Museu Paranaense e Romário Martins
Por: Guilherme These • 27/5/2025 • Resenha • 2.421 Palavras (10 Páginas) • 7 Visualizações
Aluno: Guilherme These Batista
Atividade: Fichamento de livro apresentado em seminário
CARNEIRO, Cíntia Braga. O Museu Paranaense e Romário Martins: a busca de uma identidade para o Paraná. Curitiba: SAMP, 2013 | |
Páginas | Comentários/Citações |
| Comentário: Introdução do livro, onde a autora estabelece o recorte do período histórico abordado. 1853, na emancipação do Paraná, até 1928, fim da gestão de Romário Martins no Museu Paranaense.
“A afirmação da identidade está vinculada a necessidades de reforço e de construção de imagens e os museus, locais que se caracterizam pela prioridade em exposições de objetos materiais e pela possibilidade de explorá-los cognitiva e afetivamente, se constituem em um campo fértil para definir e reforçar identidades.” (p.23) |
| Comentário: A autora retoma o histórico dos museus, dividindo em três momentos: Continuando com a história dos museus, a autora chega ao período do século XIX, conhecido como “era dos museus”, no qual a formação dos Estados Modernos influencia diretamente na concepção dos museus, dada a ascensão dos nacionalismos e a necessidade de formação das identidades nacionais. Os museus passam a ser “propagadores” dos ideais de civilização da época e dos feitos grandiosos do passado. Passam também a ser instituições de pesquisa e cunho científico, contribuindo para a instrução pública. É nesse período de efervescência dos museus no século XIX que é fundado o Museu Paranaense.
“Sob a influência dos humanistas da Renascença, que trouxeram novamente o interesse pela Antiguidade e o gosto por coleções, apareceram, portanto, os primeiros locais onde grandes obras de arte e curiosidades eram reunidas e expostas a um público selecionado.” (p.32) “No chamado Século das Luzes, como é conhecido o século XVIII, tem-se, portanto, a origem do museu moderno, com suas funções de pesquisa, educação, valorização do racionalismo, método e classificação.” (p.33) e interessadas na educação pública, viam, através dessas instituições, uma forma de dar à sua população acesso à ciência e à história. Assim, os museus, locais ideais para divulgação do progresso e dos novos padrões de civilização, passaram a ser localizados em grandes espaços e as exposições se tornaram mais organizadas.” (p.36) |
| Comentário: Continuando o resumo sobre a história dos museus, a autora aborda os primeiros museus brasileiros do século XIX, traçando paralelos entre eles e jogando luz sobre Museu Paranaense, o qual pouco se aborda na literatura. Citações: constituíram em espaços para a consolidação da identidade e da memória nacional ou, conforme o caso, regional, pois tentavam exibir os mais variados objetos de modo organizado, compreensível para uma identificação com o público, parecendo instituições consagradas à exaltação da sociedade específica de cada local.” (p.39) |
| Comentário: A autora remonta a cronologia dos primeiros anos do Museu Paranaense. O texto conta um pouco da história do Paraná para contextualizar a criação do Museu. Nesse contexto, são nomeados Agostinho Ermelino de Leão e José Candido da Silva Murici primeiro como membros da comissão provincial para a organização das feiras e depois como primeiros diretores do museu. Ermelino de Leão foi o diretor do Museu Paranaense desde sua fundação (1876) até o ano de 1901, quando faleceu. Seu filho assumiu a direção interinamente até que Alfredo Romário Martins fosse nomeado diretor em 1902. Nestes primeiros anos, o museu teve duas sedes e seu acervo era constituído por doações de diversos tipos – animais, minerais, madeiras, moedas, medalhas, fardamentos, etc. – e objetos devolvidos das feirais nacionais e internacionais. O museu apresentava-se como um grande gabinete de curiosidades. Ermelino de Leão preocupou-se em construir o acervo, mas não na catalogação dos objetos.
