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Convergências das Revoluções: Russia, Cuba, China

Por:   •  4/7/2018  •  Projeto de pesquisa  •  5.151 Palavras (21 Páginas)  •  144 Visualizações

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Parafraseando a devastadora frase que abre o romance Anna Karenina de Leon Tólstoi poderíamos dizer que toda revolução fracassada se parece, as vitoriosas vencem cada uma a seu modo, no entanto é possível, mesmo nas revoluções vitoriosas, apesar de suas naturais divergências, encontrar pontos comuns em suas origens? Michel Volvelle em sua análise da Revolução Francesa enumera causas estruturais para o início da Revolução. Muitas destas causas estão presentes em grande parte dos movimentos revolucionários que sacudiram o século XX. Neste Trabalho analisaremos as convergências causais entre a Revolução Russa que enterrou de vez o sistema czarista, a Revolução Chinesa que transformou a China de nação feudal e fragmentada por potências estrangeiras em uma república socialista e por fim a Revolução Cubana que libertou Cuba do Governo estrangeiro de Fulgencio Batista e a tornou a mais duradoura experiência comunista do Continente americano.

1. Revolução Russa

Assim como na Revolução Chinesa, as causas da Revolução russa devem ser mapeadas muito antes da explosão revolucionária em si. Um império de enorme proporções geográficas e demográficas cujo melhor termo de comparação para a sua enormidade seria o tamanho de seu atraso em relação à outras potências européias. A Rússia atravessou os séculos XVII e XVIII enfrentando pequenas revoluções, porém mantendo-se coesa por um sistema de governo autocrático, que alternava governantes da envergadura Pedro, o grande, e Catarina II com outros de ações medíocres que a poeira do tempo encobriu os nomes. Governada desde 1613 pelos Romanov, foi a força das tradições eslavas e o braços de ferro do poder czariano que conseguiu por mais de dois séculos manter unidas uma profusão de etnias que se estendia por um território que era quase um sexto das terras secas do planeta, que se estendia da Europa Oriental até os desertos da Ásia. Este império que ambíguo, que possuía uma burguesia que se ocidentalizou a partir do reinado de Pedro, o grande, e um povo predominantemente ignorante e submetido a servidão, que  só seria abolida em 1861.

Não seria difícil prever que tal equilíbrio precário de força cedo ou tarde desmoronaria. E os primeiras marretadas no combalido edifício do poder russo surgem ainda no século XIX quando a insatisfação do camponês que embora emancipado tinham que pagar tributo tão alto pela terra que cultivava que sua condição de livre era mero mecanismo retórico, especialmente se levarmos em conta que a terra cultivada também não pertencia ao camponês, mas a comuna coletiva da qual ele participava. Junto à insatisfação camponesa, convivia a decepção de uma ala burguesa progressista que era constantemente frustrada em suas expectativas do Czar coroar suas reformas com uma constituição. Diante deste quadro não foi difícil a ascensão de movimentos revolucionários de caráter populista, que visava a substituição da autoridade czarista por uma sociedade agrário-socialista, evitando assim um processo de ocidentalização capitalista, o que segundo os lideres destes movimentos, como Herzen e Tchernitchevski, representaria a ruína da tradição eslava. No cerne desses movimentos surgiram ideias que iam desde ao embrião de uma revolução radical, seguida por uma ditadura no estilo “jacobino”, até a possibilidade de manutenção do Czar numa espécie de czarismo parlamentar. Naturalmente os radicais tomaram a dianteira das ações. Supondo que a causa da miséria do povo fosse o governo autocrático Dmitry Karazov atenta contra a vida do Czar em 1866. Com seu atentado frustrado acaba preso enforcado. O caso do atentado contra o Czar mostra o nível de radicalismo, cuja explosão iminente foi violentamente adiada pelo Czar no período do “terror branco”.

Havia nas pretensões revolucionárias russas uma clara contradição e que possivelmente deu sobrevida ao regime czarista naquele final de século XIX. Por um lado havia uma inteligentsia que queria fazer uma revolução para o povo, em especial para o campesinato, do outro havia um campesinato embrutecido, religioso e que tinha na figura do Czar uma autoridade divina. Não por acaso o movimento espontâneo que empurrou milhares de jovens para o campo para doutrinar os camponeses sobre a necessidade da Revolução fracassou fragorosamente, com 0os próprios camponeses repelindo as ideias dos jovens revolucionários. No Brasil no final da década de 1960 tal história se repetiu como farsa, quando os próprios camponeses denunciavam os jovens engajados na guerrilha do Araguaia. De qualquer forma, a lição do campo ajudou os revolucionários russos a mudarem seu foco. Um novo Zemlya i volya foi fundado. Mas desta vez o objetivo imediato era a desestruturação do poder. Apesar de nova cisão entre radicais e moderados, o terror deflagrado pelos radicais culminou finalmente no assassinato de Alexandre II. Tal fato marcou um recrudescimento nos movimentos populistas e a fundação do primeiro grupo marxista russo em 1883. A partir da Morte de Alexandre II seu filho assume o poder conduzindo a Rússia à uma época de enorme perseguição política e religiosa, e de grande avanço na Indústria e na infra estrutura russa, muito disso se deve ao sistema Witte, desenvolvido pelo ministro das Finanças Sergei Witte. No entanto o desenvolvimento econômico russo não aliviou as desigualdades sociais presente, pelo contrário, as acentuou. As tributações sobre o campesinato aumentaram para financiar as obras de infra-estrutura, e o aumento da população operária trouxe para as cidades um novo contingente de miseráveis, mal pagos e mal alimentados, mas, que, no entanto, formavam agora uma nova classe popular ansiosa por uma revolução que os libertasse de sua condição de quase servidão. Se o campo não estava preparado para o marxismo, a ascensão industrial russa criara um novo elemento para a queda do regime czarista, o operariado industrial.

Com o crescimento do capitalismo na Rússia, a tese marxista dos estágios pelos quais a sociedade deveria até a implantação do socialismo ganhava fprça entre as emergentes correntes de um marxismo, que se não era novidade na Rússia, a partir de 1883 adquiriu uma sistematização mais concreta, com a adesão de ex-populistas, intelectuais e operários russos. Apesar da forte repressão e da pouca base política ainda na década de 1890 se organizou o primeiro Partido Trabalhista Social-democrata russo, que seria a semente do Partido Comunista Russo. Em 1903 O partido se dividiu em duas frentes, bolcheviques e mencheviques. Essa cisão foi em grande parte influenciada pelas intervenções de um jovem intelectual conhecido como Lênin, que combateu a ideia dentro do Partido de que a Revolução poderia ser feita em termos econômicos. Para Lênin era vital que a “Vanguarda Proletária” derrubasse o czar para impor o socialismo na Rússia.

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