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Oriente Medio

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Por:   •  28/3/2015  •  1.200 Palavras (5 Páginas)  •  124 Visualizações

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Tirei nota 10 nesse Trabalho!

Introdução

No caso do Oriente Médio a última década, grosso modo, foi de importantíssimas mudanças. Para facilitar a caracterização de tais mudanças, e apenas para efeito didático, vamos fazê-lo em dois movimentos. De um lado os fatores exógenos que impactaram a região e, de outro, os fatores endógenos que moldam as tendências atuais de mudança e que, por sua vez, impactam as relações globais.

Entre os fatores externos que impactaram duramente as chamadas “forças profundas” na última década estão:

1. A quase total retirada da Rússia do jogo político regional do Oriente Médio (antes forte em países como Iraque, Síria, Yemen, Somália e com grande pressão sobre as bordas da Ásia central, como Irã e Afeganistão); no momento atual sua presença é circunscrita à Síria, um regime em plena crise e que a manutenção do apoio gera um imenso desgaste diplomático, em especial na ONU e frente à opinião pública mundial. O papel de Moscou no “Quarateto Diplomático” é residual, na medida em que o prórpio “Quarteto” está paralisado no seu papel de negociador do conflito Israel-Palestina.

2. A invasão norte-americana, e de seus aliados da OTAN, no Afeganistão em 2001, com um impacto de grandes proporções no Paquistão e no prórpio Irã, além de aumentar as desconfianças da Federação Russa e da China Popular acerca dos interesses americanos em obter uma posição permanente no coração da Ásia Central (uma retomada das teses geopolíticas de Halford Mackinder (1904) e de Nicolas Spykman (1942), originou, depois de 2001, um novo simulacro do “Grand Jeu”, do século XIX. O resultado mais claro foi uma íntima aproximação entre China e Rússia, alterando radicalmente os dados estratégicos do final da Guerra Fria (conflito sino-soviético) e unindo as duas potências asiáticas (Pacto de Shangai);

3. O fracasso das mediações do conflito Israel-Palestina considerado, por muito tempo, um produto da Guerra Fria (1945-1991), mostrou tratar-se, em verdade, de um conflito nacional, enraizado na emergência de um forte sentimento nacional palestino (que se forja largamente em relação direta com a ocupação israelense), diferenciado e autônomo em face dos países árabes (não mais como uma “arma” ou ferramenta manipulada no Cairo ou Damasco contra Israel), e frente ao qual as entidades internacionais tais como a ONU, bem como as iniciativas multilaterais e de mediação (como a Conferência de Madrid, os Acordos de Oslo, o “Quarteto”e a permanente presença americana) não conseguiram avançar depois dos Acordos de Camp David de 1979;

4. A desastrosa invasão norte-americana do Iraque, em 2003, destruindo boa parte do equilíbrio regional, expresso nas relações Irã-Iraque, Arábia Saudita-Iraque e, mais complexo ainda, entre sunitas e xiitas em toda a região, em especial nas monarquias do Golfo (de regimes sunitas e maiorias xiitas). Além disso, o péssimo desempenho norte-americano (desonroso e ineficaz) no Iraque mostrou ao mundo que nem mesmo uma superpotência como os Estados Unidos podem enfrentar, sem grandes danos, um conflito que cristaliza seu conceito exatamente neste evento, a chamada “guerra assimétrica”. Como corolário, a inépcia americana sob George Bush e a subseqüente “retirada norte-americana” do Iraque com Obama cria em vários estados da região, em especial em Israel e na Arábia Saudita, uma profunda síndrome de insegurança, levando-os a patrocinar um enfrentamento com Irã, antes que este possa consolidar sua recuperação de nação hegemônica na região – papel tradicional dos persas mantido até muito recentemente com o apoio americano ao decaído Xá;

5. A emergência de novos e autônomos pólos alternativos de poder político e econômico, em especial a China Popular e a Índia (e mais recentemente o Brasil), que passaram a desempenhar um papel – ainda modesto, mas assertivo – nas resoluções e nos diversos “fóruns” internacionais sobre o Oriente Médio, além de se apresentarem como clientes, de variadas posições, relativizando o papel das antigas potências coloniais e dos Estados Unidos na região;

6. A crise da Europa – uma crise econômica, política e de instituições da UE – acaba por levar a uma situação de militarização e saturação de iniciativas bélicas na região sul do bloco europeu, tudo em nome do chamado “Princípio de Intervenção Humanitária”, aplicado de forma bélica quando o país alvo não cumpra com a “Responsabilidade de Proteger” (“RtoP” ou “R2P”, conforme a sigla em inglês) seus próprios cidadãos. Assim, de forma direta e indireta (ou seja, usando países interpostos, como o caso das tropas do Kuwait na Líbia) realizaram-se expedições militares na Líbia que prefiguram uma nova possibilidade de “soberania restrita” ou sob vigilância

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