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Arquivos e Coleções: A Fotografia nos Arquivos, Produção e Sentido de Documentos Visuais

Por:   •  10/9/2018  •  Resenha  •  3.460 Palavras (14 Páginas)  •  190 Visualizações

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LACERDA, Aline Lopes de. Arquivos e Coleções: A Fotografia nos Arquivos, produção e sentido de documentos visuais. In: MAGALHÃES, Aline Montenegro; BEZERRA, Rafael Zamorano (Orgs) Coleções e Colecionadores: a polissemia das práticas. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2012.

Nesse artigo, Aline Lacerda problematiza a análise meramente factual da fotografia, discute sobre o armazenamento de documentos visuais nos arquivos e utiliza e defende a diplomática como uma abordagem interessante na análise dos mesmos.

O artigo inicia-se com a autora afirmando que o objetivo do mesmo é discutir o valor das fotografias como documentos de arquivo. Segundo a autora, a fotografia está presente e forma sistemática nos arquivos, mas que essa presença não significou um desenvolvimento de estudos mais aprofundados sobre o valor da mesma como documento. Lacerda afirma que os documentos fotográficos tem sido pouco problematizados pelos pelos profissionais que fazem seu tratamento arquivístico.

A autora afirma que uma das principais dificuldades encontradas é a questão de que as imagens são dotadas de materialidade e de recursos diferentes dos documentos que são calcados na forma verbal, o que traz dificuldades na hora de aplicar uma metodologia arquivística gerada em função da realidade documental encontrada durante os muitos anos de existência dessas instituições. Além dessa diferença de linguagem entre os documentos, existe a falta de vinculação entre os documentos visuais e as técnicas e procedimentos administrativos acabou aprofundando a lacuna entre esses documentos e os textuais.

Além disso, a forma que os registros visuais são produzidos ou acumulados nos arquivos envolve procedimentos diferentes em relação aos documentos escritos. Já que não pertencem a categoria de documentos que representam ações com valor jurídico ou legal, não havia forma de classificar esses documentos de acordo com uma natureza oficial. Os documentos visuais podem ingressar diversas espécies ou tipos documentais e até mesmo ser utilizados separadamente. Esses documentos podem ser reproduzidos em cópias para outros usos que não o original ou podem ser arquivados sob lógica específica. É necessário que se fala uma investigação sobre as razões da gênese do documento, lançar luz em relação as razões e os sentidos do registro.

Lacerda afirma que a falta de investimento de reflexão no campo da teoria e da metodologia arquivística voltado para as fotografias tem como resultado o tratamento dos materiais fotográficos com base em regras e métodos de disciplina como a biblioteconomia e a história. Segundo a autora, as fotografias tem sido organizadas de acordo com o valor informativo do conteúdo em detrimento do seu valor de prova e do registro da ação documental que as originou. O fato de em muitos casos as fotografias serem consideradas peças únicas mesmo quando pertencem a conjuntos documentais amplos é um descompasso com os fundamentos arquivísticos, visto que deveria haver uma manutenção dos vínculos documentais.

Segundo Aline, qualquer imagem pode ser considerada um documento e que relacionar as imagens ao seu universo gerador devia ser uma atribuição dos arquivos, que deveria abordar d e forma menos naturalizada esses registros. Isso não é o que ocorre, visto que na maioria das vezes os materiais visuais são vistos como autorreferentes e não apresentam conexão clara com o restante do arquivo.

Estudos realizados recentemente abordam uma perspectiva teórica e metodológica de que a análise diplomática oferece como instrumento para se entender o estatuto de documento de registros do mundo contemporâneo, em que a materialidade do documento não está mais nos moldes tradicionais A diplomática foi atualizada como quadro conceitual válio para lidar com os novos documentos que foram surgindo junto com a contemporaneidade, se mantendo como ferramenta teórica e metodológica aplicável aos documentos criados hoje pela administração pública e privada e pelos próprios indivíduos.

O ponto de partida da diplomática é o próprio documento e a partir da análise do mesmo, o objetivo é chegar ao conhecimento das regras, dos procedimentos e das pessoas que concorreram para a gênese do registro desse documentos. A crítica diplomática pretende conectar os documentos tradicionais ao seu contexto legal – administrativo. E embora tradicionalmente a diplomática e os trabalhos referentes a ela se concentrassem em documentos surgidos de uma atividade administrativa prática, a autora acredita que seja possível dialogar com esses fundamentos, o que contribuiria para uma reflexão sobre os registros que integram conjuntos documentais, já que pelos fundamentos, haveria a necessidade de conexão entre os documentos arquivísticos e o contexto de produção. Segundo a autora, o fato de na arquivística existir a valorização da diplomática coo quadro conceitual e metodológico que se volta para questionar as formas documentais e sua relação com a gênese documental com o objetivo de estabelecer a autenticidade e valor do mesmo, representa um grande avanço. Embora o método seja voltado para o estudo de documentos individuais, pode ser expandido para documentos seriais.

A autora recorre a Cook para afirmar a importância da análise documental individualizada mas desde que conectada as relações que ocorrem em nível supradocumental, já que os documentos não se apresentam de forma desconectada do conjunto. Recentemente, em consequência da ascensão dos documentos eletrônicos, novos estudos passaram a enforcar mais nos documentos visuais, procurando compreender esses registros nos arquivos, considerando os mesmos como peças integrantes do conjunto e que assim como os documentos textuais, apresentam vínculos em relação ao produtor.

Mesmo que no campo da arquivística existam poucos trabalhos voltados para a gestão de imagens, existe uma discussão crescente sobre a forma de tratamento das fotografias que leva em consideração a sua natureza documental, a presença das mesmas nas esferas de produção de registros dentro dos arquivos, a existência de elementos no próprio documento que podem corresponder a origem documental e a possibilidade de contextualização dos universos geradores desses documentos visuais. No meio deste debate existe a defesa de uma nova postura metodológica em relação a esses documentos visuais, uma postura que valoriza a contextualização nas etapas de identificação e classificação ao invés da supervalorizaçâo das informações contidas no documento, o que tradicionalmente ocorre.

A autora enfatiza que apesar da premissa de que os documentos estão conectados ao seu contexto de criação

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