A Introdução ao Estudo da História

UNEB

Departamento de Ciências Humanas – Campus I

Curso: Licenciatura em História

Componente Curricular: Introdução ao Estudo da História

Docente: Charles D’Almeida Santana

Discente: Bruna Silva Pereira

RESENHA

Título: Os Narradores de Javé. Produção: Vania Catani, André Montenegro. Direção: Eliane Caffé. País de Origem: Brasil, 2004. DVD (100min).

Os Narradores de Javé é um filme dramático, dirigido por Eliane Caffé, que aborda conceitos de extrema importância para a Historiografia, de forma leve e descontraída, relatando a mobilização dos moradores do Vale do Javé para salvar a cidade de ser alagada pela construção de uma usina, através da transformação da cidade em um patrimônio de valor histórico e, para isto, necessitam escrever as histórias oralmente perpetuadas dos habitantes da região.

Como a grande parte dos moradores da cidade são analfabetos, eles precisam recorrer para ao ex-carteiro da cidade, Antônio Biá (que tinha sido expulso da cidade por inventar calúnias dos habitantes para manter seu emprego) para transcrever os relatos orais sobre a origem da cidade, com grandes personagens e muitas aventuras, passadas de geração em geração. Porém, apesar de todo o talento de Biá na escrita, ele vai demonstrando dificuldade em escrever a história, já que, os relatos são muito diferentes um do outro. Dessa forma, a cidade acaba não ganhando um relato oficial.

Nesse contexto, logo no começo do filme, os primeiros conceitos são introduzidos na fala de Zaqueu: “Só tem validade esse trabalho se for científico [...] não pode ser essas pataquadas que vocês contam”. Esse trecho pode ser relacionado com a importância da história científica para a formação da memória e da identidade de um grupo (nesse caso, os moradores de Javé), por ser uma fonte confiável1 e, para isso, é essencial a crítica e a atenção do historiador com os seus testemunhos2, o que é demonstrado através da resistência de Biá em escrever a história oficial de Javé.

Além disso, a multiplicidade de discursos que podem ser percebidos entre os moradores, como a morte do fundador da cidade, Indalécio, e a participação ou não de Mariadina, relaciona-se a subjetividade do discurso histórico, que são resultados de diferentes interpretações sobre o mesmo fato, levando em consideração, também, os interesses de classe do sujeito3 que, no caso dos cidadãos de Javé, o proveito seria ter sua linhagem na história de origem da cidade.

O filme ressalta a importância das fontes orais (que foram valorizadas após o surgimento da Escola dos Annales) para a recuperação da “história dos excluídos”, que tem um importante papel na construção da identidade. Como a história do Vale do Javé chegaria a roda de conversa (do começo do filme) sem os relatos orais? Por isso, sair dos antigos paradigmas de escrever apenas sobre os grandes heróis e dar credibilidade aos documentos escritos, como era feito pelos positivistas, é de extrema importância para construir uma história plural. Por fim, a cidade é inundada em prol do progresso, fazendo com que toda uma tradição