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Palmares e Sua Consciência de Classe

Por:   •  28/6/2016  •  Artigo  •  3.366 Palavras (14 Páginas)  •  180 Visualizações

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QUILOMBO DOS PALMARES: FATOS PARA SUA FORMAÇÃO E MOTIVAÇÕES QUE LEVARAM A TAL REVOLTA ESCRAVA

Rodrigo Ramos Souto[1]

RESUMO

Este artigo pretende, através de análises bibliográficas, mostrar os fatos importantes que facilitaram a formação do quilombo dos Palmares, formado no século XVII por revoltas escravas no Brasil colônia. Pretendemos também, estudar as opressões sofridas por estes negros durante a colonização portuguesa e quais foram as motivações que impulsionaram estas revoltas. Para isso vamos analisar a obra de E. P. Thompson, e buscar uma relação entre a revolta dos escravos com a teoria de classes deste autor e sua História Social e descobrir como se formou a consciência de classe destes escravos revolucionários.

PALAVRAS-CHAVE: Escravo, Quilombo, Revoltas, Negro, Portugueses, Holandeses, Colônia;

INTRODUÇÃO

        

A palavra “quilombo”, significa “separado”, tem origem Africana, mais precisamente em Angola, designava uma sociedade guerreira. Foi adotada tardiamente para se referir a Palmares e depois se expandiu por toda colônia para se referir ao refúgio dos escravos. (Funari, 2005)

        No Brasil colônia, como nunca na história de qualquer outro pais do mundo, os negros marcaram suas rebeliões em uma longa e organizada revolta armada contra o sistema escravista. (Freitas, D.,1973)

Na região serrana, a cerca de 60 quilômetros da costa do atual estado de Alagoas, por volta de 1605, temos as primeiras reverências a escravos fugidos e que formam uma comunidade na área de Palmares, grandes aldeias denominadas quilombos. (Funari, 2005)

Palmares não foi apenas a primeira, mas também a maior das revoltas escravas brasileiras, por isso ocupa um lugar ímpar. É considerado o acontecimento dominante da História Pernambucana na segunda metade do século XVII. Foi um dos mais sérios problemas que Portugal teve que enfrentar na sua colônia, pois durante quase um século, Palmares resistiram as investidas constantemente enviadas pelos colonizadores, foram enviadas quase quarenta expedições com os melhores chefes militares da época que marcharam contra a “Tróia Negra”[2]. (Freitas, D. 1973)

O que buscamos neste estudo, é identificar como se formou essa comunidade quilombola, a consequência que a invasão holandesa trouxe para estes escravos, possibilitando as fugas e revoltas contra a colônia.

Porém, nosso objetivo é mostrar que não foi apenas o sonho de liberdade que motivou estes movimentos escravistas, através de um estudo da obra de E. P. Thompson[3], “A formação da classe operária inglesa”, livro lançado em 1963, em três volumes, que inovou a análise sobre as origens da classe operária Inglesa no período de 1790 a 1832, e que também traz uma nova visão de como um grupo oprimido alcança sua noção de classe social.

As teorias de Thompson contribuíram para uma renovação histórica que vem ocorrendo desde 1960. Influenciado por esta História Social, mostraremos o escravo enquanto sujeitos históricos, os escravos deixam de serem vistos apenas como mercadorias, mas sim como agentes históricos que agencia sua própria história. Ainda sob influência thompsoniana, vamos tematizar as relações conflituosas entre os senhores e os escravos.

Com esta análise as obras de THOMPSON, e buscando também em obras de outros autores como Nina Rodrigues[4] e sua obra “Os Africanos no Brasil” de 1932, vamos tentar mostrar quais foram os fatores que influenciaram a maior revolta negra do Brasil.

A CHEGADA DOS HOLANDESES, E A FORMAÇÃO DE PALAMARES

        

        Ao analisar a obra de Décio Freitas, “Palmares, a guerra dos Escravos” de 1973, podemos notar o grande destaque que este autor dá a chegada dos holandeses ao brasil no ano 1630, como um dos principais fatores que facilitou a fuga e rebelião negra e a formação do quilombo dos palmares.

        Outro autor que destaca esta invasão holandesa como ponto chave na história de palmares é Pedro Paulo Funari em sua obra “Palmares ontem e hoje” de 2005:

(...) O agrupamento cresceu continuamente, e a entrada dos Holandeses em 1630 iria, em certo sentido, favorecer o assentamento de refugiados, pois os invasores e os portugueses estariam ocupados uns com os outros. Em 1640 os Holandeses já viam Palmares como um certo perigo. (FUNARI, Pedro Paulo, 2005, pg. 11)

        Com um exército de um pouco mais de três mil homens, em fevereiro de 1630, os Holandeses invadem Pernambuco, em uma praia chamada Pau Amarelo, próximo a Olinda. A força invasora, marchou durante dois dias em direção a sede da capitania Portuguesa, que graças a uma resistência muito fraca, são derrotados e possibilitam aos Batavos ocuparem facilmente o local. (Freitas, D.,1973)

        Aproveitando do recuo das forças portuguesas para Olinda, os escravos produziram a primeira e fracassada reação contra seus opressores. Em uma tentativa de atear fogo à cidade, os escravos ganham as ruas e atacam os brancos retardatários portugueses. Porém, as tropas Holandesas chegam, apagam o incêndio e acabam com a revolta negra. (Freitas, D.,1973)

        Na obra “Reino Negro de Palmares” de 1988, Mario Martins de Freitas descreve que com a chegada dos holandeses no brasil, foi intensificado o comércio de escravos pelos batavos, que através de navios vindo de Angola e de Piratas que traziam negros para serem vendidos na colônia, possuíam uma grande quantidade de escravos em seus domínios. Os holandeses usavam estes negros em seu exército contra os portugueses.

        Os negros aproveitaram-se da oportunidade e trataram de buscar o seu caminho, pois notaram que essa não era a sua guerra, diferente dos índios, que passaram a lutar ao lado dos holandeses pois procuravam ajustar contas antigas com os portugueses. Porém a rebelião escrava não foi um movimento repentino organizada e de grande escala. As fugas ocorriam isoladas, sem planos, sem chefes. Apenas se aproveitavam da fraca vigilância de seus senhores, ocupados com a guerra, para fugir em direção as serras do sul, onde estavam se formando os quilombos. As vezes nem chegavam ao seu destino, capturados, exaustão ou padeciam de fome. (Freitas, D.,1973)

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