A Fprmação da Sociedade Brasileira Através do Futebol

ELETIVA – NÃO É SÓ FUTEBOL (PROFESSOR MARCOS E PROFESSOR MÁRCIO)

Objetivo:

É evidente que independentemente do gosto ou desejo de cada indivíduo, o futebol é muito mais que um esporte na sociedade brasileira. É necessário entender o quanto o mesmo está profundamente relacionado com momentos importantíssimos na formação da identidade nacional, seja para servir como distrator popular, seja para ser ferramenta de resistência do povo contra a opressão que vive. De qualquer modo que se tente entender o que significa ser brasileiro, fazer isso sem incluir o futebol não é apenas difícil, mas um erro.

O objetivo da disciplina é que os estudantes analisem o processo de desenvolvimento da sociedade brasileira junto com o da cultura e da identidade nacional através do futebol. Para tanto buscamos recortar eventos e situações marcantes da história desse esporte em nosso país ao longo do século XX.

Conteúdo:

Dividimos o conteúdo trabalhado em algumas temáticas ao longo do semestre:

- 1° tema (2 aulas): A entrada das camadas populares no esporte da elite carioca e a fundação dos clubes populares:

Com esse tema, buscamos analisar o processo que se desenvolveu no início do século XX no eixo Rio – São Paulo, quando o futebol, até então esporte da elite, começa a ser tomado por grupos marginalizados, como os negros e os imigrantes europeus.

- 2° tema (2 aulas): Futebol e o racismo histórico:

Ainda como consequência de sua origem elitista, grande parte dos clubes maiores no início do século recusavam-se a contratar jogadores negros, chegando ao absurdo de utilizar pó de arroz para clarear a pele de jogadores com pele escura (daí a origem do termo pó de arroz para torcedores de clubes como Fluminense). Busca-se entender como alguns clubes, como Vasco da Gama, rompem com essa regra contribuindo para uma popularização maior ainda do esporte.

- 3° tema (1 aulas): Futebol e guerra:

        Nosso país demora-se a decidir na Segunda Guerra Mundial, mas entra finalmente ao lado dos aliados. É interessante como o preconceito já existente em relação aos imigrantes italianos, principalmente no estado de São Paulo, ganha uma nova justificatíva para continuar existindo. Esse processo pode ser observado ao se analisar a exigência para mudança de nome de clubes como o então Palestra Itália.

- 4° tema (2 aulas): Noventa milhões em ação?

        Se por um lado é inegável a importância do futebol como elemento formador da cultura brasileira e até mesmo como ferramenta de resistência política, também não se pode negar que ao se tornar cada vez mais popular, o mesmo passa a ser uma forma interessante de controle político por parte do Estado. Tal situação fica evidente ao longo do Regime Militar, particularmente na Copa do Mundo de 1970, em pleno governo Médici e do seu slogan “Brasil, ame-o ou deixe-o”.

        A maneira como o regime se utiliza da espetacular campanha da possivelmente, maior seleção já existente na história, é importantíssima de se analisar. Inclusive as motivações que levam o então técnico João Saldanha, a ser sacado às vesperas da copa, mesmo com a formação de um time extremamente sólido.

- 5° tema (2 aulas): Democracia Corinthiana:

        No final da década de 1970 o regime militar começa a se enfraquecer, a partir das greves de 1977 e 1979 e posteriormente do movimento Diretas Já, até chegar ao seu fim em 1986. Nesse contexto, surgiu uma experiência única no futebol profissional brasileiro em que, inicialmente movidos por serem contra as famosas concentrações e também por quererem resposta sobre os problemas administrativos, um grupo de jogadores no Corinthians, liderados por Sócrates, mas com nomes como Casagrande e Vladimir, iniciam uma etapa que fica pra história do clube.

        Aqui tentamos entender como a experiência vivida no Parque São Jorge influenciou e foi influenciada pela consciência política das massas na época em questão.

- 6° tema (2 aulas): Futebol é coisa pra quem quiser:

        Todos os temas retratados até aqui, e a maior parte dos grandes acontecimentos futebolísticos durante a maior parte do século XX são quase totalmente restritas ao gênero masculino. É interessante observar como, a partir dos anos 90, o futebol feminino começa a se forjar no Brasil. Desde a trajetória do técnico René Simões no comando da seleção feminina, constatando a falta de elementos básicos para as jogadoras, passando pela ascenssão da jogadora Cici, e finalizando com Marta, a maior de todas as jogadoras de futebol que já existiu até o momento.