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A Relação Entre Os Escravos E O Senhor Feudal

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Por:   •  10/12/2013  •  5.282 Palavras (22 Páginas)  •  1.303 Visualizações

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a relação entre os escravos e o senhor feudal

3. A CULTURA NEGRA NO BRASIL

3.1 Retrospectiva histórica da escravidão no Brasil

Trezentos anos de escravidão africana no Brasil representada pelo cruel regime social de sujeição do negro e utilização de sua força, explorada para fins econômicos, como propriedade privada do homem branco, criaram problemas bem mais graves e profundos do que geralmente se imagina.

Se impactou a comunidade negra, impondo-lhe índices de desenvolvimento humano mais baixos do país, afetou também o etos da população branca,- “Aquilo que é característico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indivíduos de um povo, grupo ou comunidade, e que marca suas realizações ou manifestações culturais”- Aurélio, com sutis sentimentos contra os afro-descedentes. A discriminação ao negro no Brasil se dá com o encobrimento com subterfúgios como se percebe nas análises de dados socioeconômicos.

Embora esteja provada e comprovada a enorme desigualdade pelos índices socioeconômicos oficiais entre brancos e negros, ela continua ser olimpicamente ignorada pela cultura “branca”. Por significativo exemplo, quando se trata da “dívida social” ela é generalizada para todos os segmentos da população do país, esquecendo-se de seu principal credor, a população negra. Pior, qualquer movimento que vise liquidar esse injusto contraste social é logo tachado de discriminar os brancos... A história nos revela claramente qual é o segmento dos injustiçados e dos desprezados do nosso país, com quem, afinal, toda a população contraiu a sua “dívida social”.

A corrente negra iniciada em 1559, incrementada a partir do fim do século XVII, só se deteria quase 300 anos depois, em 1850, quando foi cortada pela pressão inglesa Escravatura lícita, sem demônios, era de origem africana, ao contrário do caso do índio, em favor do qual havia uma série de escrúpulos por parte de padres e das autoridades coloniais, o que permitiu um intenso tráfico negreiro inteiramente livre para o Brasil, transformando a escravatura um grande negócio no país.

Ainda no século XVI foi implantada a exploração de cana-de-açúcar, que obtivera grande sucesso nas colônias ultramarinas de Portugal no norte da África. O escravo índio, embora mais barato, cede lugar à mão-de-obra negra, que invade os engenhos e lavoura de alto rendimento. Os escravos negros tornaram-se “os pés e as mãos” do senhor do engenho. Problema em aberto é da estimativa de quantos negros entraram na vigência desse tráfico, mas a maioria dos historiadores a terem somado cerca de 4 milhões de seres humanos.

O ciclo do açúcar começa nessa época e dura cerca de 150 anos, vindo a declinar a partir do século XVIII. Apenas cinqüenta e nove anos da descoberta, o desenvolvimento do ciclo da cana já exigia a importação do escravo negro, por que se ajustava à agricultura e ao regime de trabalho sem os intransponíveis obstáculos do escravo índio, cuja cultura se contrapunha ao esforço contínuo exigido na produção do açúcar.

Ao ciclo do açúcar, seguiu-se o ciclo do ouro, o oficialmente datado entre 1660 e 1789, mas que se iniciou efetivamente com a corrida do ouro no inicio dos anos 1700, com a vinda às Minas Gerais nativos da Bahia, Rio de Janeiro. A vida urbana mais intensa viabilizou também, melhores oportunidades no mercado interno e uma sociedade mais flexível, principalmente se contrastada com o imobilismo da sociedade açucareira.

“Portanto, a camada socialmente dominante era mais heterogênea, representada pelos grandes proprietários de escravos, grandes comerciantes e burocratas” (Revista Espaço Acadêmico, nº50, Julho 2005, ISSN 1519.6186, ano V). A novidade foi o surgimento de um grupo intermediário, uma classe média incipiente, formado por pequenos comerciantes, intelectuais, artesãos e artistas que viviam nas cidades.

Para o cotidiano de trabalho dos escravos, a mineração foi um retrocesso, pois apesar de alguns terem conseguido a liberdade, a grande maioria passou a viver em condições bem piores do que no período anterior, escavando em verdadeiros buracos onde até a respiração era dificultada. Trabalhavam também na água ou atolados no barro no interior das minas. Essas condições desumanas resultam na organização de novos quilombos, como do rio das Mortes, em Minas Gerais, e o de Carlota, no Mato Grosso.

A exploração do ouro demandava a mão-de-obra africana, não só para a exploração direta dos veio auríferos para o branco, como pela contribuição de algumas técnicas de extração aplicadas nas minas em África, fato esquecido pelos nossos historiadores.

Dizem as histórias que o escravo Galanga foi rei do Congo e chegou ao Brasil batizado de Francisco (Chico). Acumulou dinheiro, minerando por conta própria e comprou sua alforria e a de seu filho. Depois de livre, comprou a mina da Encardideira — uma área de 80 m2 que ainda pode ser visitada — e, com o ouro, libertou outros escravos. Mas situação como essa, favorável ao escravo era exceção.

a relação entre os escravos e o senhor feudalNas fazendas de café do sudeste brasileiro, os escravos trabalhavam de quinze a dezoito horas diárias sob as vistas do feitor.

Logo ao amanhecer apresentavam-se em fila para receber as tarefas do dia. Os carros de boi os levavam para as plantações mais distantes. Assim como os escravos dos engenhos, embalavam o ritmo do trabalho nos cafezais com cantigas. Às nove ou dez horas os cativos paravam para as refeições, que geralmente consistia de feijão, angu, farinha de mandioca e algum pedaço de carne seca ou charque. Às quatro horas da tarde paravam novamente para mais uma refeição e voltavam a trabalhar até o pôr-do-sol, quando retornavam à sede da fazenda. Mas o trabalho não cessava ainda.

Era preciso preparar a farinha de mandioca, o fubá que deveriam comer no dia seguinte. Por volta das dez horas os cativos finalmente recolhiam-se às senzalas.

Nas regiões de mineração a escravidão constituía a principal forma de organização do trabalho. Em meados do século XVIII, no auge da exploração aurífera, os escravos representavam cerca de 30 por cento da população das Minas Gerais. Tanto ali como nas áreas de mineração do Mato Grosso e de Goiás, o escravo estava ligado às tarefas contínuas de construção de açudes, tanques e represas de córregos para facilitar a exploração do ouro.

Nessas regiões os senhores possuíam dez ou vinte escravos empregados na garimpagem dos rios. Mas na década de 1860, uma mineradora inglesa, a Companhia de Mineração de São João Del Rei, chegou a empregar 1.700

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