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A Prova Contemporânea

Por:   •  16/8/2021  •  Exam  •  3.542 Palavras (15 Páginas)  •  92 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

DISCIPLINA: HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA II

PROFESSORA: DENISE ROLLEMBERG

ALUNO: AUGUSTO LEANDRO ROCHA DA SILVEIRA

PROVA

1ª QUESTÃO

a) Em sua obra intitulada A Força da Tradição, Arno J. Mayer, logo na introdução cita algumas premissas que defende no decorrer da obra como causa do que ele próprio chama de "mar de problemas" a que estava exposta a Europa, sendo a primeira premissa a de que a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) estava "umbilicalmente" conectada à Primeira Guerra Mundial (1914-1918), e que tais conflitos armados constituíram a "Guerra dos Trinta Anos da crise geral do século XX."[1] Como segunda premissa, o autor destaca que a Grande Guerra de 1914 foi fruto de uma remobilização contemporânea dos antigos regimes europeus, sendo este conflito bélico a encarnação da decadência de uma antiga ordem em desesperada luta para se perpetuar, do que efetivamente o crescimento do chamado capitalismo industrial. Isto posto, as chamadas forças de permanência, após os anos de 1918-19, sobreviveram e foram capazes de exacerbar a crise na Europa, trazendo à tona o fascismo e um novo conflito bélico de grandes proporções a partir de 1939. Como terceira e última premissa, o autor afirma que a antiga ordem europeia sempre foi pré-industrial e pré-burguesa, porém, os pesquisadores se ativeram especialmente às forças inovadoras e um novo status quo da sociedade, seja através de tecnologia, da burguesia, do capitalismo industrial, modernismo cultural, colocando de lado as forças de inércia e de resistência, que por óbvio, adiaram o declínio daquela antiga ordem em vigor.

É certo que ao subestimarem essas velhas forças e seu embate com a modernização capitalista, o resultado evidentemente foi uma visão totalmente distanciada da realidade do século XIX e do início do século XX. Portanto, os elementos “pré-modernos” não seriam frutos de uma árvore viva e frágil de um passado em vias de extinção, ao contrário, eram a própria essência das sociedades civis e políticas europeias; bem como, os velhos regimes eram constituídos de sistemas sociais, econômicos e culturais coerentes e plenos, dispostos a uma excelente maleabilidade. A sociedade civil era pois, formada por uma economia camponesa e uma sociedade rural nas mãos de nobrezas hereditárias e dotada de grandes privilégios; a própria sociedade política defendia essa sociedade agrária, bem como, a Igreja, munida de autoridade no antigo regime, relacionada diretamente com a coroa e a nobreza, tendo na terra sua principal fonte de renda, estando o regime marcado pela herança do feudalismo. Desta forma, nem a Inglaterra nem a França haviam se tornado sociedades civis e políticas industrial-capitalista e burguesas em 1914, ao contrário, todas viviam como nos antigos regimes, com as suas elites agrárias, da agricultura, ou as duas.  Tendo como resultado que entre os anos de 1905 e 1914 essas antigas elites reafirmaram e fortificaram sua influência política, com o objetivo de defender seu predomínio financeiro, social e cultural, aumentando os atritos a partir de tensões nacionais e internacionais que culminaram na Grande Guerra.

b) Ian Kershaw, inicia a introdução de seu livro De Volta para o Inferno: Europa, 1914-1949, com uma triste constatação, a de que o século XX para a Europa foi um período de conflitos armados (duas guerras mundiais, acompanhadas de quarenta anos de Guerra Fria). O continente que se orgulhava de estar no ápice do desenvolvimento societário desde o fim das guerras napoleônicas em 1815, foi lançada ao fundo do poço da guerra entre os anos de 1914 e 1945. O autor analisa os quatro componentes principais de uma crise generalizada neste período, a saber: (1) uma ascensão de um nacionalismo etnorracista; (2) pleitos vorazes e não conciliáveis de um revisionismo nos territórios; (3) um grave conflito de classes, marcado na Revolução Bolchevique na Rússia; e por fim, (4) uma fortíssima crise no sistema capitalista, considerados por muitos analistas, em vias de seu último suspiro.

Com o desmoronamento dos impérios Austro-Húngaro e Otomano, ao final da Primeira Guerra Mundial, e as extensas e violentíssimas revoltas oriundas da guerra civil que deram lugar no pós Revolução Russa (1917) geraram um nacionalismo exacerbado, delimitando através de aspectos éticos a identidade nacional. Além, evidentemente de que os países ganhadores e os neutros da Primeira Guerra Mundial estavam na Europa Ocidental, e ao sul e a leste, com os finados impérios Austro-Húngaro, Russo e Otomano, novos Estados-nações surgiram; e, com a ascensão de nacionalismos radicais, conflitos étnicos, essas regiões deram lugar aos maiores morticínios da Segunda Grande Guerra.

O Tratado de Versalhes, asseverou sentimentos nacionalistas e fascistas, a partir de um sentimento de injustiça, sendo a crise de 1930 um catalisador do antagonismo de classes em toda a Europa, além, evidentemente daquele surgido com a Revolução Russa e a criação da União Soviética. E ainda, fruto da mescla de nacionalista exacerbado e ódio ao bolchevismo fortificou e estimulou o aparecimento de movimentos de massa de direita, que chegaram ao poder inicialmente na Itália e depois na Alemanha. Outro componente foi a crise do capitalismo entreguerras, com a crise econômica das principais potências europeias (Inglaterra, França e Alemanha) e a escusa dos EUA na reconstrução da Europa, trariam consequências atrozes. A Segunda Guerra Mundial trouxe uma devastação inédita e seus efeitos seriam sentidos pelo restante do século e além dele. A Alemanha havia sido derrotada, tornando-se as fronteiras fixas, e surgiam os EUA como superpotência em plena prosperidade econômica, bem como a União Soviética, dividas pela Cortina de Ferro, definindo a reconstrução de novos Estados segundo sua própria imagem.

c) Tony Judt, parte da importância da história recente em uma era do esquecimento, na medida em que possuímos uma dificuldade em compreender o século XX para com isso aprendermos com ele. Fruto de nosso "maniqueísmo ocidental", ignoramos a bagagem econômica, intelectual e institucional do século XX, nos atendo a ideia de que o passado nos serve para não repeti-lo no futuro nos traz diversos problemas. Poderíamos ter aprendido muito mais com o passado, sob o argumento falho de que o nosso mundo é novo. Isso também aconteceu com o fim do século XIX, para o novo século XX, ainda que os contemporâneos tenham lamentado a perda do mundo anterior a Revolução Francesa ou o status cultural e político da Europa antes de 1914, sem contudo o esquecerem. Há hoje um excesso de documentação do século passado, seja nos museus, seja em inscrições, sítios comemorativos, e parques temáticos históricos que visam remeter ao passado. Contudo, há uma intenção seletiva predominante no século XX, seja homenageando feitos e homens famosos, seja na recordação de determinados sofrimentos escolhidos.  Conforme afirma o autor: "O século XX está, portanto, no caminho de se tornar um palácio memorial moral: uma Câmara dos Horrores Históricos pedagogicamente aproveitável (...)", se referindo a Pearl Harbor, Auschwitz, Gulag, Armênia, etc.

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