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Islamismo

Por:   •  4/5/2016  •  Trabalho acadêmico  •  7.721 Palavras (31 Páginas)  •  179 Visualizações

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Ism Alah, Al Rahman, Al Rahim

«Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso»

(Alcorão)

Introdução

A procura do Transcendente, do Sagrado, de Deus, é uma questão humana e universal. Nas mais variadas situações existenciais, particularmente nas “situações limite”, as pessoas interrogam-se sobre a existência de uma realidade que as transcende. Onde quer que se encontrem vestígios de atividade humana, aí se encontram manifestações do religioso. Em todos os tempos e lugares, a humanidade procurou encontrar-se com o divino: construiu templos, celebrou festas e rituais, integrou as crenças no quotidiano. Independentemente do que se pensa da religião, ela é uma realidade estruturante das sociedades, e a compreensão da história da humanidade só se pode fazer tendo em conta a dimensão religiosa.

O termo «religião» vem do latim religare, que significa «ligar, unir». De facto, a religião é um conjunto de mitos (relatos, textos sagrados, símbolos), ritos (preces, ações, sacrifícios) e normas (mandamentos, preceitos, regras) com o qual o homem exprime e realiza os seus contatos com Deus. A religião desempenha, indubitavelmente, funções importantíssimas em relação ao individuo e à sociedade: dá um sentido à vida, uma meta à transcendência, garante um adequado fundamento aos valores e à moral, unifica e consolida um grupo social.

Este trabalho acerca do Islamismo foi proposto na disciplina de História das Religiões, no âmbito de se desenvolver e apresentar uma recolha de dados sobre esta Religião. Este trabalho tem como objetivo expor os valores morais e culturais adjacentes à Religião Islâmica. Centra-se, portanto, no estudo dos dogmas, crenças, hábitos, na história do Islão até aos dias de hoje e nos traços gerais característicos desta religião em estudo.

  1. Origem conceitual e etimológica da palavra «Islamismo»

São muitos os equívocos subjacentes a este nome. Até há muito tempo, o Ocidente chamava-lhe maometismo, o que não só está errado, como é ofensivo. Está errado, dizem os muçulmanos, porque Muhammad[1] não criou esta religião: foi Deus – Muhammad limitou-se a ser o porta-voz de Deus. Além disso, é ofensivo por transmitir a impressão de que o Islamismo se concentra num homem e não em Deus. Usar cristianismo a partir do nome de Cristo é adequado, dizem, uma vez que os cristãos crêem que Cristo é Deus. Mas chamar maometismo ao Islamismo é como chamar são-paulismo ao cristianismo.

O nome correto desta religião é Islamismo. Derivando do radical s-l-m[2], que quer dizer, antes de mais nada, «paz» mas, num segundo sentido, «rendição», o seu significado completo é «a paz que advém quando entregamos a vida a Deus». Isto faz do Islamismo uma das duas religiões[3] que recebeu o nome a partir de um atributo que tem por fim cultivar: a absoluta submissão da vida de Deus. Os que aderem a ele são conhecidos como muçulmanos.

Se perguntarmos como nasceu, a resposta do leigo indicará correntes sociológicas presentes na Arábia no tempo de Muhammad e utilizá-las-á para explicar o que aconteceu. A resposta dos muçulmanos é diferente. O Islamismo não tem início com Maomé, na Arábia do século VI, dizem, mas com Deus. «No princípio, Deus…»[4], diz-nos o livro dos Génesis. O Alcorão[5] concorda. Só difere no uso da palavra Alá. Alá é formado pela contração do artigo definido al (significado «o») com Ilah (Deus). Em termos literais, Alá quer dizer «o Deus». Não um deus, pois existe apenas um. O Deus.

Deus criou o mundo e, depois dele, os seres humanos. O nome do primeiro homem foi Adão. Os descendentes de Adão vão até Noé, que tinha um filho chamado Sem. É deste nome que deriva a palavra «semita». Tal como os judeus, os árabes consideravam-se um povo semita. Os descendentes de Sem vão até Abraão e até aqui ainda nos mantemos dentro da tradição judaico-cristã. Aliás, a submissão de Abraão ao teste supremo – estaria ele disposto a sacrificar o filho? parece estar na origem da designação «Islão». Abraão casou com Sara. Sara não tinha filhos e, por isso, Abraão, desejoso de ter descendência, tomou Agar como segunda esposa. Agar gerou um filho, Ismael, mas, depois disso, Sara concebeu e teve também um filho, chamado Isaac. Sara exigiu então a Abraão que banisse da tribo Ismael e Agar. E aqui chegamos à primeira divergência entre os registos corânicos e bíblicos. Segundo o Alcorão, Ismael foi para o local onde Meca viria a ser edificada. Os seus descendentes, prosperando na Arábia, tornaram-se muçulmanos; ao passo que os de Isaac, que ficaram na Palestina, eram hebreus e tornaram-se judeus.[6]

  1. Muhammad e a importância dos seus sucessores no nascimento e formação do Islão

O Islão nasceu na Arábia, região à qual os árabes se referiam como Jazirat Al-´Arab[7], o que denota o seu carácter isolado, separada da África e da Ásia pelo mar, é uma região inóspita marcada pela presença de um deserto, onde a água é um bem raro.

Antes do advento do Islão, os árabes não formavam uma unidade política coerente. Nos primórdios do século sétimo a Arábia posicionava-se em torno de dois impérios que se defrontavam: a Oeste, o império Bizantino – cristã e herdeiro de Roma; a Leste, o império Persa, onde a religião oficial era o Zoroastrismo[8].

A base desta sociedade eram tribos que reuniam descendentes de um mesmo antepassado. Uma tribo era composta por vários clãs e agrupava famílias alargadas que se encontravam sob a autoridade de um homem. Algumas das tribos eram sedentárias, outras eram nómadas.

De um ponto de vista religioso, a Arábia era a terra do politeísmo, mas também nela viviam comunidades monoteístas. Tribos judaicas, que se assume que tenham chegado à Península Arábica após a destruição do Segundo Templo[9] no ano setenta, formavam comunidades que habitavam os locais de Fardak e Yathrib, nome pré-islâmico da cidade de Medina. As principais divindades eram adoradas sob a forma de uma árvore ou de um bétilo (pedra sagrada). Alguns bétilos eram transportáveis e acompanhavam os nómadas nas suas deslocações. Os Árabes erguiam santuários e sacrificavam animais em sua honra. Os Árabes reconheciam uma divindade a que chamavam de Alah, criador de todas as coisas, mas esse não tinha o mesmo conceito que mais tarde foi atribuído pelo Islão.

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