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A História dos Homens Historicismo e Nacionalismo

Por:   •  29/1/2016  •  Resenha  •  1.436 Palavras (6 Páginas)  •  828 Visualizações

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Fichamento - Contemporanea 1

Lorrane Fernandes Medeiros

Josep Fontana, A história dos homens, cap. 8: Historicismo e Nacionalismo

“A Alemanha do início do século XIX tinha dois problemas fundamentais que influenciaram decisivamente na orientação assumida por seus historiadores: o desejo de realizara unificação política a partir do mosaico das diversas unidades que compunham e o de empreender o caminho da modernização sem correr riscos revolucionários”. (p. 221)

“[...] A ameaça revolucionária ensinou aos políticos prussianos que era melhor antecipar-se, e ceder alguma coisa de antemão – fazer uma limitada “revolução pelo alto” – do que arriscar perder tudo. A derrota de Napoleão conduziu ao inicio efetivo das reformas que levaram à abolição formal do feudalismo por obra de homens como Stein ou Hardenberg, convencidos da necessidade de “introduzir os princípios democráticos no estado monárquico.” (p. 222)

“Os dirigentes da sociedade perceberam, desde o início, a necessidade de fechar as portas às ideias subversivas e de ajudar a criar um consenso social baseado na luta nacionalista.” (p. 223)

“O homem comumente considerado fundador do historicismo e que, de fato, seria o divulgador dos novos métodos “científicos” da história, é Leopold Von Ranke (1795-1886). [...] O jovem historiador, fazendo um exercício de modéstia, dizia que, ainda que a história tenha “a missão de julgar o passado e de instruir o presente em beneficio do futuro”, o livro não tinha esta pretensão, contentando-se em “mostrar as coisas tal e como se passaram”. A frase foi tirada do contexto injustificadamente e interpretada como uma declaração metodológica, sendo, desde então, repetida com entusiasmo pelos exércitos de historiadores acadêmicos que, acreditaram que ela legitimava a incapacidade, moral ou intelectual, deles pensarem por conta própria. O engano chegou ao extremo de apresentar como um dos grandes méritos de Ranke, como diz Gooch, o ter “separado o estudo do passado, tanto quanto possível, das paixões do presente para escrever as coisas tal como foram”. Deixando de lado que o próprio Ranke repetiu uma ou outra vez que a missão da história “não consiste tanto em reunir e buscar fatos como em entendê-los e explicá-los”, sua biografia e sua obra desmentem o mito do “wie ES eigentlich gewesen”.” (p.226)

“Ranke não foi precisamente um homem que permaneceria à margem da política. [...] graças a uma vida dedicada a combater a revolução, a prevenir a sociedade contra os males que a Ilustração desencadeara e a sustentar que a finalidade suprema da história era “a de abrir o caminho para uma política sadia e acertada, dissipando as sombras e os enganos que, nos tempos em que vivemos, obscurecem e fascinam as mentes dos melhores homens”.” (p. 226)

“Sua visão da história tinha um fundamento teológico, onde Deus era o primeiro motor que articula as peças de uma sociedade dispersa em indivíduos e de um universo fragmentado em povos, assumindo a função que o progresso exercera para os ilustrados.” (p. 227)

“Ranke falou sempre com reverencia do poder e com respeito dos dirigentes, atribuindo os motivos mais elevados a seus atos. [...] “Ranke explicou a revogação do Édito de Nantes; seus sucessores explicaram as câmeras de gás”.” (p. 228)

“Os discípulos de Ranke envolveram-se na política de maneira ainda mais explícita que ele, comprometendo-se num e noutro campo. [...] A finalidade das nações-estado era a guerra: “A guerra não é só uma necessidade prática: é também uma necessidade teórica, uma exigência da lógica. O conceito de estado implica o conceito de guerra, já que a essência do estado é a potencia. O estado é o povo organizado em potência soberana”.” (p. 229)

“Droysen colocava-se contra o positivismo que pretendia buscar causas “cientificas” dos fatos e leis “naturais” da história, antecipando, até certo ponto, as posturas de Dilthey.” (p. 229)

“Burckhardt escreveu um tipo de história diferente, onde o grande protagonista já não era o estado, mas ele compartilhava o papel central com a religião e, principalmente, com a agricultura; uma cultura definida como “o conjunto dos desenvolvimentos espirituais que se produzem espontaneamente e que não reivindicam uma validade coercitiva universal”, sendo um elemnto de critica do estado e da religião.” (p. 230)

“Quem melhor pode ser considerado como discípulo de Ranke, no que se refere a oferecer um apoio incondicional ao poder, é Henrich Von Treitschke (1834-1896), que Gooch apresenta como “o mais jovem, o maior e o ultimo dos membros da escola prussiana”.” (p. 231).

“Paradoxalmente, estes homens, que se negavam a aceitar a existência de leis históricas gerais acima das realidades nacionais, seriam os criadores de métodos de pesquisa que se difundiriam universalmente até serem admitidos como norma científica da profissão e que seriam considerados, sem fundamento algum, como equivalentes, no campo da história, aos métodos de investigação das ciências da natureza.” (p.231).

“O “método científico” difundido pelos seminários universitários alemães foi assimilado pelos historiadores de outros países que, também, concordavam com os colegas prussianos na preocupação em consolidar o consenso social em torno de liberdades que não implicassem a conquista da democracia, contra o que acreditavam as massas populares quando deram apoio às revoluções liberais.” (p. 232).

“Os historiadores liberais do século XIX defendiam uma ideia de organização do estado que negava o direito de participação na política ao conjunto da população.” (p. 232).

“O primeiro dos historiadores britânicos desde Gibbon foi Thomas Babbington Macaulay (1800-1859) que, mesmo estando mais próximo dos historiadores escoceses do século XVIII do que dos prussianos do XIX, soube, como estes últimos, ajudar a reforçar o consenso social em tempos difíceis.” (p. 233).

“Desaparecido o perigo de uma revolução com o fracasso do cartismo, o combate ideológico parece perder força na Grã-Bretanha. Entre Macaulay e Lorde Acton (1834-1902), que já é um representante da “ciência histórica” à maneira da Alemanha, o otimismo whig evaporou-se e não fica mais que o vazio que será característico da historiografia acadêmica britânica de princípios do século XX”. (p. 234).

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