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A Função do monumento e como ele pode se constituir

Por:   •  24/8/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.030 Palavras (9 Páginas)  •  280 Visualizações

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Com suas palavras, explique qual é a função do monumento e como ele pode se constituir a partir da sua utilização para construções de ideologias nacionais.

 Sebastião refere-se ao monumento físico, onde temos em praças ou locais específicos ele quer saber porque eles são postos ali, qual sua função nas ideologias nacionais, como ajuda a população a entender a história.

Qual a função dos monumentos e como ele pode se constituir á partir de sua utilização para construções de ideologias nacionais

Existem muitos motivos para que se existam monumentos mas basicamente, eles tem a função de demonstrar, guardar e registrar as histórias e os legados antigos, ou para relembrá-las, afinal, muitas dessas obras são “memoriais” dessa forma, mesmo com o passar dos tempos vamos continuar a nos lembrar da história que existe em torno de determinado monumento.

Também possuem como função homenagear pessoas ou fatos da história. Estes monumentos podem ser bustos, estátuas, obeliscos, construções ou edifícios, castelos dentre outras formas artísticas de representação. Vamos citar os principais ou mais visitados monumentos pelo mundo: Cidade de Alhambra, Capelas, os Moais da Ilha de Páscoa, Muralha da China, Palácio de Petra, Pirâmides de Gizé, Stonehenge, Taj Mahal, Torre de Pisa e Torre Eiffel.

Vale a pena também valorizar uma visão diferente sobre monumentos que Eric Hobsbawn, um dos mais prestigiados historiadores definiu no caso de alguns monumentos. Ele os nomeou como “tradições inventadas”. Dentro desse contexto ele faz citação de relíquias, locais de peregrinação cívica, cerimônias, festas, mitologias nacionais, folclore, mártires, heróis e heroínas nacionais, soldados mortos em batalhas, um vasto conjunto de tradições foi inventado com o objetivo de criar e comunicar identidades nacionais.
“Também dentro desse contexto, o passado nacional é simbolicamente usado com o objetivo de fortalecer a identidade pessoal e coletiva presente. No entanto, ou através de uma relação presente e ativa de propriedade, ou através de uma relação baseada na memória, o que é importante assinalar é que, em ambos os casos do ponto de vista nativo, se estabelece uma relação metonímica entre proprietário e propriedade, e entre monumentos e passado. A propriedade é considerada parte do proprietário, e vice-versa”. (Eric Hobsbawn)

Os monumentos também objetivam o fortalecimento de identidades nacionais com a necessidade de serem criadas, ou ainda enfatizadas em razão das conquistas imperiais e políticas, podendo ser também portadoras de um sentido de identidade nacional. Esses monumentos celebram e glorificam o passado nacional e as histórias heróicas, que articulariam e legitimariam circunstâncias políticas do momento e aspirações futuras. A Rocha Sagrada da Acrópole Ateniense é um grande exemplo de associação entre produção simbólica e identidade nacional. Trata-se de um conjunto natural e socialmente construído, localizado no centro da capital grega, que se transformou no principal símbolo nacional e de referência cultural para todo o Ocidente.

No sopé da Acrópole localizam-se as ruínas da Ágora, disposta com uma belíssima paisagem e que fazem parte da história e da geografia da Grécia. Este conjunto é objeto de diversas interpretações, que se traduzem tanto pelo nome pelo qual o local é referenciado, como pelo tratamento paisagístico. A Acrópole representa o modelo republicano e a democracia em oposição à monarquia e absolutismo da Europa dos séculos XVIII e XIX. Suas formas arquitetônicas denotam uma imagem de “elevado padrão cultural e intelectual”, logo, se alguém ou algum governo quiser transparecer essa mesma imagem, irá sem dúvida construir um patrimônio com as mesmas características dessa bela obra arquitetônica Grega.

A verdade é que os monumentos são parte orgânica do passado e, na medida em que os possuímos ou os observamos, estabelecemos por seu intermédio uma relação de continuidade com esse passado.

(Texto de Sebastião Mandelli Dantas )

Os monumentos podem ser portadores de um sentido identitário nacional. Quatro exemplos evidenciam este sentido e, ao mesmo tempo, reforçam a existência de interpretações contrastantes a respeito deles. O primeiro exemplo refere-se à Itália, o segundo à Irlanda, o terceiro à Grécia e o quarto ao Usbequistão, envolvendo países em relação aos quais a unidade nacional ou independência foi constituída tardiamente, estando associada a inúmeras visões contrastantes e vários conflitos.

O monumento a Vittorio Emanuele II, o primeiro rei da Itália unificada, localizado em Roma e inaugurado em 1911, cinqüenta anos após a unificação italiana, constitui-se em magnífico exemplo de associação entre produção simbólica e identidade nacional, como apontam Atkinson e Cosgrove (1998). Trata-se de um monumento cívico, cuja construção não foi objeto de intensos debates como os que caracterizaram a construção da Basílica Sacré Coeur de Montmartre. O monumento em questão foi o cenário de manifestações fascistas na década de 1930.

Grandioso, com três níveis, o monumento em estilo neo-clássico “desenvolve uma narrativa heróica da história italiana “(Atkinson e Cosgrove, 1998, pp. 33). Além da estátua equestre do rei estão representados, em forma de alegorias, o passado imperial, a unificação italiana, o caráter secular do Estado italiano, em oposição à presença próxima do Vaticano, os soldados italianos mortos em diversas guerras, e as cidades e regiões italianas. Considerado simbolicamente como o “altar da nação”, o monumento constitui-se em exemplo de retórica, isto é, “técnicas de argumentação visando convencer e persuadir no espaço público urbano [...] fortemente aliadas à arte da memória (Atkinson e Cosgrove, 1998, pp. 31).

A localização do monumento a Vittorio Emanuele II está impregnada de significados simbólicos. Localizado à Piazza Venezia, está no centro simbólico de Roma, “na junção entre a zona arqueológica do Fórum Romano, a cidade medieval e barroca dos Papas” e a cidade do século XIX (Atkinson e Cosgrove, 1998, pp. 28). Mais significativa é a localização junto à encosta norte da colina do Capitólio, onde a cidade foi fundada, onde estão as ruínas do Fórum Romano, sede do Império e onde no século XIV uma efêmera República Romana resistiu à expansão do Vaticano. A colina do Capitólio tem o sentido de “sítio sagrado”, local de celebração do culto à comunidade”, um conjunto de valores que, admitidamente, impregna toda a nação italiana. A localização junto à colina do Capitólio tem o sentido de continuidade espaço-temporal da tradição romana imperial, a qual está presente na moderna Itália unificada.

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