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Fichamento Sobre a Argumentação de Hayden White

Por:   •  4/10/2018  •  Resenha  •  1.898 Palavras (8 Páginas)  •  168 Visualizações

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Tópicos sobre a argumentação de Hayden White

  • “Barzun tem razão ao dizer que a história ‘só pode ser lida’, mas ela só pode ser lida se for primeiro escrita” (p. 24)
  • Não é possível estudar o passado propriamente dito, mas sim as informações sobre esse passado. Mas isso não significa que os fatos do passado não existiram ou que não podemos conhecê-lo ou que não podem se transformar em conhecimento por meio de diferentes disciplinas.
  • A informação sobre o passado não é especificamente histórica, do mesmo modo que o conhecimento baseado nessas informações sobre o passado não é especificamente histórico. Na medida em que essas informações sobre o passado podem ser usadas por diferentes disciplinas – ao se tornar assunto das “práticas discursivas” dessas disciplinas – para White essas informações deviam ser chamadas de arquivistas. “Assim também é apenas ao serem transformados em assunto do discurso histórico que nossa informação e nosso conhecimento sobre o passado podem ser considerados ‘histórico’” (p. 24) Ou seja, o que é histórico não é o objeto de estudo, ou seja, as informações sobre o passado, mas sim o discurso. Essas informações podem ser estudadas por qualquer disciplina, o discurso é que pode adquirir a especificidade de histórico; já que cada disciplina tem seu discurso próprio.
  • O discurso histórico não produz informação nova sobre o passado, já que isso é pré-condição da composição de tal discurso, também não fornece um novo conhecimento sobre o passado, já que o conhecimento só pode ser resultado de um método de investigação, o que a história não possui. O que o discurso histórico produz são interpretações “[...] seja qual for a informação que o conhecimento do passado de que o historiador dispõe” (p. 24) Essas interpretações possuem diferentes formas, mas o que eu tem em comum “[...] é seu tratamento de um modo narrativo de representação como fundamental para que se perceba seus referentes como fenômenos distintamente ‘histórico’” (p. 25)
  • História – resultado da análise das informações do passado apresentado por meio de um distinto discurso escrito, o discurso histórico.
  • Passado – eventos, pessoas, instituições e processos que já aconteceram (há muito tempo ou há um segundo atrás) e que podemos conhecer através de informações que temos sobre esse passado. O passado não é “histórico”, podendo ser objeto de análise (na verdade suas informações que são os objetos de análise e não o passado em si) de qualquer disciplina e consequentemente apresentado por qualquer tipo de discurso escrito, e não somente o histórico.
  • Discurso histórico – é o discurso próprio da história que produz interpretações acerca das informações do conhecimento do passado que o historiador dispõe.
  • Informação sore o passado – é a forma pela qual conhecemos o passado, mas não é o passado em si.
  • Conhecimento do passado – resultado de um método de investigação sobre o passado – que não existe no discurso histórico, portanto não existe um conhecimento histórico.
  • Interpretação histórica – são as narrativas criadas pelos historiadores por meio do discurso histórico que resultarão em textos historiográficos.
  • Texto historiográfico – os discursos históricos em sua forma escrita.
  • A história como sendo o resultado da análise das informações sobre o passado dado através do discurso histórico não produz conhecimento histórico, já que para isto deveria ter um método de investigação, o que o discurso histórico não tem; este último apenas produz interpretações sobre as informações do conhecimento do passado que o historiador já possui. Portanto para White, não existe conhecimento histórico, apenas interpretações sobre as informações do passado. Porém White não se preocupa em propor um método de investigação para os historiadores, ele apenas debate a questão da escrita da história, dos discursos; ele vai propor uma teoria da escrita da história, uma teoria literária.
  • “Vamos começar, portanto, com o inegável fato histórico de que os discursos distintivamente históricos tipicamente produzem interpretações narrativas de seu discurso. A tradução desses discursos numa forma escrita produz um objeto distinto, o texto historiográfico que por sua vez pode servir de assunto de uma reflexão filosófica ou crítica. Daí as distinções, convencionais na moderna teoria da história, entre a realidade passada, que é o objeto de estudo do historiador; a historiografia, que é o discurso escrito do historiador sobre esse objeto; e a filosofia da história, que é o estudo das relações possíveis entre objeto e esse discurso.” (p. 25)

Argumentos de Ginzburg contra White

Hayden White sempre recebeu muitas críticas e o ensaio escrito por Mandelbaum é didaticamente ilustrativo sobre essas críticas. A primeira crítica de Maldebaum diz respeito à aproximação – segundo ele equivocada – entre historiadores e filósofos da história. Outro argumento de Maldebaum, ligado ao primeiro, “[...] diz respeito à concepção de Hayden White sobre o trabalho do historiador, visto como a expressão final de um ato poético. Uma das tarefas mais convencionalmente atribuídas ao historiador, ou seja, a de descobrir, descrever e explicar o que ocorreu no passado é desconsiderada por uma tese que supõe a história como ciência e arte, ou que vê a representação e a construção dos próprios fatos como uma interferência indiscutível do narrador, e a escrita histórica como algo vinculado ao trabalho de criação ou de expressão poética.” (p. 22) Esse último argumento expressa também a crítica de Ginzburg à White, por isso que Ginzburg faz um estudo sobre o paradigma indiciário.

Ginzburg analisa o paradigma indiciário para contrapor a ideia de White de que a história não possui um método de investigação e que por isso não pode existir um conhecimento histórico, apenas interpretações sobre as informações do passado, ou seja, narrativas construídas através de um discurso histórico. Ginzburg usa o paradigma indiciário para justamente mostrar como a construção de um raciocínio a partir de indícios a fim de captar realidades de outra forma inatingível é próprio do conhecimento histórico. Nem mesmo o paradigma galileano e sua imposição de regularidades conseguiu tirar esta particularidade do conhecimento histórico, então para Ginzburg, White também não conseguiria.

O paradigma indiciário é próprio do conhecimento histórico e ele deve ser a forma com que os historiadores chegam a uma conclusão sobre a realidade passada e não como eles chegam a uma criação poética. Para Ginzburg a narrativa é importante, mas como auxiliar a captação da realidade e não como principal como propõe White. Além disso, o narrador não está ligado de tão maneira aos textos a ponto de interferir em sua leitura, para Ginzburg, assim como Marc Bloch, acredita que é possível ler textos de forma diferente de como o seu autor havia pensado, extraindo assim muito mais do que apenas o que está escrito.

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