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POLÍTICA INDÍGENA EM SEU PRIMEIRO E PRESENÇA DO INDIANO NA FORMAÇÃO DO LIVRO

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Por:   •  25/2/2015  •  Relatório de pesquisa  •  2.823 Palavras (12 Páginas)  •  181 Visualizações

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A POLÍTICA INDIGENISTA EM SEUS PRIMÓRDIOS E A

PRESENÇA DO ÍNDIO NO LIVRO DIDÁTICO-

MEDEIROS, Joana Prado. UEMS CPDO-UFMS-UNIGRAN Dourados-MS.

e-mail pradomedeiros@yahoo.com.br.

Pensar sobre Interdisciplinaridade é apontar uma perspectiva que se insere numa condição itinerante e inquieta do conhecimento e, portanto, do movimento.

Sabemos, que o diagnóstico que tem se apresentado da educação denuncia em algumas situações a baixa qualidade. Penso que estamos vivendo uma crise profunda em nossa cultura e nesse sentido o ensino constitui-se parte do iceberg. E aí me parece que a interdisciplinaridade oferece um caminho de resistência e anúncio de uma nova realidade, apontando o inter-relacionamento não só no âmbito das áreas do conhecimento, mas do desenvolvimento humano como um todo.

A educação escolar tem trazido a este homem complexo e multidimensional um conhecimento fragmentado, homogeneizado e estático. A divisão entre aulas teóricas e práticas, ciências humanas e exatas, revela uma perspectiva empobrecedora e opaca que não consegue extrair da educação seu autêntico sentido relacional. Cabe à educação ultrapassar a mera absorção de conhecimento parcelar e volta-se para a compreensão e expressão da complexa rede de situações da realidade humana.

É necessário desenvolver um processo emancipatório que cultive uma competência criativa e crítica, isto implica em descrever as múltiplas relações que envolvem a condição do ser humano que está permanentemente em contato e confronto consigo mesmo e com os outros.

Sabemos que o conhecimento histórico não está restrito ao espaço escolar. Ele se expressa também quotidianamente em outros lugares, instituições e veículos, tais como a vivencia do trabalho, da vida familiar da própria escola e de outros campos de vivências sociais, que podem ser considerados pelo estudo de História como elo de ligação a outros temas teóricos.

Ao que se refere à história e indigenismo e a presença do índio nos livros didáticos neste trabalho, tomo como referência básica o texto do professor OLIVEIRA (1998) onde este faz uma crítica a política indigenista, revelando que esta é em grande parte responsável entre outras coisas pela reformulação constante do preconceito em relação ao índio.

Em contrapartida também ele demonstra a intensa mobilização dos indígenas no sentido de resgate de sua própria história, ficando claro que apesar do longo etnocídio, e de uma história etnocêntrica, hoje existe uma caminhada rumo à perspectiva do outro. O texto tem ainda a preocupação de auxiliar aos professores em sala de aula.

Para complementar recorro aos estudos GAGLIARDI (1989), para apresentar a política indigenista em seus primórdios, atrelada ao avanço capitalista e ao positivismo.

O destino dos povos indígenas no continente americano, após o descobrimento, podia ser resumido em uma fórmula simples: a liberdade, o direito a uma existência saudável e à autonomia cultural aumenta de acordo com o distanciamento dos não-índios. Os índios sempre tiveram consciência dessa terrível “lei de distanciamento”. Não houve povo, entre as centenas de cultura estabelecidas há milênios na América que a partir de 1498 não tenha precisado realizar a sua diáspora mata adentro, fugindo ao avanço da civilização.

No Brasil, os primeiros a fugir foram os índios da costa Sul e Leste, onde a colonização foi mais rápida e mais abrangente. Os Tupinambás fornecerem um dos exemplos mais extraordinários desse êxodo. Logo após 1500, esse povo iniciou um espantoso movimento de migração, composto por dezenas de milhares de índios, à procura de refúgio na Amazônia. Buscavam, em peregrinação, a ‘terra sem males‘.

Embora na prática o extermínio indígena tenha prosseguido sem tréguas, as idéias sobre os índios deram passos de gigante no Brasil. Os portugueses quando os “descobriram”, sequer reconheceram a sua condição de seres humanos. Por algum tempo, os índios foram considerados “selvagens sem alma, inábeis para a fé católica”; e que deveriam “ser tratados e reduzidos a nosso serviço como animais brutos”. Essa situação perduraria até 1537, quando o papa Paulo III afirmou, em bula, que os índios eram homens e assim deveriam ser tratados.

Diante disso, as coisas começaram a mudar. Em 1570, uma lei proibia formalmente a escravização dos índios. Mas ainda era necessário torná-los “civilizados”, isto é convertê-los a todo custo à religião e aos costumes dos europeus. Para isso decidiu-se que estes ficariam sob a estrita responsabilidade dos religiosos, principalmente dos Jesuítas. E seriam agrupados e isolados em aldeamentos. Tratava-se de um conjunto de alojamento onde, sob a administração dos jesuítas, os índios podiam falar a “língua geral “o Tupi, mas também tinham que freqüentar a missa e aprender o português e ali não podiam andar nus. A nudez, a poligamia e outros hábitos eram considerados “costumes depravados”, e não manifestações culturais legítimas desses povos, desenvolvidas em condições próprias e originais.

Por volta de 1750, quando o marquês de Pombal assumiu o comando do governo português, a política indigenista foi novamente modificada. No lugar dos aldeamentos, surgiram os “diretórios”. As aldeias foram transformadas em uma espécie de cidades possuindo um chefe índio, mas também um diretor branco, um juiz e até vereadores, parte dos moradores podiam servir ao Exército real e o restante trabalhar para os brancos, nas lavouras, por exemplo. Em troca, recebiam um salário, que era acertado pelo diretor branco. Os índios ainda tinham que entregar ao governo a sexta parte de sua própria produção e pagar dízimos à igreja. A “língua geral” foi proibida.

Segundo (GAGLIARDI 1989) a partir da proclamação da República em 1889, transferiu-se para os Estados a responsabilidade sobre os índios. As exigências econômicas e políticas do momento, somadas a crise institucional fomentada com a crise clerical. Suscitaram na sociedade brasileira alguns debates a respeito da política indigenista do País.

Havia três tendências que disputaram acirradamente a hegemonia da política citada acima. A primeira argumentava em prol do progresso econômico fazia-se necessário o extermínio dos índios, representado por H. Von Ihering, J. de Campos Novais etc. A Segunda representada pelo padre Claro Monteiro, Teodoro Sampaio, Brasílio Machado e outros afirmavam que somente com os ideais cristãos seria o viés de incorporação do índio a sociedade branca. E a terceira tendência, acreditava ser possível a incorporação do

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