devolvidos quando terminavam as já mencionadas exposições, de coletar amostras da produção agrícola e industrial da província e de expor e difundir as riquezas do Paraná, eles fizeram ao presidente de província do Paraná, Francisco José Cardoso de Araujo Abranches, a proposta de criação de um museu e de um jardim de aclimação em Curitiba, em 1874.” (p. 49) “Com as finalidades de dar um destino à grande variedade de produtos devolvidos quando terminavam as já mencionadas exposições, de coletar amostras da produção agrícola e industrial da província e de expor e difundir as riquezas do Paraná, eles fizeram ao presidente de província do Paraná, Francisco José Cardoso de Araujo Abranches, a proposta de criação de um museu e de um jardim de aclimação em Curitiba, em 1874.” (p. 53) “Com as finalidades de dar um destino à grande variedade de produtos devolvidos quando terminavam as já mencionadas exposições, de coletar amostras da produção agrícola e industrial da província e de expor e difundir as riquezas do Paraná, eles fizeram ao presidente de província do Paraná, Francisco José Cardoso de Araujo Abranches, a proposta de criação de um museu e de um jardim de aclimação em Curitiba, em 1874.” (p. 55) “Nessa época, o acervo do museu era constituído por objetos inanimados e animais, vivos e empalhados, e as exposições mostravam as riquezas da terra e o que dela era extraído, como amostras de minerais e de produtos da flora paranaense. Assim, já nos seus anos iniciais, o museu foi se tornando, através das suas exposições, um espaço para a divulgação e valorização das riquezas do Paraná.” (p.58) |
| Comentário: A autora aborda a sociedade paranaense do século XIX. O texto conta a história do Paraná após a emancipação da Província em 1853. A burguesia da erva-mate já era predominante e o estabelecimento das divisas com São Paulo e Santa Catarina era importante. Nesse período o Paraná recebe imigrantes europeus que ocupam boa parte do território e trabalham da agricultura de abastecimento e na construção das vias férreas. No contexto de criação da identidade local, surgem movimentos como o paranista, que estabelecem a imagem do “homem paranaense” e buscam contar a história do Paraná de forma ufanista, como o movimento tradicionalista do Rio Grande do Sul faria décadas depois. Citações: “No Paraná, o plano de colonização agrícola visava o desenvolvimento de uma agricultura de abastecimento e de ocupação das terras desocupadas, de maneira diferente do que ocorreu em São Paulo, por exemplo, onde a imigração foi voltada para a plantação do café.” (p. 66) “Foi, portanto, o crescimento de uma forte economia ervateira que propiciou o desenvolvimento urbano e cultural de Curitiba, de maneira que os idealizadores e fundadores do Museu Paranaense, representantes desta burguesia, tiveram grande influência na sociedade, criando estabelecimentos culturais, como o próprio museu.” (p. 67) “À medida que crescia e urbanizava-se, Curitiba passava a ter mais atividades na área cultural e foram abertas escolas de artes, música e pintura, com aulas ministradas por professores estrangeiros, surgiram grupos musicais, clubes e sociedades literárias, além do Museu e dos dois teatros.” (p. 72) “Na formação do pensamento da intelectualidade brasileira, entre os muitos movimentos existentes no início do século XX, é importante destacar alguns, que permitiram maior conhecimento do pensamento dos intelectuais paranaenses e primeiros diretores do Museu Paranaense: o nacionalismo, o positivismo, o simbolismo e o anticlericalismo. Estas formas de pensamento acabaram influenciando a atuação de alguns diretores do museu, principalmente a de Romário Martins.” (p.77) “...Romário exerceu influência em seus contemporâneos como uma das principais lideranças no Estado e valeu-se de suas boas relações com pessoas ligadas a instituições estaduais para atingir seus objetivos, já que também era interesse do governo a construção de uma identidade e de um sentimento de pertencimento a esta terra.” (p. 94) |
| Comentário: A autora faz uma breve biografia de Romário Martins. O intelectual perdeu o pai aos 10 anos de idade e teve que começar a trabalhar logo cedo. Aos 15 ingressou no jornal “A República” como aprendiz de tipógrafo e galgou degraus até se estabelecer como redator chefe do jornal. Foi diretor do Museu Paranaense de 1902 a 1928 e fundador do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Paranista convicto foi fortemente influenciado pelo pensamento positivista, o que influenciou sua gestão à frente do museu. Citações: socialistas e dos movimentos simbolista e positivista, como foi analisado anteriormente. Sob a influência de companheiros de vida literária, como Júlia Pernetta e Dario Velloso, tornou-se um socialista combativo, publicando, em 1895, a obra Pelo Socialismo, voltada à análise dos sistemas sociais e de crítica à sociedade.” (p.99) “Romário tinha o reconhecimento pela sociedade da época de sua intelectualidade e o prestígio de um verdadeiro ‘plumitivo e homem das lettras’.” (p.100) |
