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ESCRAVIDÃO E LIBERDADE: O PARADOXO AMERICANO

Por:   •  14/2/2019  •  Resenha  •  760 Palavras (4 Páginas)  •  945 Visualizações

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ESCRAVIDÃO E LIBERDADE: O PARADOXO AMERICANO

MORGAN, E. Escravidão e liberdade: o paradoxo americano. Estudos Avançados, v. 14, n. 38, p. 121-150, 1 abr. 2000.

São muitos os paradoxos existentes na fundação dos Estados Unidos, assim como se pode identificar frequentemente ao observar os vários modelos de sociedade que surgiram ao redor do mundo, a partir de uma perspectiva histórica. Especificamente no caso da América do Norte, abordada por Edmund S. Morgan em seu artigo 'Escravidão e liberdade: o paradoxo americano', essas contradições permitem um interessante recorte sobre o papel da escravidão no contexto da expansão econômica da nação que se tornou uma das maiores potências mundiais.

Morgan desvela as nuances presentes na ideologia que propiciou a escravidão durante um largo período, do século XVII ao XIX. De que maneira os ideais de igualdade e liberdade presentes no espírito dos homens que fundavam aquela nação, conviveram lado a lado com a escravidão de um grande contingente de homens e mulheres de origem africana, que representavam cerca de um quinto da população naquela época?

O autor parte do perfil intelectual de um dos mais influentes Founding Fathers (os "Pais Fundadores" da nação), Thomas Jefferson (ele mesmo um dono de escravos durante toda sua vida), para identificar a uma possível origem do paradoxo que permitiu que um povo desenvolvesse a dedicação à liberdade e dignidade humanas, que impregnaram a Revolução Americana, ao mesmo tempo que mantivesse um sistema que negava essa dignidade a milhares de trabalhadores compulsórios.

Ao percorrer esse caminho, é possível identificar as relações entre liberalismo econômico e escravidão presentes no desenvolvimento do capitalismo no mundo. O capital escravista-mercantil foi responsável pela geração de riquezas a partir da exploração da mão-de-obra calcada na produção de mercadorias. Esse modelo de desenvolvimento está embasado na própria concepção de liberdade presente no ideário dos “pais fundadores”. Para que a colônia conquistasse uma posição de igualdade perante os colonizadores europeus, era necessário ser economicamente independente. Não ter dívidas com a coroa britânica significava ter liberdade e dignidade, mesmo que para isso se aceitasse o escravismo como mola propulsora dessa independência. Essa era a concepção de liberdade republicana no século XVIII.

Dentro dessa perspectiva, a visão que imperava na elite dominante era a de que os culpados pela pobreza eram os próprios pobres, trabalhadores livres sem terra (propriedade), que se entregavam à ociosidade e ao vício, atingindo a posição mais baixa da sociedade. A partir daí, as doutrinas éticas e religiosas do protestantismo receitavam o remédio do trabalho forçado como forma de evitar as hordas de desocupados considerados a escória dentro do sistema econômico que se modernizava.

A escravidão e o racismo sempre foram as bases do capitalismo desde os seus primórdios. O trabalho capitalizado marginaliza a mão-de-obra, que acaba por se resumir a uma massa populacional descartável e com prazo de validade. Foi essa a população que se tornou excedente nos Estados Unidos recortado por Morgan. Uma população ociosa que crescia, forçando homens a cometer furtos e outros crimes para se alimentar. Para o pensamento liberal que se formava, tendo como um dos gurus o pensador inglês John Loke (conhecido como o pai do liberalismo econômico), havia um grande risco em se manter na sociedade uma massa de desocupados. Por isso era necessário faze-la trabalhar, mesmo que de forma compulsória.

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