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PARTE I FICHAMENTO DO LIVRO POPULAÇÃO E URBANIZAÇÃO BRASILEIRA

Artigos Científicos: PARTE I FICHAMENTO DO LIVRO POPULAÇÃO E URBANIZAÇÃO BRASILEIRA. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  1/4/2014  •  2.909 Palavras (12 Páginas)  •  691 Visualizações

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SCARLATO, Francisco. População e Urbanização Brasileira. In ROSS, Jurandy, org.(2005). Geografia do Brasil. São Paulo. Editora da Universidade Federal de Viçosa (p. 437-460)

Capítulo 7

7.2.2 A METROPOLIZAÇÃO DE SÃO PAULO

Entre todas as regiões metropolitanas brasileiras, a de São Paulo é a mais gigantesca, não somente pelo seu número de habitantes, mas também pela extensão de área abrangida.

Cerca de 60% das sedes das multinacionais estão localizados na cidade de São Paulo. Esse fato contribui para explicar sua crescente terciarização, pois transformou-a em centro de gestão do grande capital. Na medida em que cada uma dessas sedes das multinacionais polarizou vários tipos de serviços altamente especializados, como bancos internacionais, seguradoras, firmas de consultoria, auditoria, advocacia especializada e grandes redes de informática, seu conjunto em uma cidade como São Paulo acabou definindo uma tendência ao predomínio do terciário.

Situada numa região economicamente periférica durante o século XVII e o XVIII, quando o açúcar e ao ouro levavam à consolidação de cidades de grande valor arquitetônico (Salvador, Ouro Preto), São Paulo era formada por inexpressivas casas de taipa. Suas igrejas e edifícios das instituições públicas foram marcados pela simplicidade.

A velocidade e a intensidade com que ocorreu o processo da acumulação capitalista gerada pelo café encontraram pouca resistência contra a derrubada das antigas habitações de taipa. O desenvolvimento econômico que acarretou a entrada de novas tecnologias vindas da Europa criou a possibilidade de criação de uma nova cidade construída com aço, concreto e tijolos. Na virada do século XIX, a cidade já havia atingido as colinas situadas à margem esquerda do riacho do Anhangabaú e não parou mais de crescer.

No final do século XIX a área compreendida pelo triângulo, com os capitais gerados pelo comércio do café, havia-se tornado uma compacta área de grandes palacetes construídos em dois andares além do piso térreo.

O crescimento da cidade em direção à margem esquerda do vale do Anhangabaú foi possível graças à construção de um viaduto de estrutura metálica, ligando as duas áreas da cidade: o viaduto do Chá – inaugurado em novembro de 1892. Um ano antes era inaugurada a avenida Paulista, no alto do espigão que, na época, era considerado um dos pontos mais distantes do centro da cidade.

No início do século XX, outro viaduto foi necessário para responder ao grande crescimento da cidade. Em 1913 foi inaugurado o viaduto Santa Ifigênia, ligando o centro da cidade ao aristocrático bairro dos Campos Elísios, sede das residências da nova aristocracia paulistana, e ao bairro da Luz. Posteriormente, com o avanço da nova sociedade industrial, esses dois bairros sofreram um processo de transformação, com a entrada de atividades terciárias, o seu abandono pelos moradores por localidades mais nobres e a sua ocupação pelas camadas de menor renda da cidade.

É importante lembrar que não foram somente os bairros operários e industriais que se expandiram ao longo da ferrovia. Os fazendeiros e a sociedade do café instalados no interior paulista serviam-se desse excelente e moderno meio de transporte. Vale lembrar que o trem era para época o símbolo da modernidade. Assim, a grande maioria dos fazendeiros do café, quando foi implantar suas residências na cidade de São Paulo no final do século XIX, foi localizar-se justamente nas proximidades da estação ferroviária do Jardim da Luz.

Com a substituição gradativa da ferrovia pelo automóvel como o meio de transporte mais importante e a expansão das auto-estradas, a Luz os Campos Elísios foram perdendo seu prestígio como bairros da elegante classe dominante paulista, seja a de origem rural, seja a da nova burguesia industrial emergente.

Na primeira década do século XX acentuou-se o processo de verticalização da cidade, surgindo inicialmente edifícios de, em média, oito pavimentos. Eles testemunhavam a modernidade da cidade criada pelo café e revelavam, pelo estilo e pelas técnicas construtivas, a dependência em relação ao exterior e à presença da mão-de-obra do imigrante europeu.

A CONSOLIDAÇÃO DO PLANO VIÁRIO E A CIRCULAÇÃO

O sistema ferroviário formado tanto pela Central do Brasil, em direção à zona leste e fazendo a ligação como Rio de Janeiro, como pela Santos-Jundiaí, em direção ao sudeste e ligando a cidade ao porto, criou em seu percurso dentro do município de São Paulo grandes bairros industriais e operários, como os de Barra Funda, Brás, Mooca, Ipiranga. Esses bairros estabelecerem-se em terrenos menos nobres, geralmente terraços fluviais ocupados pelas ferrovias, ao longo das quais foram crescendo.

As regiões localizadas fora das áreas de inundação apresentavam melhores condições físicas e terrenos de preços mais caros, o que levou a um padrão de loteamento mais nobre para abrigar a residência das novas classes dominantes. A abertura da avenida Paulista, em 1891, no topo do espigão representou um marco significativo no crescimento da cidade. Ao seu redor, em direção aos terraços que levavam ao rio Pinheiros, foram surgindo os loteamentos dos requintados bairros dos Jardins.

O enorme crescimento de São Paulo pode ser expresso através de um indicador que é o crescimento do seu espaço urbano. Os 130 km² que a cidade possuía em 1940 passaram para 420 km² em 1954. A partir de então, a extensão desse espaço mais que triplicou. Excetuando as áreas de reservas, o município encontra-se hoje quase que totalmente urbanizado.

Quando se comemorou, em 1954, o quarto centenário da cidade, marcando também o início do período da grande industrialização, seus limites de urbanização passaram a integrar-se com os municípios vizinhos através de um complexo sistema de rodovias e ferrovias em várias direções.

Nesse processo de expansão, a cidade acabou incorporando ao seu espaço contínuo antigos núcleos que cresciam isoladamente, como o de Pinheiros, na zona oeste, porta de saída para São Roque e Sorocaba, o da Lapa, a noroeste, no caminho para Jundiaí e Campinas, o da Penha, a leste, nas vertentes do ria Aricanduva, fazendo a ligação com a estrada velha para o Rio de Janeiro. Até o final do século passado, esses núcleos constituíam verdadeiros subúrbios distantes da capital. Em poucos anos integraram-se ao núcleo central da cidade e às demais áreas da região metropolitana de São Paulo, fortalecendo o plano viário radial concêntrico de expansão da cidade de São Paulo.

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