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Perspectiva Modernizadora

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Por:   •  8/5/2014  •  3.716 Palavras (15 Páginas)  •  1.042 Visualizações

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O presente estudo tem como ponto de partida a análise da formulação da perspectiva modernizadora, juntamente com as vertentes de pensamentos que deram origem a tal discussão. A importância de se discutir esses temas está na necessidade de fazermos um breve retrospecto histórico nos fatos que culminaram no movimento de reconceituação do agir profissional do Serviço Social no Brasil, sendo esse nosso objetivo principal, por tanto, destacaremos dois acontecimentos históricos e decisivos para a síntese desse movimento, o “Seminário de Teorização do Serviço Social” em Araxá (MG) e o “Seminário de Teorização do Serviço Social” em Teresópolis (RJ), que resultaram em dois documentos essenciais, que consolidaram o movimento de reconceituação da profissão no Brasil, os quais analisaremos mais detalhadamente no decorrer deste texto.

A vertente estudada em relação à trajetória histórica do movimento de reconceituação no Brasil

Nos anos 60 o Serviço Social vai questionar seus referenciais devido à conjuntura histórica vivida que intensificou os movimentos políticos culturais. Sob esta atmosfera surge um amplo movimento de Reconceituação em vários níveis como o teórico, o metodológico, o técnico/operativo e o ideopolítico. Este movimento impõe aos Assistentes Sociais a necessidade de construir um novo projeto profissional que irás e comprometer com as demandas e interesses dos trabalhadores e das camadas populares usuárias das políticas públicas, além de uma necessária validação teórica. Irão marcar este processo as experiências de grupos de Assistentes Sociais da esquerda Católica e dos projetos de Educação de base e de organização popular em comunidades urbanas e rurais, estes inspirados pela educação para a libertação e pelo método de Alfabetização de Paulo Freire. Cabem a este processo três momentos distintos: a vertente Modernizadora que cobre a segunda metade dos anos 60, a inspirada na fenomenologia que surge um decênio após a primeira e a vertente Marxista que se localiza na abertura dos anos 80. A vertente Modernizadora será o objeto deste presente estudo e se caracteriza pela incorporação de abordagens funcionalistas, estruturalistas e mais tarde sistêmicas(positivismo), o positivismo pode ser considerado o mais conservador, possui uma objetividade cientifica, mas busca a neutralidade, busca uma ciência social desligada das classes sociais, das posições políticas, dos valores morais, das ideologias, das visões de mundo. Vê o indivíduo como único na formação de um todo, onde cada indivíduo exerce uma função específica e sua má execução irá significar um desregramento da mesma. O núcleo central do Serviço Social nesta perspectiva é a tematização do mesmo como interveniente, dinamizador e integrador no processo de desenvolvimento, aceitando como inquestionável a ordem sócio-política advinda do golpe militar de Abril, retornando assim ao tradicionalismo e dotando a profissão de referências e instrumentos capazes de atender as demandas advindas desta ordem estando em sincronia com a mesma.

A formulação da perspectiva modernizadora

O processo de renovação do Serviço Social no Brasil tem sua primeira expressão a partir do desenvolvimento da perspectiva modernizadora iniciada no encontro de Porto Alegre, em 1865. Mas só dois anos mais tarde, em 1967, tem sua formulação afirmada, com os resultados obtidos no primeiro “Seminário de Teorização do Serviço Social”, em Araxá (MG) entre os dias 19 e 26 de março daquele ano, e mais tarde um pouco em1970 pelo segundo evento desse tipo em Teresópolis (RJ), nos dias 10 a 17 de janeiro. Esses encontros deram origem a dois documentos importantíssimos para o movimento de reconceituação iniciado com a perspectiva modernizadora da profissão, são eles o “Documento de Araxá” e o “Documento de Teresópolis”. Porém, a perspectiva modernizadora não se conteve apenas a esses dois documentos, houve ainda grande influência de trabalhos de profissionais e docentes que discutiram o tema, entre a metade da década de sessenta e o final da década de setenta, dos quais o estudioso que mais se destacou foi Lucena Dantas. Mas vamos nos conter neste estudo, a falar sobre esses dois documentos que tiveram fundamental importância na formulação do Serviço Social voltado para a realidade brasileira. Já que até então eram seguidos modelos de países capitalistas centrais e agências internacionais como a ONU, que não se adequavam ao contexto brasileiro. Não podemos deixar de citar, no entanto, a tendência desenvolvimentista desses documentos, naturalmente influenciados pelo ideário de desenvolvimento econômico-social e político decorrente do governo golpista de abril de 1964, que acoplaria mais tarde, a noção de segurança em seu discurso ideológico. Portanto os resultados obtidos em Araxá e Teresópolis mostraram-se bem sincronizados com o regime vigente.

Documento de Araxá

O documento de Araxá foi um resultado de um ato de reflexão de 38 Assistentes Sociais, que teve como ponto de partida a apreciação da profissão: “Como prática institucionalizada, o Serviço Social se caracteriza pela ação junto a indivíduos como desajustamentos familiares e sociais. Tais desajustamentos muitas vezes decorrem de estruturas sociais inadequadas” (CBCISS, 1986:24). Uma discussão foi realizada ao questionar se o Serviço social é uma ciência autônoma, um conjunto define como “Ciência Social Aplicada”, devido à utilização dos conhecimentos de outras ciências, para intervir na realidade social, outro grupo sustenta a posição de independência para o Serviço Social que possui um conhecimento científico, normativos e transmissíveis, em torno de um objetivo comum, e o ultimo grupo afirma que o Serviço Social é uma ciência quando sintetiza as ciências psicossociais. Devido aos elementos incluídos ao definir Serviço Social, a questão fica em aberto, para ocorrer um consenso e caracterizar o Serviço Social é necessário ligar ao conhecimento especulativo e prático, é considerá-lo como uma técnica social que influencia o comportamento humano e o meio nos seus inter-relacionamentos. Com o processo de transformação dos conceitos de Serviço Social e sua sistematização como disciplina, foi possível afirmar a existência de componentes essenciais como instrumentos de intervenção na realidade social que atua na base das inter-relações do binômio individual da sociedade, com sua teorização a partir da “práxis”, ou seja, o Serviço Social que pesquisa e identifica os princípios ligados à prática sistematiza sua teoria. Com a análise critica do “modus operandi” o Serviço Social possui ferramentas para elaboração da teoria e para

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