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Invenção do Trabalhismo - Fichamento

Por:   •  6/7/2017  •  Trabalho acadêmico  •  3.391 Palavras (14 Páginas)  •  418 Visualizações

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A INVENÇÃO DO TRABALHISMO

Alexandre Marcondes Filho, em janeiro de 1942 o novo ministro passou a ocupar, todas as quintas-feiras, durante dez minutos, os microfones do programa “ Hora do Brasil” produzido pelo Departamento de Imprensa e Propaganda e irradiado pela Rádio Nacional.

Durante praticamente todo o período ministerial – de janeiro de 1942 a julho de 1945- Marcondes falou semanalmente pelo rádio, realizando mais de duzentas palestras. Esta nova estação, chamada a “ Rádio dos Trabalhadores”, emitia pequenas chamadas de cerca de três minutos em horários-chave, como por exemplo no intervalo de programas musicais de grande audiência popular.

Tal iniciativa mercê reflexão. Não porque se tratasse de experiência absolutamente inédita no campo da propaganda doutrinária ao tempo do Estado Novo. Vale recordar que o interventor pernambucano Agamenon Magalhães escrevia artigos diários em seu jornal A Folha da Manhã discutindo todos os temas políticos da conjuntura em linguagem simples e direta. Além disso, Cassiano Ricardo, editor do jornal A Manhã e diretor do Departamento Cultural da Rádio Nacional irradiava diariamente um programa chamado “ Crônicas de Interesse Nacional”.

Mas havia outro exemplo ilustrativo anterior à experiência estado-novista,Pedro Ernesto, interventor no pós-30, aperfeiçoara sua imagem de médico bondoso e voltado para o atendimento aos pobres.

Era a primeira vez no Brasil que uma autoridade do porte de um ministro de Estado se dirigia a tão grande público, usando sistematicamente, como instrumento divulgador de mensagem, o rádio. A divulgação pela imprensa ou outros meios de difusão das palestras de Marcondes funcionariam mais como um reforço ao canal de comunicação com maior penetração na época.

As palestras se dirigiam a um público específico e em grande parte analfabeto, e seu conteúdo, apesar de diversificado, tinha um eixo fundamental: a legislação social trabalhista do Estado Novo.

É interessante examinar o esclarecimento dado pelo próprio Marcondes. Segundo ele, o programa semanal constituía uma experiência destinada a divulgar pelo processo mais rápido e amplo as medidas governamentais em matéria de legislação social.

O conteúdo das palestras abarcaria predominantemente o novo direito social, diagnosticado como uma matéria desconhecida pelo próprio trabalhador, seu beneficiário.

As causas dessa situação eram muitas e distintas. As dificuldades de comunicação entre as regiões do país constituíam apenas a faceta geográfica do problema. Na verdade, a ela se somava, como causa da ignorância do nosso povo., o tipo de processo histórico que presidira a elaboração da legislação social.

O impacto e a penetração políticas de tais palestras são um dado difícil de avaliar em seus resultados efetivos. Porém, é extremamente reveladora a escolha do rádio e a continuidade e publicidade que o programa veio a ter, o que demonstra que a iniciativa no campo político da doutrinação funcionava como detonadora e articuladora de toda uma política ministerial.

Para Marcondes, a questão não era a falta de ânimo e de capacidade dos trabalhadores- seu “atraso”- mas uma provável incompetência dos organizadores do programa, que poderiam não conseguir traduzir assuntos às vezes muito técnicos em linguagem simples. A intenção era difundir a legislação social como de fato ela era: uma obra prima da clareza governamental que necessitava apenas ser depurada de sua dimensão mais formal.

(...) o programa radiofônico construíra decisivamente para tornar a legislação social um patrimônio do trabalhador e da comunidade nacional.

As palestras semanais enfocavam toda a legislação social produzida, regulamentada e reformada a partir do ano de 1930, com ênfase especial para as iniciativas de administração do Ministerio do Trabalho. A história das leis sociais, seu conteúdo, seus pontos polêmicos, tudo isso era tratado pelo ministério em tom pedagógico a até mesmo paternal.

Mas as paletras não tratavam exclusivamente da temática vinculada ao trabalho. Já que o ministro era também da Industria e do Comercio, cumpria destinar certas falas a noticias sobre essa esfera administrativa.

Além dos assuntos vinculados diretamente à sua pasta, Marcondes abordava alguns temas de conjuntura politica nacional e internacional. As dificuldades trazidas pela guerra e pronunciamentos de lideres como Rossevelt e Churchill eram sempre comentados pelo ministro, que aproveitava a oportunidade para estabelecer um paralelo com Vargas.

O conjunto de palestras de Marcondes, ao longo de três anos e meio, constitui uma espécie de diário, não só da politica trabalhistas, como também do próprio momento nacional.

A preparação destas palestras semanais ficava geralmente a cargo de um pequeno grupo de homens que formavam um verdadeiro staff ministerial. Contudo, Marcondes não recebia textos prontos, fechados. A ele era indicada a temática e o curso da palestra, mas a montagem definitiva do discurso ficava a seu cargo pessoal.

Marcondes, em inúmeras ocasiões, identificava-se não como ministro, mas como um ‘’proletário intelectual’’ que apenas executivas um tipo determinado de trabalho naquele momento.

2- A criação do tempo festivo

Foi com o Estado Novo que teve inicio uma serie de comemorações oficiais que procuravam destacar certas datas, envolvendo a população em um calendário festivo. Evidentemente, o grande destaque cabia à figura do trabalhador, ao qual era oferecida especialmente a festa do 1º de maio.

O primeiro Dia do Trabalho comemorado pelo Estado Novo foi o do ano de 1938, quando o presidente Vargas discursou teor desta festividade. (...) O presidente anunciou na ocasião o regulamento da lei do salario mínimo e assumiu o compromisso de, a partir de então, sempre ‘’presentear’’ os trabalhadores com a realização na área da politica social.

Neste mesmo ano, a comemoração do primeiro aniversario de Estado Novo, a 10 de novembro, sugestivamente ganhou contornos distintos. (...) Foi nesta ocasião que Vargas, pela primeiro vez em uma festa de caráter trabalhista, usou o vocativo ‘’Trabalhadores do Brasil’’, que se transformaria em seu bordão ao encarnar o papel do líder das massas operários, e, não por acaso, inspiraria o titulo do programa radiofônico do Ministério da Trabalho.  

(...) o Dia do Trabalho. (...) Era sempre uma comemorações de massas, na qual o Presidente em pessoa se encontrava e falava com os trabalhadores. Mais do que isto, era uma data que passou a ser aguardada pelos trabalhadores, já que era a ocasião em que se anunciava mais uma iniciativa governamental de peso no campo do direito social: o presente da festa.

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