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"Kiriku E A Feiticeira": O Cinema No Ensino Da Cultura Africana

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Por:   •  24/9/2014  •  2.447 Palavras (10 Páginas)  •  1.198 Visualizações

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“KIRIKU E A FEITICEIRA”: O CINEMA NO ENSINO DA CULTURA AFRICANA

Graciane Torres Azevedo

Universidade Luterana do Brasil – ULBRA

Curso de História

RESUMO

O cinema é uma expressão não só artística, mas também ideológica, socializante e socializadora. A “sétima arte” é reconhecida por ser um meio de expandir nossas formas de pensar, aprender modos de agir, e como afirmam muitos críticos, propagar ideologias. Não se pode ser indiferente ao poder deste veículo em sala de aula, como um eficiente material didático, especialmente nas aulas de História. Este trabalho tem por objetivo demonstrar um pouco da utilidade desta metodologia (cinema) na aplicação da Lei 10639/2003, sobre a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-brasileiras. Tomando como exemplo o filme “Kiriku e a Feiticeira”, visa-se propiciar um contato mais direto com a cultura africana (especialmente a história oral) em todos os seus âmbitos, e assim favorecer a reflexão sobre a temática da identidade e diversidade étnica, o respeito às diferenças e a construção da cidadania – bem como o importante papel do professor como mediador do conhecimento.

Palavras-chave: cinema, educação, cultura africana.

1. INTRODUÇÃO

Voltado às massas, e responsável por difundir costumes, linguagens e ideologias, o cinema sempre foi muito apreciado, desde sua criação na França, pelos irmãos Lumiére , no final do século XIX. Essa apreciação pela sétima arte não passaria despercebida aos historiadores, que sempre elencaram o cinema como uma boa fonte para seus estudos e transmissão de conhecimento.

Sendo assim, este trabalho tem como um de seus objetivos fazer uma releitura da aplicação de filmes em sala de aula - especialmente o gênero animação - como recurso didático. Através do filme “ Kiriku e a Feiticeira”, propõe-se um direcionamento dentro da temática da cultura e história africana e afro-brasileira, mostrando as possibilidades não só da aprendizagem, mas também da conscientização sobre o tema.

A obrigatoriedade do ensino da História Afro-brasileira é um tema para reflexão relevante, e neste contexto, podemos utilizar o cinema como experiência crítica capaz de nos retirar da corrupção social que hoje nos atinge. Ainda hoje, imagens e cinema não entraram evidentemente no cotidiano escolar, isso porque a História ( e seus historiadores) têm dado uma ênfase maior ao documento escrito e inserindo – muito vagarosamente – outras possibilidades de ensino.

O trabalho com a linguagem cinematográfica pode ser um estimulante poderoso da capacidade de análise dos estudantes e da sua formação histórico-crítica, quando bem desenvolvido. O exemplo deste trabalho – o filme “Kiriku e a Feiticeira” – é apenas um, entre as muitas possibilidades de apresentar aspectos culturais africanos poucos explorados, e que certamente fará com que os alunos compreendam esta dinâmica e a relacionem com nossa própria cultura.

2. O CINEMA E AS AFRICANIDADES

Os vestígios históricos contidos em um filme podem estar presentes de muitas maneiras: seja em sua própria narração, seja na maneira de um expectador relatar para quem não viu e seja principalmente por se tratar do cotidiano do mundo dos homens.

O autor Lukács (1988) enfoca que os caminhos que são percorridos pela arte verdadeira (seja ela cinema ou todo o âmbito contemplado pelo significado da palavra) provêm da realidade social, portanto todas as estradas da respectiva obra devem conduzir à realidade social. Ele defende que toda arte é uma atividade que parte da vida cotidiana e produz um movimento de elevação da consciência sensível dos homens, ampliando seus horizontes e colocando-os em relações mais ricas e estreitas com a própria realidade. Como o mesmo autor diz,

A arte representa sempre e exclusivamente o mundo dos homens, já que em todo ato de reflexo estético (diferentemente do científico) o homem está sempre presente como elemento de mediação nas relações e nas ações e nos sentimentos dos homens, deste caráter objetivamente dialético do reflexo estético, de sua cristalização na individualidade da obra, nasce uma duplicidade dialética do sujeito, isto é, nasce no sujeito uma contradição que por sua vez, revela também o reflexo de condições fundamentais no desenvolvimento da humanidade. (LUKÁS, 1988, p.284)

Enfatizando o forte papel social do cinema, se torna muito interessante aos docentes – neste caso os docentes da disciplina de História – utilizar este meio em sala de aula, não só como forma de lazer, mas principalmente como fonte de conhecimento, contato visual com fatos históricos (ainda que não sejam exatamente fieis) e com a cultura de outros povos e épocas. Neste sentido, Souza (2006) afirma que

[...] levar o escurinho do cinema para a sala de aula é muito mais do que projetar a implantação da Lei 10.639/2003. É sem dúvida alguma, promover atividades lúdicas, recreativas e estimular os nossos (as) alunos (as) a encontrar no suspense, na ficção, no drama, na comédia ou animação, entre outras categorias cinematográficas, recursos para construção coletiva de uma escola democrática e harmônica, em que o compromisso com o respeito à diversidade e à cidadania esteja pautado nos critérios e escolas do roteiro curricular. (SOUZA, 2006, p. 123)

Se faz necessário identificar as inovações – neste caso o cinema – e adequá-las à realidade educativa, para que não caia no “ensino tradicional” que prioriza apenas o saber, mas que também contemple a compreensão efetiva dos acontecimentos estudados. Podemos perceber que a cultura escolar influencia o processo ensino/aprendizagem em todos os níveis – envolvendo todos os âmbitos da escola e moldando seu perfil. Mas também é importante abrir-se para as novas tecnologias e utilizá-las à favor do ensino: aqui queremos demonstrar a grande possibilidade que é trabalhar com o cinema em sala de aula.

Não se pode dizer que é uma tarefa fácil, visto que a aplicação de filmes em sala de aula pode parecer um passatempo, se não for desenvolvida com propriedade pelo professor. Mas, se bem desenvolvida, pode proporcionar ao aluno a oportunidade de conhecer outras culturas

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