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A Primeira Grande Guerra

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Por:   •  25/2/2014  •  6.870 Palavras (28 Páginas)  •  418 Visualizações

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A Primeira Guerra Mundial envolveu vários países, mas representou, principalmente, o confronto entre quatro potências: França, Inglaterra, Rússia, por um lado, e a Alemanha, do outro. Para compreender as razões da eclosão deste primeiro conflito mundial é preciso ter em mente que ele foi uma guerra imperialista, onde as rivalidades políticas expressavam a competição econômica das potências em conflito.

As principais nações envolvidas eram diferentes entre si, mas, apesar disso, as transformações ocorridas na Europa durante a segunda metade de século 18 e por todo o século 19, caracterizadas pelo aparecimento do capitalismo industrial, só podem ser entendidas em seu conjunto. As diferenças entre países refletiam os problemas criados pela industrialização e a conseqüente competição por mercados e capitais. Em suma, o desenvolvimento do capitalismo empurrou o mundo inevitavelmente em direção a uma rivalidade entre os Estados, à expansão imperialista, ao conflito e à guerra (Hobsbawm, 1995, p. 437).

Comecemos pela Inglaterra, a primeira nação industrial do mundo de então. Em fins do século 18, a Inglaterra tinha dado início à Revolução Industrial. Através da utilização da máquina a vapor e da indústria têxtil, os ingleses iniciaram um processo de modificação das formas de produzir que alteraria a sociedade em todos os seus aspectos. Além disso, o processo de fechamento dos campos havia liberado grande parte da população camponesa, que, expulsa do campo, foi para a cidade em busca de emprego, A aceleração do crescimento econômico inglês se beneficiava da existência de um amplo e consolidado mercado interno. Além disso, havia um importante comércio ultramarino, sendo a Inglaterra considerada como "a senhora dos mares".

No entanto, na primeira década do século 20, aquele país "pagava o preço" por seu pioneirismo. O surgimento de outros países industriais colocou um limite à expansão da indústria britânica. A experiência inglesa servia como modelo para os novos países industriais. Isso não quer dizer que eles imitavam passo a passo o que havia ocorrido com a Inglaterra. Isso, sabemos, era impossível. Eles não precisavam passar por todos os estágios, podiam "queimar etapas", pois, à luz da realidade britânica, acumulavam um maior conhecimento acerca do processo industrial. Assim, ameaçada pelo crescimento econômico das outras potências, a Inglaterra tinha naquela época equipamentos e tecnologias obsoletos em comparação, principalmente, com a forte indústria alemã.

Vejamos então a experiência alemã. Em menos de uma geração, a Alemanha transformou se de um conjunto de estados economicamente atrasados num país unificado e forte. Impulsionada pela indústria pesada, com uma base tecnológica muito avançada, a Alemanha adquiriu o status de potência em poucos anos. Sem romper as estruturas políticas mais arcaicas da sociedade, o Estado alemão apoiava se no poder dos grandes proprietários de terra e impulsionava sua industrialização, que tinha como característica uma forte associação entre a indústria e os bancos. O estímulo à construção de estradas de ferro ajudou a consolidar o mercado interno, ao mesmo tempo que fortaleceu sua industrialização.

O processo de industrialização alemão foi resultado de um planejamento cuidadoso. Para responder à forte concorrência britânica, o Estado alemão estimulou a formação de cartéis, favorecendo a generalização de grandes conglomerados industriais capazes de concorrer nos mercados nacional e internacional. Além disso, desde cedo, o Estado percebeu que sua desvantagem econômica poderia ser superada através da educação. Assim, ao patrocinar e estimular um sistema de educação técnica e científica direcionada à industrialização avançada, o Estado formou em poucos anos uma nova geração de homens científica e tecnicamente qualificados, "preparados para acabar rapidamente com a inferioridade alemã na indústria e para assegurar o primeiro lugar à Alemanha nas indústrias dependentes da ciência, que se estavam a tornar cada vez mais importantes".

A França era a outra potência. Sua industrialização havia seguido um curso diverso do da Inglaterra, e possuía características surpreendentes. No início do século 19, a França tinha uma economia ainda dominada pelo setor agrário. A maior parte da população francesa vivia no campo. Neste sentido, o mercado interno era pouco desenvolvido, pois os camponeses só esporadicamente compravam algum produto industrial. As poucas industrias existentes atendiam a uma pequena parcela da população que vivia nas cidades. Além disso, a concorrência dos produtos ingleses desestimulava os investimentos que pretendessem rivalizar com eles.

Assim, ao contrário das indústrias têxteis inglesas, os franceses, desde o início, concentraram suas indústrias nos produtos de qualidade, aproveitando o fato de que a cultura francesa era, àquela época, sinônimo de beleza e bom gosto. Com o auxílio do Estado e com o apoio do capital inglês, foram construídas estradas de ferro que permitiram a consolidação do mercado nacional, encorajando o investimento na indústria em larga escala e a sua concentração em locais mais favoráveis. Apesar dos avanços porém, a França era ainda um país atrasado, se comparado à Inglaterra; particularmente, à Alemanha. Para alguns autores, a razão desse atraso em vez fosse decorrência do fato de que a industrialização francesa tenha só um fator de menor ruptura social, na medida em que preservou, por exemplo, a sociedade camponesa.

A quarta e última potência era a Rússia. Sua força não estava na industria. De cerra forma, ela era um "gigante com pés de barro". Havia de ser um setor industrial eficiente e tecnologicamente avançado, mas este setor uma ilha num país de camponeses, pois cerca de 79% da população r eram ainda compostos de pessoas que viviam no campo. Portanto, um de imensos contrastes, onde o que havia então de mais moderno em ter industriais convivia com sociedades agrárias miseráveis. Se podemos falar que havia um processo industrial em curso na Rússia, não podemos nos esquecer de que tal industrialização era dependente de capital estrangeiro vésperas da Primeira Guerra Mundial, o capital internacional controla cerca de 72% dos investimentos diretos no setor metaI/mecânico e investe fortemente na indústria têxtil, até então reservada ao investimento de capitalistas russos.

A Rússia era, em suma, uma potência em número de habitantes. O populoso dos países europeus era dominado por um Estado militarizado e autoritário, que procurava atuar como intermediário entre o capital internacional e a indústria. Cabia a esse Estado a responsabilidade de assegurar a ordem e a paz social,

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