| Comentário: Neste trecho a autora se debruça sobre a gestão de Romário Martins à frente do Museu Paranaense. Em sua análise, ela destaca a influência positivista de Romário em sua gestão, sendo as suas primeiras ações a catalogação e classificação do acervo existente. Romário criou novas seções no museu e foi mais criterioso que seu antecessor ao receber doações, tendo inclusive descartado itens que, na sua visão, não tinham valor histórico ou científico para comporem o acervo. Sendo um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, Romário estabeleceu fortes relações entre as duas instituições, realizando reuniões do instituto nas dependências do museu. No seu período como diretor, Romário adquiriu telas de paisagens do Paraná e retratos de figuras históricas paranaenses, criando uma espécie de “panteão” dos grandes homens que construíram o que se entende por identidade paranaense. A autora aborda, ainda, a relação do museu com os povos indígenas, tendo este servido de hospedagem por diversas vezes aos indígenas que viajavam do interior do estado à capital, a fim de reivindicar direitos sobre terras, entre outros. Romário tinha uma visão romântica sobre o índio, enaltecendo sua relação com a natureza. Esta relação entre os índios e o museu possibilitou a coleta de um grande número de objetos indígenas para o museu, resultando em um vasto acervo que constitui hoje sua seção etnográfica. Citações: auxiliado por pessoas especializadas, como os engenheiros de minas Francisco e Euzébio de Oliveira e com a catalogação das coleções de paleontologia e arqueologia, que constituíram o primeiro acervo do museu.” (p. 103) “Uma das primeiras preocupações de Romário foi quanto à seleção desse acervo e, para tanto, empenhou-se na sua organização, pois considerava indispensável a metodização (como se chama a organização) destes materiais para que o museu estivesse nos moldes das instituições dos outros estados brasileiros. Segundo ele, nessa publicação, em dois anos este material estava selecionado e as coleções foram dispostas com método, tendo sido concluído o trabalho de classificação.” (p. 106) “Pode-se perceber, por essas suas primeiras ações frente ao museu, a influência do pensamento positivista em Romário Martins, pela necessidade de se conhecer, classificar, ordenar e organizar os objetos da natureza.” (p. 107) “Desta forma, o museu se constituía, através da sua coleção de quadros, a qual se destinava a divulgar a natureza do Paraná e, sobretudo, a perpetuar a memória de homens da elite paranaense, em um espaço para a promoção de políticos renomados, numa espécie de panteão dos personagens paranaenses importantes.” (p. 109) “No caso do Paraná, a construção da identidade tornou-se uma atribuição não somente do Instituto, como também foi desempenhada pelo Museu Paranaense, no período que teve Romário Martins como seu diretor.” (p. 127) “A maneira como Romário apresenta o índio em sua obra é como o intelectual brasileiro o via, com um romantismo que transformava o indígena no símbolo do bem e da comunhão idílica com a natureza, confundindo-se com o mito da origem.” (p. 130) “Numa demonstração do interesse que os índios despertavam em Romário Martins, fato que era comum aos intelectuais da época, o museu foi adquirindo uma grande coleção de objetos indígenas, alguns provenientes de sambaquis, formando, assim, um acervo que até os dias atuais é preponderante neste museu, compondo a seção de etnologia.” (p.130) |
| Comentário: Neste trecho, a autora aborda as exposições universais. Ela define, de maneira breve, o que eram as grandes exposições e quais as suas finalidades, como o estabelecimento de relações comerciais entre países/regiões, exposições dos produtos industriais e naturais de cada localidade, etc. Basicamente uma propaganda do que a região tem de melhor a oferecer. O Paraná, como dito anteriormente, participou das exposições praticamente desde sua emancipação. A autora aborda a participação do Museu Paranaense em duas exposições: a Exposição do Cinquentenário da Província do Paraná, em 1903, a Exposição Nacional de 1908, em comemoração ao primeiro centenário da abertura dos portos. |
165-169 | Citações: “A relação do Museu Paranaense com o seu diretor Romário Martins pode ser considerada como um “caminho de mão-dupla”. Se, por um lado, Romário aproveitava este local para suas pesquisas, reuniões com outras associações, para publicações de seus livros, quase como seu escritório particular, por outro, o prestígio que este diretor possuía junto ao governo e como deputado estadual permitia uma boa divulgação do museu e possibilidades de algumas regalias, como a participação nas ‘grandes’ exposições.” (p. 167) “Como um dos mais importantes propagadores do movimento paranista, durante sua gestão como diretor o museu se constituiu em uma espécie de “laboratório” para o paranismo, um espaço por ele utilizado para expor suas ideias, já que, em outubro de 1927, quatro meses antes de Romário ter deixado a direção do museu, ele fundou o Centro Paranista.” (p. 168) “De muitas formas é possível perceber a contribuição do museu na busca dessa identidade para os paranaenses: pela sua participação nas diversas exposições do período, as quais visavam, entre suas finalidades, afirmar a identidade do novo estado perante os outros estados brasileiros; pela política de aquisição para o seu acervo de quadros de célebres políticos paranaenses e de objetos de O MUSEU PARANAENSE E ROMÁRIO MARTINS 169 arqueologia, antropologia e etnologia para a reconstrução de seu passado; pela publicação de material de divulgação de assuntos referentes ao Paraná, como o homem e o território paranaenses e como um espaço cultural para reuniões de membros de outros institutos e associações, em que a discussão versava sobre esses temas, como da Sociedade Estadual de Agricultura do Paraná e do Instituto Histórico e Geográfico Paranaense.” (p. 168-169) |
...