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A Carta Testamento De Getúlio Vargas

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Por:   •  12/9/2013  •  10.391 Palavras (42 Páginas)  •  557 Visualizações

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A morte de Getúlio Vargas

23/08/2004 02:19

De volta ao passado

Amanhã fará 50 anos que o gaúcho Getúlio Dornelles Vargas, nascido em São Borja a 19 de abril de 1883, deu um tiro no próprio peito e saiu da vida para entrar definitivamente na História do Brasil. É o nosso maior mito político, ainda hoje apontado em pesquisas de opinião pública como o melhor presidente da República que o país já teve.

Foi chefe do governo provisório depois da Revolução de 1930, presidente eleito pela Constituinte em 17 de julho de 1934, e ditador entre 10 de novembro de 1937 e 29 de outubro de 1945 quando foi deposto pelos militares. Retornou ao poder eleito pelo voto popular em 31 de janeiro de 1951. Para finalmente se matar na no dia 24 de agosto de 1954, escapando de ser novamente deposto.

Se o marqueteiro Duda Mendonça tivesse idade, engenho, disposição e chance para ter servido à Getúlio naquela época, seu famoso slogan que elegeu Paulo Maluf prefeito de São Paulo (“Foi Maluf quem fez”), reciclado agora para tentar reeleger a prefeita Marta Suplicy (“Marta fez”), se aplicaria com naturalidade ao presidente que escolheu a morte para continuar vivendo na memória coletiva.

Foi Getúlio quem fez a Companhia Siderúrgica Nacional para produzir aço, a Companhia do Vale do Rio Doce para extrair minério, a Petrobrás para explorar petróleo e a Eletrobrás para gerar energia. Foi Getúlio quem criou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e o Banco do Nordeste para financiarem investimentos públicos e privados.

Foi Getúlio quem deu às mulheres o direito de voto. Foi ele quem deu aos trabalhadores a legislação que ainda hoje disciplina suas relações com os patrões. E foi ele quem abriu as portas da administração pública para a admissão de funcionários por meio de concurso e do sistema de mérito. Finalmente, foi ele o arquiteto da estrutura política partidária nacional que vigorou no país até o golpe militar de 1964.

De resto, foi Getúlio quem fez o Brasil rural e atrasado de 1930 evoluir mais rapidamente para o Brasil industrial inaugurado, digamos assim, pelo presidente Juscelino Kubitschek no final do seu mandato.

Getúlio fez tudo isso sem levantar a voz, sem dar murros na mesa e negociando à direita e à esquerda – mais à direita. O aparelho de propaganda do Estado fez o resto. Fez dele “o bom velhinho” e o “pai dos pobres”. E, valendo-se da censura, escondeu o líder autoritário que governou como ditador durante oito anos, avalizou o emprego da tortura contra seus desafetos políticos, e permitiu que judias como Olga Benário Prestes, mulher do líder comunista Luiz Carlos Prestes, fossem deportadas para a Alemanha de Hitler e ali morressem. Olga morreu na câmara de gás de um campo de concentração.

Este blog, a partir do primeiro minuto de amanhã – uma terça-feira como aquela em que Getúlio se suicidou – viajará de volta ao passado para oferecer a mais completa cobertura dos fatos que marcaram para sempre a História do Brasil. Eu e vocês faremos de conta ao longo de 24 horas que amanhã é o dia 24 de agosto de 1954. E que nesse dia era possível fazer uma cobertura jornalística em tempo real.

A primeira notícia que postarei aqui, logo depois da meia-noite de hoje, dirá que o Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, está cercado por uma multidão enfurecida que berra pedindo a renúncia do presidente Getúlio Vargas. Na companhia da família e de alguns assessores, o presidente fuma um charuto, medita e aguarda a chegada do seu Ministro da Guerra. Dali a oito horas ele se matará. Mas nem ele mesmo sabe disso. E a multidão que sitiou o palácio ameaçando invadi-lo para dali escorraçar o presidente dará lugar a outra que chorará e rezará de joelhos inconformada com sua morte.

(Hoje à tarde darei detalhes da cobertura mais ambiciosa da história deste blog.)

23/08/2004 16:58

Daqui a 15 horas Getúlio se matará com um tiro no coração

Vai ser assim a partir da meia-noite: faremos de conta que esta terça-feira é a terça-feira 24 de agosto de 1954. E que o presidente da República se chama Getúlio Vargas. E que ele está sendo pressionado por generais, almirantes e brigadeiros para renunciar ao cargo. À medida que os fatos forem se sucedendo, eles aqui serão postados mais ou menos na hora em que ocorreram. Getúlio encerrará uma reunião de emergência com seus ministros em torno das 4 da madrugada. Em seguida irá dormir. E dali a mais duas ou três horas será acordado pelo irmão. Dará o tiro no peito por volta das 8h – vocês ficarão sabendo detalhes disso 20 ou 30 minutos depois. E assim por diante.

Lá pelas 10h, quando manifestações de protesto estarão sendo registradas por todo o país, começarão a ser postados aos poucos depoimentos e artigos como se tivessem sido escritos logo depois do suicídio de Vargas. A situação econômica do país, por exemplo, será analisada pelo economista Raul Veloso. O jornalista Jânio de Freitas, então repórter do Diário Carioca, contará o que viu ao longo da madrugada de plantão na porta do Palácio do Catete. Millôr Fernandes narrará seu encontro com uma amiga pouco antes de saber que Getúlio se matara. O Diretor de O Estado de S. Paulo, Ruy Mesquita, lembrará que estava no Rio e que se reconciliara com Carlos Lacerda.

Pedro Simon era um estudante de 17 anos. E como tal refletirá sobre o impacto da morte de Getúlio no Rio Grande do Sul. O ministro José Viegas, da Defesa, revelará como a morte de Getúlio o livrou da prisão. Em entrevista ao blog, um menino de 10 anos de nome Cristovam Buarque contará o que se passou em sua casa no Recife. E muitas outras pessoas, famosas hoje ou não, também falarão.

Quem quiser poderá ouvir o então deputado Afonso Arinos, da UDN, discursando na Câmara em 13 de agosto de 1954 exigindo a renúncia de Getúlio. Foi um discurso que entrou para a História. E também 10 músicas e comerciais de rádio que fizeram sucesso em 1954.

24/08/1954 00:25

– A madrugada está quente no Rio

Nas noites e madrugadas de agosto, a temperatura costuma ser amena no Rio de Janeiro. Mas nesta madrugada ela parece particularmente quente. Passa da meia-noite, já é terça-feira, dia 24 de agosto de 1954. As luzes continuam acesas na maioria das casas e no Palácio do Catete onde vive e despacha o presidente da República, Getúlio Vargas. E os rádios… Ah, sim. Muitos rádios estão ligados com os ouvintes atentos ao noticiário inflamado desde o assassinato

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