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CONCEITO DE CULTURA NO TURISMO: CONTRIBUIÇÃO Antropológico

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Por:   •  17/10/2014  •  Resenha  •  4.474 Palavras (18 Páginas)  •  289 Visualizações

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O CONCEITO DE CULTURA NO TURISMO: O APORTE

ANTROPOLÓGICO.

Sati Albuquerque Ballabio

Universidade Estadual Paulista “Julho de Mesquita Filho”

Campus de Marília

Frente aos atuais debates entre os estudiosos ligados ao turismo e

antropólogos, o presente trabalho visa construir um diálogo entre estes dois campos

do saber, objetivando situar a antropologia e o conceito de cultura utilizados no

campo do turismo para argumentar a exploração comercial de acontecimentos ditos

culturais.

O turismo é um fenômeno crescente no Brasil e no mundo e coloca-se muitas

vezes como única oportunidade de desenvolvimento econômico de uma região pela

sua representatividade mercadológica. Esta atividade possui um vasto campo de

atuação e abrangência integrando de maneira direta e indireta diversos setores da

sociedade, o que a torna atrativa para população, governo e agentes capitalistas.

Podemos ressaltar como característica do turismo seu sentido de

“construção” (URRY,1996) e, neste sentido, destacamos a construção simbólica de

significados e necessidades a qual vai se ater este trabalho. Diversos são os apelos

e os veículos que dão cabo ao desenvolvimento desta “construção”. Como os meios

de comunicação que ajuda a erigir o turismo como uma necessidade humana,

transformando-o em válvula de escape da realidade e evocando a realidade

cotidiana como opressora e exigente, coloca o “sair do seu lugar comum”, a viagem,

como uma necessidade moderna indispensável ao indivíduo no mundo global

transformada em anestésico dos males da sociedade:

Trabalhamos, sobretudo para podermos sair de férias, e temos

necessidade de férias para poder retornar ao trabalho [...] O

turismo funciona como terapia da sociedade, como válvula de

escape que faz manter o funcionamento do mundo de todos os

dias (KRIPPENDORF, 2001, p.16).

Em um mundo altamente técnificado em que parece que a história/tempo se

coloca cada vez mais rapidamente, o fazer turismo abranda este processo de

desumanização da vida cotidiana. 2

A necessidade de significações simbólicas em que são destacadas

paisagens, culturas, gera uma busca de subterfúgios para atrair turista. Maria Tereza

Luchiari (2000, p.111) acredita que existe uma revalorização de certos aspectos

como a paisagem e cultura que acontece em função da contradição moderna da

vida fugaz e corrida do dia-a-dia. De acordo com a autora, “O olhar do turista

contemporâneo conduziu o imaginário coletivo a revalorizar a natureza, a cultura e

mesmo o simulacro que, queiramos ou não, é natureza e cultura construídas

socialmente”. Para Baudrillard (1991), tais simulacros são na verdade, criação do

“hiper-real” que seria gerado por modelos de um real que não tem origem na

realidade inicial. Ou ainda, como conceito de Marcel Mauss (2003): o concreto como

totalidade do concreto vivenciado. De acordo com Jameson (1996) o pastiche ou o

simulacro são características de uma forma pós-moderna do capitalismo tardio.

Trabalhamos então com o conceito de simulacro para representarmos em que

sentido entendemos o significado da “construção” no turismo, nos ateremos em uma

forma típica de exploração turística para dar cabo a esta discussão, o chamado

turismo cultural.

O turismo cultural, ou turismo étnico, ou turismo antropológico, entre outros

termos, vem sendo tido como um grande filão a ser explorado no Brasil.“O turismo

cultural é concebido como uma forma de turismo alternativo que se baseia no

consumo e comercialização de culturas. Elementos escolhidos de qualquer cultura

passam a ser produtos ofertados ao mercado turístico” (TALAVERA, 2003,p 34). A

viagem é movida por ditos interesses culturais, na qual os visitantes buscam ter

contatos com culturas e cotidianos culturais diferentes dos seus. A indústria do

turismo assimila este potencial e passa a estimular esta forma de lazer.

A exploração da cultura para fins comerciais é destacada pelo seu caráter de

lucratividade, como discutida por economistas que destacam a exploração cultural

como alternativa para o Mercosul “as atividades culturais incluem-se entre aquelas

cuja demanda apresenta uma elevada elasticidade-renda, sendo ao mesmo tempo

fortes criadoras de emprego e fracas consumidoras de divisas” (FURTADO, 2003 p.

12-3).

Assim, para a conquista de viajantes é necessário estimular ao turista de

maneira mais atrativa e sedutora possível uma vez que “a maneira pela qual o

produto é apresentado, ou a promessa é

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