TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Gabriela Cravo E Canela

Ensaios: Gabriela Cravo E Canela. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  19/3/2014  •  1.693 Palavras (7 Páginas)  •  402 Visualizações

Página 1 de 7

JORGE AMADO

GABRIELA, CRAVO E CANELA

Nota sobre o autor

Nascido a 10 de Agosto de 1912, em Itabuna, no sul do Estado da Bahia, Jorge Amado, nasceu, como dizia sua mãe, «com a estrela»: um homem afortunado. Seu pai queria que o filho fosse doutor, e ser doutor naqueles tempos era formar-se em Medicina, Engenharia ou Direito. Jorge Amado, que desde os catorze anos participava em movimentos culturais e políticos, optou por Direito. Fez a vontade ao pai, mas não foi buscar o diploma e nunca exerceu advocacia. Em compensação, no ano da sua licenciatura, em 1935, já era um escritor conhecido, autor de quatro livros que fizeram sucesso entre o público e a critica: O País do Carnaval com que se estreou aos 18 anos, Cacau, Suor e Jubiabá. Em 1937, devido ao seu intenso envolvimento Político, viu toda a primeira edição do seu livro Capitães da Areia ser queimada em praça pública, o que o levou, em 1941, ao exílio na Argentina e no Uruguai. Em 1945, Jorge Amado uniu-se a Zélia Gattai, companheira de toda a sua vida. Deputado federal pelo Estado de São Paulo, fez parte da Assembleia Constituinte votando leis importantes, como a que ainda hoje garante a liberdade religiosa no país, Em 1947, o Partido Comunista foi ilegalizado e Jorge Amado perdeu os seus direitos políticos. Voltou para o exílio, desta vez em França e na Checoslováquia, continuando a escrever e a trabalhar pela paz, agora em companhia de Pablo Neruda, seu velho amigo, de Pablo Picasso, de Louis Aragon, de Nicolás Guillen, só regressando ao Brasil em 1952. Em 1961 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, vindo também a pertencer à Academia de Letras da Bahia, à Academia de Ciências e Letras da República

Pág.7

Democrática Alemã e à Academia de Cíêncías de Lisboa, sendo membro correspondente destas duas últimas. O seu livro Gabriela, Cravo e Canela, publicado em 1958, teve grande sucesso e os seus direitos cinematográficos foram vendidos para a Metro, o que possibilitou ao escritor a compra de uma casa em Salvador realizando assim o sonho de voltar a viver na sua terra. Em 1963, Jorge Amado muda-se com a sua família para a Rua Alagoinhas, onde tem escrito os seus livros. Jorge Amado foi agraciado com inúmeros prêmios internacionais, entre os quais: Prêmio da Latinidade (França, 1971), Prêmio do Instituto Italo-Americano (Itália, 1976), Prémio Pablo Neruda (Rússia, 1989), Prêmio Etrúria de Literatura (Itália, 1989), Prémio Mediterrâneo (Itália, 1989), e o Prêmio Luís de Camões (Brasil-portugal, 1995). Recebeu ainda os seguintes títulos, entre outros: Comendador da ordem de Andrés Bello (Venezuela, 1977), Comendador da Ordem das Artes e das Letras (França, 1979);

Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada (Portugal, 1980), Grande Oficial da

Ordem do Mérito da Bahia (Brasil, 1981); Cornendador da Ordem do Infante Dom

Henrique (Portugad, 1986), Grande oficial da Ordem do Rio Branco (Brasil, 1987),

Ordem Carlos Manuel Céspedes (Cuba, 1988), Comendador da Ordem de Maio

(Argentina, 1922), Ordem Bernardo O'Higgins (Chile, 1993). É ainda Doutor Honoris

Causa pela Universidade Lumière, Lyon II, França, Universidade de Bari, Itália,

Universidade de Israel, Universidade Pádua, Itália e Sorbonne, França. Jorge Amado

faleceu na Bahia a 6 de Agosto de 2001.

Para Zélia seus ciúmes seus cantares suas penas o luar de Gabriela e a cruz do meu

amor

Para Alberto Cavalcanti a imagem de Gabriela dançando rindo sonhando.

Para o mestre Antônio Bulhões com toda consideração o seu perfume de cravo.

Para Moacir Werneck de Castro moço bem apessoado em testamento deixou seus

suspiros Gabriela ai.

E para os três reunidos a amizade do autor.

(do Testamento de Gabriela)

Essa, HISTÓRIA de amor -por curiosa coincidência, como diria dona Arminda -

começou no mesmo dia claro, de sol primaveril em que o fazendeiro Jesuíno Mendonça

matou, a tiros de revólver, dona Sinhazinha Guedes Mendonça, sua esposa, expoente da

sociedade local, morena mais para gorda, muito dada às festas de igreja, e o dr

Osmundo Pimentel, cirurgião-dentista chegado a Ilhéus há poucos meses, moço

elegante, tirado a poeta. Pois, naquela manhã, antes da tragédia abalar a cidade,

finalmente a velha Filomena cumprira sua antiga ameaça, abandonara a cozinha do

árabe Nacib e partira, pelo trem das oito, para Água Preta, onde prosperava seu filho.

Como opinara depois João Fulgêncio, homem de muito saber, dono da Papelaria

Modelo, centro da vida intelectual de Ilhéus, fora mal escolhido o dia, assim formoso, o

primeiro de sol após a longa estação das chuvas, sol como uma carícia sobre a pele. Não

era dia próprio para sangue derramado. Como, porém, o coronel Jesuíno Mendonça era

homem de honra e determinação, pouco afeito a leituras e a razões estéticas, tais

considerações não lhe passaram sequer pela cabeça dolorida de chifres. Apenas os

relógios soavam as duas horas da sesta e ele - surgindo inesperadamente, pois todos o

julgavam na fazenda - despachara a bela Sinhazinha e o sedutor Osmundo, dois tiros

certeiros em cada um. Fazendo com que a cidade esquecesse os demais assuntos a

comentar: o encalhe do navio da costeira pela manhã na entrada da barra, o

estabelecimento da primeira linha de ônibus ligando Ilhéus a Itabuna, o grande baile

recente do Clube Progresso e, mesmo, a

Pág.21

apaixonante questão levantada por Mundinho

...

Baixar como (para membros premium)  txt (10.9 Kb)  
Continuar por mais 6 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com