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Fichamento A Nova Historiografia Brasileira

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Por:   •  25/11/2014  •  1.228 Palavras (5 Páginas)  •  643 Visualizações

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Pode-se perceber como o universo social do Brasil é complexo partindo da análise da produção cultura do mesmo; um lugar onde “tudo pode acontecer”, onde extremos convivem e seus habitantes, como afirma Sérgio Buarque de Holanda (1994), são “desterrados em nossa terra”.

Partindo dessa análise, através da produção historiográfica, encontramos uma grande expansão de pesquisas, publicações, um maior desenvolvimento do teatro e da música, assim como também uma maior participação social de grupos antes excluídos da vida pública e que agora exigem seus direitos, como as mulheres, os negros, o movimento operário; é o aumento da produção intelectual que foca nas características das vivências históricas específicas de cada assunto –tudo isso em uma época de repressão cultural, durante a ditadura militar.

Junto dessa nova produção, deixa-se de lado a análise marxista das estruturas socioeconômicas para dar atenção nas discussões sobre “universo mental” e “ideologias”; exemplos disso podem ser Carlos Guilherme Mota, que “desloca o foco de atenção do campo econômico para a dimensão ideológica do universo da cultura brasileira” (pág.75), Isabel Marson, Adalberto Marson, Arnaldo Contier e Maria Helena Capeato, que partindo do marxismo fazem uma análise ideológica como instituição.

Vê-se também na historiografia uma renovação, podendo ser representada por Edgar de Decca, que tem como o objetivo mostrar a construção do imaginário da Revolução de Trinta partindo do conflito que afeta e silencia a classe operária –mostrando como a história pode ser um instrumento de dominação de classe.

Esse estudo de De Decca marca uma guinada na direção do estudo da subjetividade, do indivíduo, também observada em E. P. Thompson, que traz um novo conceito de classes sociais, agora com a ideia de “imaginário social”, focando também na cultura e fazendo uma crítica ao estruturalismo presente no marxismo dos anos 60 e 70, onde os sujeitos eram diluídos na infraestrutura socioeconômica.

O conceito de imaginário social se apresenta também como uma superação do conceito de ideologia com Cornelius Castoriadis, conceito esse que agora ultrapassariam os limites puramente objetivos da ideia de ideologia, adicionando à mesma a subjetividade citada e E. P. Thompson, com todas as manifestações emotivas e ações políticas informais - nesse contexto, seguem diversas obras que tratam da vida operária dentro e fora das fábricas durante a industrialização e urbanização das cidades, tratando das formas de controle social, do universo cultural, artístico e literário dos mesmos.

É uma crescente dúvida do conhecimento objetivo e investigação da dimensão subjetiva e simbólica.

Essa mudança gera uma necessidade de novos conceitos que consigam permitir uma nova maneira de pensar na área da história, e traz também a realização de que os temas visados –cotidiano, emocional, criança, família, sexualidade..- já foram tocados, mas agora são revisitados com novas interpretações.

Foucault, junto de Claude Lefort, C. Castoriadis e Walter Benjamin, acaba com a ideia de “realidade histórica”, argumentando que “o historiador trabalha primeiramente com a produção dos discursos, com interpretações, com máscaras sobre máscaras e que a busca da objetividade e de uma suposta essência natural é mais uma ilusão antropológica. Não mais fatos, não mais os objetos e os sujeitos no ponto de partida, mas os discursos e as práticas instituintes produtoras de real”(pág.79); Foucault teve grandes influências no Brasil, como os estudos das microfísicas do poder no mesmo.

No livro da autora, “Do Cabaré ao lar”, tem-se um estudo que pensa a influência da classe burguesa na trabalhadora e a resistência dos últimos após o encontro com o anarquismo; já no “Os prazeres da noite”, tenta explorar as diferentes maneiras de socialização e subjetividade na “experiência do desejo”.

A presença de Foucault na historiografia do Brasil pode ser vista também em Alcir Lenharo, que estuda o discurso transmitido durante a ditadura do Estado Novo e Durval de Albuquerque, que estuda o nascimento do Nordeste e os discursos que constituem a imagem de “atraso” dele.

Essa absorção da subjetividade é um grande desafio para o historiador.

As mulheres começam a ganhar mais espaço a partir dos anos 70, acompanhando as críticas à exploração capitalista, as à opressão patronal, que acabaram por vitimizar a figura feminina; logo, nos anos 80, a “passividade” feminina começa a ser contestada com a propagação da ideia da resistência social, tanto burguesa como classes mais baixas; as mulheres pobres começam a aparecer nos livros de história.

Sobre o ganho de atenção de temas femininos, -“bruxaria, prostituição, loucura, aborto, parto, maternidade, saúde...”- podemos citar Susan Besse, que produz um estudo “sobre a modernização das desigualdades sociais no Brasil”(pág.83)

Entre os estudos de tais temas, podemos citar também autores importantes como Laura de Melo e Souza (feitiçaria), Ronaldo Vainfas (sexualidade e práticas condenáveis na Colônia), Ligia Belini (prática sexual feminina e o poder religioso), Magali Engel

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