O autor do livro “História na América Latina: Ensaio de crítica historiográfica”

                                                                           Paulo Roberto Pinheiro Lopes

O autor do livro “História na América Latina: Ensaio de crítica historiográfica” Jurandir Malerba é Doutor em História Social pela USP e pesquisa história e historiografia do Brasil e da América Latina. O autor tem um extenso currículo repleto de publicações sobre esses temas e o livro que aqui resumimos a fração introdutória parte desse esforço de problematizar a historiografia latino-americana.

O autor inicia o texto elencando as dificuldades em compilar toda a teoria da produção historiográfica da América Latina em um só trabalho, levando em consideração as dimensões geográficas e as implicações advindas das inúmeras situações econômicas, sociais e políticas que podem ser observadas nesse território tão diverso Malerba nos alerta ser necessário um olhar atento durante a leitura para que não tomemos a teoria como universal e irredutível em todos os seus aspectos. Consciente da dimensão do desafio o autor propõe um recorte no tempo e propõe uma análise sobre as vertentes historiográficas produzidas no continente apenas nas últimas quatro décadas, o que exige ainda bastante espirito e outros recortes. Outra chave proposta de análise sobre esse texto, e que Malerba nos dá, é de pensarmos que todo autor escreve de algum ponto e que isso tem efeito sobre o que ele escreve, Malerba escreve do Brasil então a análise dele trará alguns exemplos que fazem parte e que são mais evidentes na historiografia brasileira, mas nem por isso essa análise restringir-se-á historiografia local.

A razão do recorte na década de 1960 primando pelos 40 anos subsequentes dá-se segundo o autor por ser este período marcado por mudanças epistemológicas que impactam diretamente a historiografia local, mas não apenas ela como as ciências sociais. Essa transição paradigmática está ligada a processos e relações da historiografia Latino-americana com outros centros de estudos, situados principalmente na Europa, ou que se identificam a partir desse continente, ainda que possam ser franceses, espanhóis, ingleses, etc. Nesse ínterim o autor aponta para a influência do marxismo na construção de abordagens históricas que se desvencilham da historiografia tradicional.

Um fato sobre a história é que poucos processos se dão de forma abrupta e certamente nenhum ocorre sem resistência, sem uma transição onde são incorporados elementos do “velho” no “novo” e vice-versa, uma vez que são processos coexistentes e dada as dimensões temporais e espaciais ambos sempre fogem um pouco das tentativas de enquadramento em tela única. Por essa razão Malerba recua um pouco no tempo para tratar da historiografia antes da década de 60 e faz essa abordagem em um tópico onde ele procura analisar o profissionalismo tardio da história na América-latina, tardio e incompleto, por diversas razões. Esse período que antecede a década de 60 é marcado por historiadores inovadores como Caio Prado Junior do Brasil e por Rafael Ramos Pedreuza do México que já na década de 1930 empreendiam estudos inovadores sobretudo na parte metodológica o que os torna autores clássicos.

Outra característica marcante da historiografia desse período é que os “inovadores” estavam mais distanciados dos espaços acadêmicos, na época fortemente marcados pelos “tradicionalistas” e positivistas. Na década de 60 ganhou força o questionamento acerca do positivismo, do colonialismo e das teorias hegemônicas de sustentação do imperialismo na ciência e na economia. As abordagens econômicas estruturalistas perdem espaço para outras visões de poder voltadas para a percepção dos indivíduos, das violências e dos símbolos em um movimento denominado como pós-estruturalismo.

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