TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Fichamento "O século de Péricles" Marilena Chaui

Por:   •  17/9/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.403 Palavras (6 Páginas)  •  495 Visualizações

Página 1 de 6

Universidade Federal de Santa Catarina
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
História -  Introdução aos Estudos Históricos
Prof. Paulo Pinheiro Machado
Luiz Felipe Florentino

CHAUI, Marilena. O Século de Péricles. In: _______. Introdução à História da Filosofia: dos Pré-Socráticos a Aristóteles. Vol. 1, 2ª Ed. São Paulo: Cia das Letras, 2002, p. 136-177

p. 136

Chaui introduz o período de 440 a 404 a.C., ou seja  o “Século de Péricles” enfatizando as já existentes mudanças na mentalidade popular e florescimento cultural, sendo este o momento de consolidação e criação de novas tendências, onde a expressão “Século de Péricles” ressalta o estímulo dado por Péricles à cultura ateniense

p. 137

Chaui cita Jean-Pierre Vernant que descreveu a tragédia como uma instituição social de cunho democrático, por serem apresentadas nos festivais de Atenas e financiadas pela cidade, não apenas isso, a autora destaca o nascimento da tragédia como uma reflexão da democracia, já que como gênero teatral é representada em dois espaços: o palco, onde ficam os atores, representando herois e heroínas definidos pelos valores da aristocracia, e o coro, formado por um júri de cidadãos que comenta e avalia as ações decorridas no palco. Visando assim, colocar em contraste as diferenças entre o passado aristocrático (palco) e o presente democrático (coro)

p. 137-138

Como as tragédias geralmente são escritas em trilogias, a 1ª peça sempre se inicia com um assassinato na família e a exigência dos deuses por retaliação através de um outro crime violento gerando assim uma sequência infinita de crimes e vinganças. Ao fim da terceira peça os deuses decidem que cabe aos mortais julgar os mortais, criando as leis e tribunais. Logo a tragédia narra o surgimento do direito e da política democrática.  

P 138-139

O segundo aspecto a ser observado é a realidade conflitante entre as leis da família, as não escritas, formuladas pelos deuses e as leis da cidade, formuladas pelos homens representando o presente democrático.

p. 140

O terceiro aspecto da tragédia marca a figura do heroi ou heroína trágica, atormentados por sua vontade e seu destino, expondo a contradição entre a necessidade e a existência do livre arbítrio, “a vontade dos deuses e a nossa” (CHAUI, 2002, p.140)

P 141

Com a desmitificação da crença de que os ofícios haviam sido dados aos homens pelos deuses, a técnica atribui-se a toda atividade humana que requer experiência, o técnico age sobre uma matéria a fim de dar-lhe uma forma nova

p. 142

O técnico usufrui da natureza em favor dos homens, ou seja transforma uma matéria numa obra, que pode ser tanto um objeto, como uma mesa ou uma espada, quanto uma ação, como é o caso do médico por exemplo. Chaui também salienta que os intrumentos usados na fabricação de um objeto eram vistos como extensões do corpo humano

p.142-143

Existem três tipos de técnico: o arkhitektón, aquele que ao lado da prática, possuia um conhecimento teórico e transmissível por aprendizagem, o mechanopóios, ou seja, o inventor e o banáusos, o artesão, que normalmente eram escravos ou homens pobres.

p.143

A teoria defendida por Cornelius Castoriadis no livro Encruzilhadas do labirinto é resumida nas seguintes palavras que para um técnico “É preciso conhecer a identidade de cada coisa e a diferença,a oposição, a semelhança e a equivalência entre as coisas.” (CHAUI, 2002, p.143)

p.144

Segundo Chaui, para os gregos a métis é a relação entre técnica e habilidade engenhosa, ela vai além ao citar Vernant em As astúcias da inteligência. A métis dos dos gregos exemplificando seus principais traços: o golpe de vista, a capacidade de formular soluções inesperadas, talento para imitaçaõ, astúcia, capacidade de prender o que é fugido, facilidade para estabelecer analogias,rapidez na tomada de decisões e senso de oportunidade.

p.146

Vemos aqui as ideias de proporção e equilibrio de Pitágoras sendo aplicadas por Hipócrates, o pai da medicina, nas definições de saúde e doença

p.147

Seguindo as ideias da obra corpus hippocraticus, onde é entendido que há uma physis universal, “a natureza comum a todos os seres” (CHAUI, 2002, p.147) quanto uma physis individual, logo atribui-se a physis um pricípio de ordenação, onde a saúde é tida como boa ordenação interna e a doença a desordem da physis do corpo.

