Lewis Mumford Cap 1

HISTÓRIA DAS CIDADES

(Lewis Mumford)

Esclarecimento

Para melhor compreensão deste resumo do cap. 1 cabe um breve esclarecimento sobre os objetivos, alguns conceitos, e a divisão histórica, utilizados por Benevolo.

Neste primeiro capítulo o autor irá desenvolver algumas hipóteses sobre o surgimento das primeiras cidades sempre frisando que a datação exata de tal momento é praticamente impossível. Assim ele vai remontar a história do surgimento das primeiras aldeias e como elas se tornaram cidades. Além disso, Benevolo utilizará uma divisão temporal clássica dentro dos estudos de história demarcando as transformações na vida da humanidade, demonstrando ao mesmo tempo o papel de protagonista exercido ora pela mulher, ora pelo homem.

Período Paleolítico – é o período que vai do surgimento do homem, +- 3 milhões de anos atrás, até aproximadamente 15 mil anos atrás (os homens eram caçadores e coletores e não tinham uma residência fixa, ou seja, eram nômades).

Período Neolítico – é o período que vai de 15 mil anos atrás, até o surgimento da escrita 6 mil anos atrás. É no neolítico que os homens descobrem a agricultura e se se tornam sedentários, ou seja, passam a viver em aldeias. Estas aldeias serão os embriões das primeiras cidades.

CAPÍTULO 1

• A cidade na história

A definição do que seja uma cidade é muito difícil dada suas diferentes finalidades, suas diferentes manifestações, ao longo do tempo. Se pouco sabemos sobre a origem das cidades, é certo que também temos dificuldades para precisar exatamente o que será seu futuro.

Para que estudar a origem das cidades e sua evolução ao longo do tempo?

O olhar para o passado, nestes quase 5 mil anos de história da cidades, é essencial para que o homem possa enfrentar o atual dilema: se ele se tornará um espaço de realização do próprio homem, ou se o homem se desumanizará neste espaço. Olhar para o passado das cidades é vislumbrar como será seu futuro.

• Instigações e antevisões animais (como a associações humanas e animais são semelhantes)

Por que os homens passam a viver conjuntamente?

A origem da cidade está, possivelmente, ligada a uma necessidade básica, não só do homem, mas como de vários seres vivos. Proteção e alimentação. Nisso o homem se parece com inúmeros outros animais que vivem em comunidades visando proteção, alimentação e perpetuação da espécie.

O funcionamento da vida em uma colmeia, termitário (colônia de cupins) ou formigueiro se assemelha a vida dos homens em cidades. A divisão social do trabalho (cada um tem uma tarefa dentro da cidade), a existência de uma realeza, as guerras, são atividades presentes no reino animal que fazem um paralelo interessante com os primeiros aglomerados humanos.

• Cemitérios e templos: germes das cidades, locais de retorno

A Necrópolis foi a primeira cidade humana – a prática do sepultamento (enterro dos corpos dos mortos) fez nascer primeiro uma cidade dos mortos para só então vir a tonar uma cidade dos vivos. Os locais onde os corpos eram sepultados, formaram uma necrópolis, ou seja, uma cidade dos mortos, e neste local os homens sempre se encontravam seja para sepultar novos mortos, seja para manifestações religiosas.

Antes mesmo das cidades se tornarem um local de residência fixa, elas foram antes locais em que as pessoas retornavam, seja para sepultar seus mortos, seja para se protegerem de possíveis ameaças, sejam para celebrarem misticamente suas crenças... O primeiro germe da cidade é o ponto de (re) encontro cerimonial, para preservar a vida ou celebrar a morte!

• A domesticação e a aldeia

A domesticação de animais e a experiência agrícola (cultivo de alimentos, preparo para as plantações, irrigação, etc.) obrigaram os homens no período neolítico a se fixarem em um local apenas, ou seja, eles se tornaram sedentários. As consequências são imediatas, sem a privação de alimentos, com mais segurança, os homens passam a viver mais, a adquirir e transmitir mais conhecimentos, a manter relações sexuais mais contínuas e, consequentemente, a gerar mais filhos.

A mulher passa a ter um papel fundamental neste processo. Além de progenitora, a ela irá se atrelar uma série de funções relativas à sobrevivências nas primeiras aldeias.

Durante a fase de transição da vida nômade para a vida sedentária, as mulheres terão um papel destacado. Vivendo nos lares, cuidando dos filhos, elas serão também as responsáveis pela criação das primeiras ferramentas mais delicadas como a enxada e também de inúmeros recipientes, jarros, vasos, essenciais nesta nova fase em que os alimentos devem ser guardados.

• Cerâmica, Hidráulica e Geotécnica

As novas ferramentas e armas terão traço feminino, serão lisas e arredondas, diferentes dos objetos presentes na época da pedra lascada (período paleolítico). As maiores invenções técnicas se deram não no terreno das armas e instrumentos, mas nos dos recipientes.

A abundância de alimentos, gerada com a descoberta da agricultura, vai fazer necessário o desenvolvimento de recipientes para comportá-los.