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INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS HISTÓRIA DA AMÉRICA

Por:   •  8/7/2019  •  Resenha  •  1.569 Palavras (7 Páginas)  •  187 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

HISTÓRIA DA AMÉRICA 1

Prof. Dr. Luiz Estevam de Oliveira Fernandes

Discentes: Anderson Fernando Gomes de Souza/ Ariana

Sobre o autor e Obra

Tzvetan Todorov Nasceu em Sofia, Bulgária, em 1939, e estudou filologia na Universidade de Sofia. Em 1963, emigrou para Paris e foi professor visitante das universidades de Yale, Harvard, Columbia e Berkeley. Morreu em Paris, em 7 de fevereiro de 2017.

A obra “A conquista da América: a questão do outro” de Tzvetan Todorov publicada 1982. Nessa obra, o autor discute a conquista da América  pelos espanhóis no século XVI e expõe questões sobre conceito de alteridade, existente na relação de indivíduos pertencentes a grupos sociais distintos, nesse caso índios e espanhóis

Tese AMAR

Neste capítulo é possível identificar que Todorov coloca a questão da alteridade entre espanhóis e índios na conquista da América no século XVI ,como tese principal.

Todorov inicia este capítulo escrevendo que os espanhóis compreendiam o mundo Azteca melhor do que os Azteca compreendiam os espanhóis. O autor então levanta a questão do por que essa compreensão, e mesmo admiração, levam os espanhóis a tomar e destruir o mundo Azteca ao invés de se aproximarem? Todorov demonstra então que essa compreensão se dá apenas no universo dos objetos; a arquitetura das casas, as mercadorias, os tecidos e joias, não são acompanhadas  de uma visão plena do outro como sujeito. Segundo o autor isso acarreta no uso dessa “compreensão visando à exploração”, “ao tomar para eles; o saber será subjugado pelo poder.” Em seguida Todorov examina a destruição do mundo Azteca nos planos quantitativo e qualitativo. O autor primeiro demonstra como alguns cronistas do século XVI especulavam, mas não era possível ter certeza de quantos índios foram mortos, apenas se sabia que foram muitos chegando na casa dos milhões, dando razão a Las Casas. A população do México, por exemplo, caí de 25 milhões para 1 milhão em menos de cem anos de conquista!

Depois Todorov mostra como se deu a destruição no plano qualitativo. Ele inicia mostrando alguns relatos da época que falavam sobre as formas brutais com que os conquistadores tratavam os índios; Chacinas apenas para verificar se as espadas estavam afiadas, recém-nascidos tirados do peito das mães para serem dados como comida aos cães, narizes e outros membros cortados, estupro de índias entre outras barbaridades inomináveis. O autor mostra que uma das explicações para as atitudes brutais dos conquistadores era que na  busca por riqueza, eles negligenciavam o bem-estar e a vida dos outros . Mas não isso não explica tudo. Para Todorov é como se tudo mostrasse que os espanhóis tinham um prazer intrínseco na crueldade, em exercer poder sobre os outros. Aqui ele escreve que é possível ver traços imutáveis da “natureza humana” como a “agressividade” “pulsão de morte” e “pulsão de domínio” (termos psicanalíticos).

Todorov trata aqui do debate que ocorreu no século XVI, na Europa, em torno de como os índios deveriam ser encarados. Ele coloca de um lado do debate a Desigualdade como sendo a visão do índio como um ser inferior e do outro lado a Igualdade, que vê o índio como semelhante.

 Todorov começa apresentando o Requerimento, um documento que elaborado para regulamentar as conquistas espanholas e que supostamente seria bom para os índios uma vez que dava a eles chances de se tornaram súditos da Rainha. Segundo o Requerimento Jesus seria o “chefe da linhagem humana” e os Papas seus representantes na aqui Terra, a certa altura um desses Papas “concede” aos Reis da Espanha as terras recém-descobertas (America) e agora esses iriam tomar posse.

Esse documento era, na teoria, lido aos índios e se eles aceitassem tudo de bom grado se tornariam Vassalos da Rainha, caso contraria seriam conquistados a força. Todorov deixa claro que o Requerimento na verdade representava o interesse da Desigualdade, uma vez que ele trazia apenas uma visão cristã de mundo a um povo que não fazia ideia de quem fosse Cristo, e os colaca como inferiores dando a eles como única opção se submeterem a isso de livre espontânea vontade ou à força.

Todorov nos mostra como os adversários do Requerimento apontam sua contradição em usar o cristianismo para conquistar e escravizar os índios uma vez que essa religião tem como principio a igualdade. E do outro lado os partidários da Desigualdade defendem a guerra justa, que basicamente era a ideia de que os espanhóis tinham o direito de fazer guerra aos índios e ao vencer poderiam legitimamente os fazer escravos.

O autor mostra como essa bipolaridade de ideias tinha do lado da Desigualdade como base o pensamento Aristotélico da hierarquia da superioridade/inferioridade, e do outro lado, o  da Igualdade, o pensamento Cristão com a oposição de mal/bem.

        No texto o autor traz o filosofo Sepúlveda, como representante do pensamento aristotélico, que acredita serem os espanhóis naturalmente superiores aos índios como, em suas palavras, são os adultos em relação às crianças e os homens às mulheres.  Sepúlveda apresentava quatro razões que tornavam a guerra contra os índios legitima; Serem inferiores, praticarem canibalismo, fazerem sacrifícios humanos e por ultimo não serem cristãos. Sepúlveda, vê tudo isso como o Mal e acredita terem os espanhóis não só o direito como também o dever de impor o Bem aos índios.  Assim possível ver o incapacidade do filósofo, aqui como representante dos partidários da Desigualdade, de aceitar a diferença do outro. Tudo que não é igual à ele é consequentemente inferior.

        Como representante da Igualdade e grande adversário de Sepúlveda temos, no texto de Todorov, o padre secular Las Casas que tinha como base o pensamento cristão. Las Casas era contra os maus tratos e escravidão dos índios e vai buscar um respaldo para suas  ideias na bula papal de 1553, onde o Papa Paulo III afirma basicamente que o índios são homens e sendo homens são a imagem e semelhança de Deus, assim qualquer mal cometido contra os índios é uma ofensa a Deus, um pecado.

Todorov mostra que Las Casas vê o índio como “dotado de virtudes cristãs, são obedientes e pacíficos” e assim projeta neles seu ideal cristão. Las Casas coloca a partir de sua visão uma inversão de valores, colocando os espanhóis (Nós) como o Mal e os índios (Eles) como o Bem.   Las Casas  não vê, ao contrario de Sepúlveda, índio como um ser inferior , mas só consegue isso por que o vê nele virtudes cristã. Assim é notável que Las Casas só consegue aceitar o “Outro” ao projetar nele o “Eu”.

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