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Leolinda (feminista)

Artigo: Leolinda (feminista). Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  9/4/2014  •  1.356 Palavras (6 Páginas)  •  417 Visualizações

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Leolinda de Figueiredo Daltro

(1860-1935)

Feminista e Indianista.

(Dicionário Mulheres do Brasil)

Nasceu na Bahia e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde morou a maior parte de sua vida desempenhando um importante papel político como precursora do feminismo e do movimento em prol dos índios no Brasil. Teve cinco filhos e criou-os separada do marido.

Foi bem próxima do republicano Quintino Bocaiúva e amiga de Orsina da Fonseca, primeira mulher do presidente Hermes da Fonseca. Apaixonada pela ideia de incorporar os índios brasileiros à sociedade por meio da educação, sobretudo sem conotações religiosas, usou de todos os artifícios a seu alcance para, no ano de 1986, iniciar o ambicioso projeto de percorrer o interior do Brasil promovendo a alfabetização de tribos indígenas. A proposta de Leolinda era ousada e inovadora. Naquela época, o debate publico em torno da questão estava ora em favor da catequização acompanhada da completa aculturação de tribos, ora em favor da sumaria eliminação das populações indígenas remanescentes no Brasil.

Leolinda deixou os filhos com parentes e viajou para Minas Gerais, passando antes por São Paulo, onde encontrou apoio, inclusive financeiro, de homens influentes, como o fazendeiro e politico republicano Eduardo Prado, Horace Lane, Caio Prado, Martinho Prado e Elias Fausto. Contudo, à medida que se aproximava do interior, Leolinda ia encontrando fortes resistências a sua proposta. A incorporação dos “silvícolas” à sociedade, respeitando-se as especificidades culturais desses povos, afetava os dois principais pilares do poder no Brasil, em fins do século XIX, que eram a Igreja e a propriedade latifundiária.

Em razão de suas ideias, Leolinda sofreu em Uberaba toda sorte de perseguições, chegando a ser escorraçada da cidade sendo chamada de “mulher do diabo”. Foi então para Araguari, cidade vizinha, ainda no Triangulo Mineiro, de onde iniciou uma longe viagem que durou até 11897, pelos sertões de Goiás, atingindo as fronteiras do Maranhão e do Pará.

Voltou ao Rio de Janeiro e fundou o Grêmio Patriótico Leolinda Daltro, com a finalidade de defender a alfabetização dos índios sem a interferência da Igreja. Representando esta entidade, Leolinda passou a frequentar as comemorações cívicas, como o dia da Bandeira e o Tiradentes, sempre acompanhada de alguns indígenas que permaneciam a seu lado desde suas incursões pelo interior. Isto causava enorme repercussão na imprensa, onde muitos se dedicavam a criticá-la e ridicularizá-la.

Na década de 1910, Leolinda foi diretora da Escola de Ciencias, Artes e Profissões de Orsina da Fonseca, situada na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro. Passou a dedicar-se intensamente à causa feminista, que reivindicava a conquista da cidadania plena para as mulheres. Com base na omissão da Constituinte de 1891 no que se refere ao voto feminino. Leolinda requereu seu alistamento eleitoral, porem teve seu pedido recusado. Em protesto, fundou, em dezembro de 1910, o Partido Republicano Feminino, cujo objetivo era mobilizar as mulheres na luta pelo direito ao voto. Para tanto, contou com o apoio e o prestigio da primeira-dama Orsina da Fonseca.

Em contrapartida, colaborou com a politica nacionalista do presidente Hermes da Fonseca, que havia instituído em 1908 uma nova lei de recrutamento militar que permitiu que Leolinda ajudasse na criação, dois anos mais tarde, da Linha de Tiro Feminino, na qual as mulheres poderiam receber treinamento com armas de fogo.

Por mais de uma década, Leolinda e suas companheiras de militância, entre elas a poetisa Gilka Machado, ocuparam a cena politica carioca colocando em evidencia a questão do sufrágio feminino. Fazia parte de sua estratégia comparecer a todos os eventos que pudessem causar repercussão na imprensa. O partido Republicano Feminino foi o movimento precursor na luta das mulheres brasileiras em prol do sufrágio e chegou, em novembro de 1917, a promover uma marcha pelas ruas do centro do Rio de Janeiro, com a participação de cerca de 90 mulheres.

A ousadia de Leolinda e de suas companheiras obteve os resultados esperados, pois a polemica em torno da cidadania das mulheres tornou-se viva e real. Farta correspondência foi enviada por leitores aos grandes jornais cariocas daquele período. O militar Turíbio Rabioli, leitor do Jornal do Brasil, enviou carta furiosa e indignada em Outubro de 1918 a Carlos de Laet, a propósito da posição deste articulista que louvava o fato de Maria José de Castro Rabelo haver conquistado o direito de se inscrever no concurso público do Itamarati. Acusava também a professora Daltro e outras senhoras de estarem interessadas na “masculinização do seu adorável sexo”. Em resposta, Laet aconselhou o leitor a ouvir com mais atenção o que reivindicavam. Ainda sobre a questão de Maria José de Castro Rabelo, o jornal carioca A rua trouxe, na edição de 5 de outubro de 1918, menção desairosa ao Partido Republicano Feminino. Registros como estes comprovam que o movimento alcançou uma grande mobilização na capital federal, pois dividiu opiniões e aproveitou diversas oportunidades para dar visibilidade à condição feminina no Brasil.

Em 1919, já sem o apoio de sua amiga Orsina da Fonseca, que falecera, Leolinda lançou-se candidata à Intendência Municipal do Distrito Federal, não conseguindo, contudo,

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