p.148-149

Se a doença é a desordem da saúde, o médico deve observar o doente tendo em vista o eîdos ou seja, a estrutura de um corpo harmoniosamente saudável e a dynamis , a força interna e natural do corpo. Logo “o eîdos é a manifestação visível da dynamis em que uma physis se realiza” (CHAUI, 2002, p.149)

p.150-151

Chaui cita Pedro Laín Entralgo para definir o caminho hipocrático para o conhecimento, são eles: Observação, comparações mentais a fim de classificar sintomas, raciocínio e, se possível a experimentação e assim dar ínicio ao tratamento, que pode ser feito através da dietética, da intervenção no corpo do paciente ou apenas aguardando a natureza reestaurar seu esquilíbrio

p.152-153

Para o médico hipocrático, compreender o eîdos, dynamis e physis de um paciente é entender em que ambiente este está inserido, relacionando corpo e alma

p.154

Além dos cinco pontos mencionados anteriormente, o diagnóstico também se constituia em um momento inicial de dialógo entre médico e paciente a fim de causar a lembrança dos momentos antes da doença

p.156

Através das Musas o médico podia agir sob a alma do paciente, seja pela persuasão, pela música ou poesia calmante ou pela alimentação noturna.

p.156-157

Numa sociedade democrática como Atenas, a antiga areté, que visava formar belos guerreiros, perdeu o lugar para uma areté que acima de tudo visava formar bons cidadãos

p.158-159

Se antes a excelência se mostrava através da coragem, agora ela vem através da palavra, o mérito está para com aqueles que servem a cidade e não com a nobreza guerreira

p.160-161

Chaui explica os sofistas citando Guthrie: “Forneciam instruções aos jovens e davam mostras de eloquência em público, mediante pagamento” ou seja, foram os 1ºs professores pagos da história

p.162-163

Por ensinarem a persuasão e retórica, na época decisivas para um bom cidadão, os sofistas eram criticados pelos aristocrático que afirmavam que a virtude cívica é inata e pelos socráticos que diziam que estes não se interessavam pela verdade, pois ensinavam a argumentar tanto em favor quanto contrariamente a uma opinião

p.164-165

Os sofistas chegaram a Atenas com a percepção das variações culturais entre povos, graças a história, inventada por Heródoto, também desenvolveram técnicas de linguagem ligadas a argumentação e retórica, frequentavam os Jogos Olímpicos onde proferiam discursos promovendo a trégua ente os gregos e competiam na liça do Agón verbal, os debates.

p.166-167

Ao contrário dos aristocratas, os sofistas defendiam que todos os costumes sociais provinham de convenções humanas, logo “se tudo é convenção, tudo pode ser ensinado” (CHAUI, 2002, p.167)

p.168

Ensinavam pela dialética a defender e criticar um mesmo assunto e pela retórica a encontrar argumentos fortes e figuras de linguagens capazes de comover e persuadir o ouvinte, finalmente foram os 1ºs a distinguir gêneros de discurso.

p.170

Segundo Chaui, para Protágoras “o homem é a medida de todas as coisas” e o ser ou não ser dependem inteiramente da nossa percepção da realidade. Não há physis pois toda a moderação que a havia sido designada agora transfere-se para o homem.

p.171

Protágoras via a política como a técnica moderadora de todas as outras, capaz de conciliar a lei e a justiça. “é por ação humana que as coisas existem tais como são e que outras não existem, porque os homens convencionaram por meio de leis, não admiti-las” (CHAUI, 2002, p.171)

p.173

Para Górgias o não ser é alguma coisa, o inexistente existe enquanto o ser não é, já que este não pode ser pensado, pois o homem ao pensar em montros, por exemplo, pensa no que não existe, nem comunicado pois usamos palavras para nos comunicar e expressar opiniões, não comunicamos seres.

p.174-175

Górgias misturou os significados da palavra ser, isto é, aquele usado para designar existência e o de simples verbo de ligação quebrando a identidade ser-pensar-dizer e estabelecendo a diferença entre realidade, pensamento e linguagem pela 1ª vez. Ao mesmo tempo “ele afirma que a palavra é um poder ilimitado de persuasão (...) dotada do mesmo poder que a decisão divina.” (CHAUI, 2002, p.175)

p.176

De acordo com a autora o poder das palavras sobre a alma é o pilar da retórica e baseando-se nisso, Górgias define a poética como um engano sábio, pois ela abre a alma à uma mensagem ético-moral, assim quem se deixa enganar é o sábio

p.177

Ao contrário de Protágoras, a retórica de Górgias não pode agir racionalmente, apenas emotivamente, pois para ele não há verdade possível de ser convencionada, há apenas a crença “obtida pela adesão emocional ao discurso persuasivo” (CHAUI, 2002, p.177)

...

Baixar como (para membros premium)  txt (9.2 Kb)   pdf (72 Kb)   docx (14.8 Kb)  
Continuar por mais 5 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com