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O absolutismo monárquico na formação da sociedade francesa

Por:   •  30/6/2021  •  Trabalho acadêmico  •  1.119 Palavras (5 Páginas)  •  73 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

HISTÓRIA MODERNA II

PROF.ª DR.ª ANA BEATRIZ RIBEIRO BARROS SILVA

Discente: Francinally Pereira de Melo - 20170129238

O surgimento do Estado absolutista se deu como uma resposta às transformações que tornaram as relações feudais insuficientes para a organização da sociedade, por volta do século XVI. A igreja católica via sua doutrina confrontada pelo crescimento do protestantismo, o centro da produção econômica passou a se deslocar do campo para a cidade e o aparecimento da burguesia desafiou a ordem estamental mantida durante todo o período medieval. Quando a lógica de acúmulo promovida pelo mercantilismo passou a se sobrepor lentamente ao escambo praticado nos feudos, a relação profissional foi migrando da servidão para o trabalho assalariado e, dessa forma, os vínculos de vassalagem baseados na confiança se quebraram, exigindo uma centralização do poder em instituições legais.

O absolutismo monárquico tratava justamente da concentração do poder, que antes estava espalhado entre os senhores feudais, na figura de o único rei. Entretanto, a manutenção desse novo modelo organizacional precisava adquirir uma nova legitimidade, isso se deu por três vias principais: a construção do mito do rei como um representante de Deus, portanto, incontestável; a recuperação das instituições e do direito romano, que tinha perdido espaço para o direito consuetudinário católico; e a militarização do Estado, com a criação de um exército profissional, muitas vezes composto basicamente por mercenários, capazes de enfrentar qualquer ameaça externa ou interna que viesse a se levantar contra o poder do rei.

Sendo assim, a monarquia passou a garantir o caráter centralizador que a burguesia precisava para estabelecer as transformações sociais advindas do seu surgimento, ao passo que privilegiava a aristocracia agrária oriunda dos séculos de organização feudal. Contudo, Perry Anderson contesta a visão marxiana de que o absolutismo foi um regime de transição que buscava intermediar a relação entre burguesia e aristocracia, servindo como um contrapeso para equilibrar essas duas forças. Isso porque, segundo o mesmo, a classe dominante permanece inalterada após o fim do medievo, não sendo possível apontar qualquer sincretismo que retire ou desvie o poder das mãos da nobreza.

É possível atentar para essa herança medieval na própria estrutura (figurativa e literalmente) da sociedade de corte: tanto na forma de organização social quanto nas edificações. Olhando para a corte francesa, nota-se que a grande maioria se estabelece numa rota de sociabilização entre o palácio, o campo e a cidade, desta forma, as construções desse período podem nos contar bastante sobre o funcionamento da dinâmica cortesã, visto que esses espaços atendem às necessidades cerimoniais que este estilo de vida promove.

Sobretudo quando nos voltamos para as propriedades da nobreza em Paris, os hôtels, podemos perceber que esses edifícios conservavam uma disposição pomposa, com ênfase nos ambientes destinados à confraternização, aposentos distintos para o senhor da casa, sua esposa e convidados, estábulos para abrigar cavalos e carruagens, bem como, os muitos, porém isolados, espaços para o serviço e os serviçais. Essa realidade se contrapõe ao modo de vida dos burgueses, que apesar da evidente condição financeira, não compartilhavam da opulência dedicada à sociabilização; e se contrasta mais ainda com as casas comuns pertencentes à classe trabalhadora.

No antigo regime as moradias possuíam um simbolismo muito marcante, não só pela hierarquia de prestígio entre as construções, que evidenciam a presente desigualdade social, mas também pela compreensão que a elite cortesã tinha sobre a vida particular e a vida pública. Segundo Nobert Elias (2001, p. 66) Luis XIV, via seu reino como uma propriedade pessoal, uma extensão do palácio no qual vivia, tanto que, as ações políticas do rei se intercambiavam com as privadas e vice-versa.

Em sua análise comportamental sobre a mentalidade da nobreza, Elias parte do seu conceito autoral de figuração para demonstrar que a separação entre vida pública e privada inexistia nesse tipo de organização, isto é, indivíduo e sociedade eram uma coisa só. Tal premissa poderia ser facilmente validada pela própria posição do rei, que em seu palácio era, ao mesmo tempo, monarca e senhor da casa. Essa distinção hierárquica se dava de forma pragmática e simbólica, a exemplo do usufruto dos melhores e maiores espaços da "Maison Royale", cujo príncipe o faz pela óbvia influência social que implica no maior número convidados, mas também por uma questão de status.

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