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A ESCRITA DE SI - A Carta Como Documento Histórico

Por:   •  14/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.690 Palavras (7 Páginas)  •  422 Visualizações

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A ESCRITA DE SI

A Carta Como Documento Histórico

Arthur Amaral, Bruno Coelho, Carlos Nascimento, Eduardo Aragão, Felipe Costa,

Gabriel Ramires, Gustavo Henrique, Shermon Ferreira

1. INTRODUÇÃO

A "escritas de si", como são chamados cartas e diários, trata-se de um documento histórico no qual o indivíduo assume uma posição reflexiva em relação à sua história e ao mundo onde se movimenta, um exemplo clássico de carta como documento histórico seria a "Carta a el-Rei Don Manoel sobre o achamento do Brasil". Hoje denominado “documento histórico”, por mais de duzentos anos o que temos na conta de preciosíssima certidão de nascimento do Brasil ficou na Torre do Tombo (Arquivo Geral do Reino de Portugal), sem que ninguém tivesse interesse por ele. Apenas em 1773, um funcionário chamado José de Seabra da Silva mandou tirar cópia do texto, que só veio ser publicado quase meio século depois, em 1817 pelo Padre Manuel Aires de Casal. Anos depois a Carta de Caminha alcançara o cume da hierarquia documental, hoje muito bem zelada e recebendo visitas da multidão, poucos observadores poderiam supor a longa trajetória de esquecimento e má conservação.

2. A IMPORTÂNCIA DA ESCRITA PARA A HISTÓRIA

A escrita é a linguagem do poder, é a linguagem da lei, isso também nos mostra o filme, Narradores de Javé, com a inundação do vilarejo, apenas os moradores que tinham a escritura – registro escrito de posse – de suas terras seriam indenizados, contudo nenhum morador a tinha, pois os limites de terras eram feitos por meio das divisas cantadas, ou seja, o morador recitava os limites de seu território e esses limites eram respeitados, até então não havia necessidade de uma escritura – ou um registro formal – para outorgar a posse da terra. Na sociedade moderna o discurso oral tem que ser legitimado pelo registro escrito. Essa legitimação dá-se não só pela legalidade do escrito, mas também pelo embelezamento e enriquecimento estético do fato: “ Uma coisa é o fato acontecido, outra coisa é o fato escrito, o acontecido tem que ser melhorado no escrito para que o povo cria no acontecido” – palavras de Antonio Biá, o escriba do vilarejo de Javé, e em outras falas de Biá: “O curvo vira corcunda”, “A história é de vocês, mas a escrita é minha”, “História muito ouvida e contada, mas nunca lida e escrita”. A supremacia da cultura escrita sobre a cultura oral dá-se pelo registro escrito, então a história de um povo ou Limites de terras que não são registradas é como se não existissem. A Linguagem escrita também é uma forma de valida o discurso oral muitas vezes.

3. O QUE É UM DOCUMENTO HISTÓRICO

Compreende-se sendo documento histórico toda fonte (escrito, iconográfico, orais, audiovisuais, materiais) produzida em um determinado período, que possa auxiliar o historiador em sua análise. Pode se constituir desde documentos produzidos por governos ou entidades e até mesmo escolas (públicas e privadas), até mesmo objetos como utensílios, indumentárias, imagens, textos de qualquer natureza, pinturas, esculturas, canções, construções etc. Desde que esses registros possam responder ao problema criado pelo historiador num determinado tempo e espaço. Existe, ainda, a possibilidade de trabalho com a coleta de relatos de pessoas que tenham presenciado determinadas ocorrências. Neste caso, é aplicada a fonte Oral.

4. O PRIMEIRO DOCUMENTO HISTÓRICO DO BRASIL

Redigido no ano de 1500 e re-descoberta no ano de 1773, a Carta de Pero Vaz de Caminha tem sido objeto de sucessivas leituras e interpretações, o texto formado por sete folhas, cada uma delas com quatro páginas, somando um total de 27 páginas de texto e uma de endereço, o manuscrito que por muito tempo ficou empoeirado e arquivado, ainda se encontra em bom estado de conservação e foi bem recebido pelo público que se interessava por narrativas.

Com muito esmero em elaborar o texto, Caminha narra de forma clara e organizada a aventura vivida pela navegação de Cabral. Esse texto hoje é considerado uma obra muito importante para a historiografia brasileira, pois é por meio dele que temos condições de entender como se deu o primeiro contato entre índios e portugueses, além,

é claro, de deixar transparecer um pouco dos interesses imperialistas ligados àquela aventura no novo continente.

Sabe-se que as obras do período colonial além de não terem sido produzidas por brasileiros. Também são poucas e apresentadas em sua maioria na forma de cartas, diários de navegação, tratados e diálogos.

São trabalhos que pertence aos cânones brasileiros e portugueses. Por meio da carta é possível fazer uma análise do discurso imperialista implícito nessa viagem de reconhecimento das novas terras, ao mesmo tempo em que é histórico-documental, se abstrai e atinge status de literatura.

Datando-o como um diário a parti da siada de Belém, em 9 de março, até o dia 1 de maio, quando a carta e finalizada .Narra a passagem pelas canárias e por cabo verde para, enfim avistarem "sinais de terra " em 21 de abril o desembarque seria no dia 22, após avistarem um monte "mui alto e redondo" que denominaram pascoa ,por ser época dos festejos de páscoa.

Há uma minuciosa descrição dos nativos, tanto de aparência quanto de comportamento. Do mesmo modo, são citados direta e indiretamente cerca de dezoito membros da tripulação e sua interação com os nativos. O primeiro escambo (troca) ocorre em clima amistoso, embora caminha relate a ansiedade dos navegantes em relação a possível presença de metais preciosos na nova terra. Citar as reações dos índios diante do que era oferecido pelos europeus, desde alimentos até objetos. O escritor também se detém na descrição física dos nativos, destacando suas pinturas e enfeites corporais, a limpeza e a saúde de seus corpos, que muito lhe impressionam, bem como a "inocência" dos nativos e nativas com relação à nudez.

Outro aspecto importante diz respeito à religião. São as cerimônias cristãs celebradas pelos sacerdotes presentes na esquadra, bem como a parente curiosidade dos nativos com relação a essas celebrações. Destaca-se aí a descrição da primeira missa, celebrada no domingo, dia 26 de abril.

Carta alguma é neutra, pois sempre carrega consigo a opinião da pessoa ou órgão que a redigiu. Uma carta pastoral escrita por um Padre, por exemplo, é a opinião do próprio autor, mas profundamente

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