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OS CAPÍTULOS DE HISTÓRIA COLONIAL DE CAPISTRANO DE ABREU

Por:   •  18/9/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.750 Palavras (11 Páginas)  •  175 Visualizações

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Autor: Everson Moura da Silva

  1. BIOGRAFIA DO AUTOR

Antes de analisarmos mais a fundo a obra de João Capistrano de Abreu, iremos pontuar brevemente a respeito de sua biografia. Capistrano de Abreu nasceu em 23 de outubro de 1853em um sítio na cidade de Maranguape no Ceará, falecendo em 13 de agosto de 1927, no Rio de Janeiro.  Filho do major da Guarda Nacional Jerônimo Honório de Abreu e Antônia Vieira de Abreu.

No ano de 1869 viajou a Recife com o fim de estudar Direito, porém ao comungar com a intelectualidade da época em questões do ideário filosófico, abandonou os estudos da ciência jurídica em que resolveu dedicar-se à história. Em 1875 encontrando-se com rocha Lima, resolveu ir para Rio de Janeiro onde lá teria um acervo maior para se pesquisar sobre Spencer, que partilha a ideia de uma filosofia positiva. O que sobretudo o prendia nessa concepção é a síntese do universo a leis universais.

Em 1883, seus estudos o fizeram conquistar a cátedra de História do Brasil no Colégio Pedro II, graças a uma tese relativa ao descobrimento e desenvolvimento da região no século XVI. Capistrano fez o necrológiode Francisco Adolfo de Varnhagen, “visconde de Porto Seguro”, em 1879, e nesse mesmo ano, ele foi admitido como oficial na Biblioteca Nacional.

Até então,suas produções e publicações eram predominantes nos jornaiscom focos literários. Em seguida, apresentou uma tese um tanto quanto revolucionária, sendo ela: "O descobrimento do Brasil e o seu desenvolvimento no século XVI". Com olhares de fora para os seus trabalhos, escritores e autores observavam a sua originalidade nos seus estudos próprios, mostrando ser capaz de ele próprio fazer a sua ciência e então,destacando-se entre demais.

Exerceu o cargo com a História do Brasil, até 1899, logo, começou a se dedicar nos estudos e na área da pesquisa, publicando muitas obras, entre elas está Capítulos de História Colonial, ao qual iremos nos aprofundar. Capistrano, grande historiador, com grandes contribuições para a historiografia como os Prolegômenos, que foram escritos para a edição da história do Brasil, de Frei Vicente de Salvador, como também,as notas com Rodolfo Garcia e Oliveira Lima, a história geral do Brasil, de Varnhagen.

Foi sócio efetivo do IHGB, com seu destaque maior de ser um autor que pesava do centro para fora, analisando o Brasil, sem sair do país para buscar opiniões,enxergando estecom um olhar mais brasileiro, para em seguida ser estudado na história e historiografia do Brasil.

  1. CARACTERIZAÇÃO DA OBRA

Antes mesmo de analisar a obra especificamente, é interessante caracterizar um pouco a construção da escrita de Capistrano de Abreu, ou seja, sob qual perspectiva essa narrativa historiográfica vai ser construída, com quais bases teóricas ela irá se fundamentar e até mesmo, qual caráter ideológico é possível atribuir a ela.

Sabe-se que no século XIX, o modelo historiográfico dominante estava pautado em princípios positivistas que regulamentavam a pesquisa em um formato de cientificidade. Os historiadores para que seus escritos fossem considerados “legítimos” se utilizavam desse molde de escrita. De acordo com esses parâmetros científicos de escrita o historiador deveria estar o mais distante possível de seu objeto de análise, não deixando que sua subjetividade afetasse sua produção historiográfica. Outro aspecto é que apenas os documentos legitimados pelo Estado poderiam ser considerados fontes históricas, contudo o historiador deveria apenas compilar esses documentos, não podendo fazer quais quer problemáticas no tange estes documentos.

Embora esse modelo fosse costumeiro nas produções historiográfica dessa época, isso não significa que não existisse outras perspectivas de escrita da História. É nesse cenário que o historiador Capistrano de Abreu se encontra, ele em suas produções se apropria dessa maneira de se escrever história, contudo se distancia dela ao fazer problematizações mediante suas fontes e documentos. Nesse sentido “Capistrano procura distanciar-se do mero compilador de textos, colocando problemas às fontes à medida que as apresenta, e mostrando uma produção autoral que o distingue da simples compilação.” (OLIVEIRA, 2006, P.91)

É com Capistrano que se há um novo direcionamento da pesquisa historiográfica nesse momento da história. O antropólogo Ricardo Benzaquen fala que Capistrano:

"...é o historiador que talvez tenha melhor encarnado entre nós o ideal da busca "moderna" da verdade, dedicando-se incansavelmente à tarefa de procurar documentos inéditos, ocupando-se da sua tradução e publicação. tentando estabelecer a identidade dos seus autores, cuidando, portanto, de estimular e promover a pesquisa das fontes históricas por todos os meios que estivessem ao seu alcance”. (ARAÚJO, p.33)

Ao diferenciar-se de autores do século XIX, Capistrano trouxe uma nova forma de se escrever uma história do Brasil, pois ele traz uma escrita mais precisa de nossa história. Capistrano se diferenciava de alguns escritores de sua época por todo esse cuidado com relação as suas fontes de pesquisa, e na sua objetividade quanto a sua análise. Esse é um ponto relevante quando analisamos a obra e as pesquisas de Vanhagen que assim como Capistrano fazia parte do IHGB, ele não apresentava todo esse cuidado com relação as suas fontes de pesquisa, como Capistrano de Abreu.

Iremos agora nos deter à análise da obra Capítulos de História Colonial que irá reunir alguns episódios de destaque da história brasileira, de leitura fluida, o autor não se utiliza aqui de uma abordagem meramente cientificista, de forma que a obra em si permite ao leitor uma compreensão bem clara sobre os temas.

O primeiro capítulo intitula-se “Antecedentes indígenas”, nessa primeira parte Capistrano de Abreu irá mostrar a geografia do Brasil, esmiuçando onde ele está situado e tracejando a figura indígena. É perceptível que o autor coloca o índio como personagem ativo de sua narrativa ao trazer no primeiro capítulo esse delineado. Outrossim, nesse momento ele traz as riquezas do brasil no âmbito da vida animal: “A fauna do Brasil é muita rica em insetos, répteis, aves, peixes, e pequenos quadrúpedes. São formas características as emas, os papagaios, os beija-flores, os desdentados, os marsúpios, os macacos platirrínios” (ABREU, 1907, P.5).

Nesse contexto o autor corrobora essa exuberância do Brasil tão mostrada nas cartas dos viajantes. A figura indígena citada por eledemonstra a participação do indígena para a formação nacional.

Entre estes animais nenhum pareceu próprio ao indígena para colaborar na evolução social, dando leite, fornecendo vestimenta ou auxiliando o transporte; apenas domesticou um ou outro, os mimbabas da língua geral, — em maioria aves, principalmente papagaios, só para recreio. De caça e principalmente de pesca era composta sua alimentação animal. Possuía agricultura incipiente, de mandioca, de milho, de várias frutas. Como eram-lhe desconhecidos os metais, o fogo, produzido pelo atrito, fazia quase todos os ofícios do ferro. A plantação e colheita, a cozinha, a louça, as bebidas fermentadas competiam às mulheres; encarregavam-se os homens das derrubadas, das pescarias, das caçadas e da guerra (ABREU, 1907, P.5).

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