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A Revolução Dos Cravos

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Por:   •  7/5/2013  •  1.537 Palavras (7 Páginas)  •  502 Visualizações

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O livro "A Revolução dos Cravos" do historiador Lincoln Secco, remete a um período da história portuguesa que ficou marcado pelas paixões e pelo romantismo de uma revolução de teor esquerdista, que se fez sem o derramamento de sangue na segunda metade do século XX. Em seu texto, Lincoln Secco fala sobre os motivos que vieram a desencadear um processo revolucionário militar contra a ditadura Salazarista. Por muitos anos a ditadura comandou o aparelho de estado Português, gerando nos militares um certo descontentamento.

Para o autor, os militares da MFA(6) teriam três objetivos para que Portugal voltasse a configurar uma democracia e retomar os rumos do crescimento.

Os militares em primeiro momento almejavam por fim a ditadura, com isso, num segundo momento resgatariam o prestígio perdido das forças armadas e por último, terminariam com a guerra colonial na África Portuguesa. A guerra colonial estava virtualmente ganha pelos inimigos naquele momento. Os movimentos guerrilheiros de esquerda na África, configuravam as milícias que buscavam a independência.

Ao formular tais diretrizes para a revolução, os militares bateram de frente com problemas de longa duração da história portuguesa. O país nos últimos séculos vivia em condição de império ultramarino, portanto, vivia um impasse de teor econômico.

Para entender o livro de Lincoln Secco é necessário analisar a questão colonial, afinal ela constitui as bases para a revolução de 25 de abril de 1974 em Portugal, pois na África, as colônias portuguesas criavam grandes dificuldades para o governo português. Floresceram no continente negro movimentos guerrilheiros de esquerda, fortemente influenciados pelo marxismo, que reivindicavam a independência de seus territórios.

Diferentemente do governo Salazar, às elites lusitanas queriam que o país retomasse o caminho europeu[7], voltando ao convívio das grandes nações da Europa, pois já não acreditavam mais no colonialismo. Para os militares a revolução viria a findar o imperialismo português na África e faria com que Portugal voltasse a preocupar-se com as questões européias, pois as discussões acerca de uma união européia já se realizavam desde o fim da 2°guerra mundial.

A Fraqueza do regime colonialista da ditadura era evidente e agonizava. A revolução Argelina derrubou o mito da invencibilidade do opressor sobre o oprimido, dando força a outros movimentos dentro da África Lusitana.

Em 1961 iniciaram-se os fortes movimentos que constituíram a revolução na África portuguesa que buscava através da guerrilha, a libertação nacional das colônias. Nesta conjuntura a Metrópole começa a ceder as pressões vindas da África, pois o império já se configurava como um modelo ultrapassado, devido principalmente ao desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção e trabalho modernas. A exploração colonial não convencia mais em Portugal.

Com as grandes nações européias empenhadas na implantação de um liberalismo econômico, a Metrópole do Império se viu em uma situação de encruzilhada. Por esse motivo, o epicentro da revolução portuguesa estava na África[8], e não em Portugal. Basicamente essa é uma das teses de Lincoln Secco, que aponta os caminhos tomados pelo MFA na construção de seu ideário de revolução contra a ditadura e seu projeto para o futuro.

É possível notar na análise de Lincoln Secco, que o aspecto econômico do imperialismo português não ganha tanta ênfase em sua tese, porém, ele concorda que Portugal vivia um impasse econômico. O autor procura esmiuçar o processo buscando nos conceitos de curta e longa duração, compreender como se deram as conformações dos ideais da revolução. Para Portugal, a única saída era viabilizar uma ruptura, pois no aparelho de estado ditatorial as idéias de manutenção do colonialismo eram dominantes.

Os conceitos de nacionalismo e democracia mudaram ao longo de todo o processo que desencadeou a 2°guerra mundial, portanto, para Lincon Secco, Portugal manteve um conceito atrasado de colonialismo mesmo após a grande guerra, vindo a ser este, um dos maiores obstáculos para a implantação do liberalismo econômico que já estava em curso em outros países da Europa.

Os militares portugueses de média patente que estavam na África lutando no processo de manutenção das colônias, começam enfim, a perceber que o imperialismo português na África não faz mais sentido, afinal os problemas internos que o país atravessava, eram agravados com o apoio e o desprendimento de recursos para a manutenção do esforço de guerra nas colônias. Lincoln Secco não explora a fundo esse viés de análise, porém, fica claro que os militares que estavam fora do país, conseguiram visualizar melhor os problemas de Portugal, pois, outros países europeus como a França e a Inglaterra já haviam deixado de lado essa política atrasada do colonialismo. A implantação de novos métodos exploratórios por esses países europeus junto com E.U.A, resulta no que podemos chamar de neo-colonialismo, que é nada mais que a exploração a longa distância, através de uma economia liberal.

Vendo todo esse processo em curso e tendo seus justos anseios, o MFA começa a organizar-se de fato para uma tomada de poder em solo Metropolitano. Suas reivindicações corporativas acabaram tornando-se um projeto nacional, democrático e socialista.

Os militares do MFA sentiram dentro da própria África esse movimento global e, portanto, vieram a entender que o modelo salazarista mantinha Portugal em um estado de atraso, tanto no campo das alternativas econômicas e políticas, como no campo da economia interna. O projeto econômico português passava por sérios problemas, principalmente na questão da distribuição de renda e da alimentação. Todo esse processo interno aliado aos recentes fracassos nas batalhas contra os guerrilheiros dentro das colônias é que deram aos militares subsídios para pensar uma mudança.

Com a morte de Salazar em 1970, a ditadura continuou. Apesar das esperanças despertadas pela

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