campanha Nacional de Alfabetização?

Tais questões evidenciam a relação entre o projeto educacional e o projeto de sociedade articulados pelo governo revolucionário, uma vez que a educação em Cuba era uma responsabilidade que o Estado compartilhava com a sociedade de um modo geral. A Constituição de 24 de fevereiro de 1976, aqui citada a título ilustrativo, garantia a educação como um direito e um dever e apontava suas principais características: o caráter de massas, sua obrigatoriedade e gratuidade, seu perfil democrático, integral e socialista. Desta maneira, o princípio que norteava a política educacional cubana manteve estreita ligação com o projeto de sociedade almejado no período posterior ao triunfo da revolução, já que visava à formação multilateral e harmônica de um indivíduo a quem caberia a construção da “nova sociedade”, da sociedade socialista.

Para tanto, a concepção pedagógica cubana era orientada pela filosofia marxista, mesmo que a Revolução tenha tardado a se admitir socialista, baseada na combinação entre estudo e trabalho, e pelo pensamento de José Martí, herói nacional que deu a vida pela independência do país. A evocação deste personagem da história de Cuba fora, sobretudo, uma maneira de articulá-lo aos anseios de uma nova sociedade, cuja construção seria garantida pelo governo, proporcionando, assim, plena adesão popular pautada na integridade de sua própria memória, além de recordar a forte tradição revolucionária deles característica desde as lutas contra o jugo colonial até a desvinculação dos desmandos norte-americanos sobre a ilha.

O preceito proposto por José Martí sobre a importância de vincular estudo e trabalho para a formação do homem levou à promoção da participação de estudantes universitários, e até mesmo de alunos do segundo grau, em trabalhos físicos. Era preciso substituir o vazio deixado, então, pelo abandono maciço dos campos de cana, quando surgiam outras oportunidades de emprego para os trabalhadores rurais. O nível médio de conhecimentos era baixo demais, mesmo depois da campanha de alfabetização, do auge da campanha de educação primária em massa ou, posteriormente, da campanha de educação secundária básica. Hoje, a educação superior se massificou, começando pelos médicos e educadores e continuando com os trabalhadores sociais, os da informática, os instrutores de arte - com a universalização dos estudos universitários para grande número de carreiras.

A partir disso, defendo que, apesar de ter infligido uma série de restrições ao pleno desenvolvimento econômico cubano, o embargo sofrido pela ilha acabou por oferecer as condições necessárias para a instauração de um projeto com tamanho êxito e vulto, uma vez que permitiu a universalização do ensino, o que não seria possível caso Cuba estivesse presa às determinações da política imperialista norte-americana. Esta, que apregoa uma política educacional voltada para a formação mão-de-obra barata que corresponda às demandas de um mercado de trabalho, que, por sua vez, respeita as imposições de um projeto de sociedade diferenciado do cubano, imputa aos países em desenvolvimento a posição de mero apoio de seus anseios. Uma vez livre deste jugo, Cuba poderia, enfim, pôr em prática um programa educacional afim ao seu próprio projeto de sociedade.

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