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Terrorismo no Século XXI: um marco para a nova história mundial

Por:   •  22/1/2019  •  Artigo  •  6.448 Palavras (26 Páginas)  •  301 Visualizações

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Terrorismo no século XXI: um marco para a nova história mundial

Jéssica Castro[1]

O tempo não espera por ninguém. Ontem é história. O amanhã é um mistério, o hoje é uma dádiva, por isso é chamado de presente. (Adalberto Godoy)

Resumo

        O presente artigo tem como objetivo analisar a “era do terrorismo” iniciada no século XXI e que tem marcado a nova conjuntura mundial. Posteriormente, discutiremos sobre a origem do termo terrorismo, e as suas ocorrências ao longo da história, demonstrando que não é um fato iniciado e exclusivo da atualidade. Destacaremos, em seguida, o marco traumático tomando como referência a essa nova “era do terrorismo”, o atentado realizado no Estados Unidos da América em 11 de setembro de 2001, na torres gémeas de Word Trade Center, marco não só na história, mas na memória das pessoas. Apontando para a atual situação do terrorismo no Oriente Médio e Europa e as imigrações que tem modificado a geografia mundial, e poderá causar mudanças significativas no futuro. Por fim, à guisa de conclusão, apontaremos que essa onda terrorista é um marco fundamental para uma “história do tempo presente” que vem sendo negligenciada por parte dos historiadores, sobretudo pelo fato da crescente onda terrorista que tem abalado os alicerces mundiais.

Palavras-chave: Terrorismo, “11 de setembro”, História, “tempo presente”, memória.

Introdução:

        Escrever a história do seu próprio tempo sempre foi vista com desconfiança por parte dos historiadores. Apesar dessa suspeita ter sido reduzida nas ultimas décadas, ela ainda se mantém forte, relegando a “história do tempo presente” como algo secundário. Não é difícil a um estudante da graduação, ver seus sonhos frustrados ao querer escrever a história do Século XX, pelo simples motivo de não ser considerado História. Quem decide que História seria só do século XIX para trás? Então, o campo da História se constitui somente no passado? Essas questões precisam ser revisadas e realocadas, uma vez que, as demandas sociais estão gritando, e cabe ao historiador assumir o seu papel, deixando de estar em uma caixinha dos sonhos do passado e se envolver em questões do seu próprio presente.

         A História do Tempo Presente é uma subdivisão da História Contemporânea que abrange os períodos mais recentes. Esse desdém pela escrita da história do presente advém da consolidação da história como disciplina cientifica no século XIX, com a necessidade de garantir o campo de trabalho por parte dos historiadores há uma ruptura entre passado e presente, a função da História passa a ser de uma interprete do passado, como destacado por Marieta Ferreira:

“Assim, só o recuo no tempo poderia garantir uma distância crítica, se acredita que a competência do historiador devia-se ao fato de que somente ele poderia interpretar os traços materiais do passado, seu trabalho não poderia começar verdadeiramente se não existisse testemunhos vivos dos mundos estudados. (FERREIRA, 2000, p. 2)

        Escrever a história do presente é considerado um ato perigoso, pois esbarramos com a ausência de um recuo temporal que iria nos garantir certa imparcialidade sobre o fato. Porém, Hobsbawm (1995) alerta que por mais longo que seja o recuo temporal do historiador ele ainda sim vai ter o olhar focado no seu tempo, a própria vivência pessoal molda a forma com que vemos o mundo.

        No inicio do século XX presenciou-se uma grande mudança historiográfica com a Escola dos Annales em 1929, questionando a hegemonia da história política, a valorização do social e econômico, o estudo das estruturas e da longa duração, com novos temas e novas fontes, acabou por desqualificando as iniciativas individuais e os relatos pessoais. Segundo Ferreira (2000) essa nova forma de fazer história não alterou a relação com a história do tempo presente, o contemporâneo continuava a ser visto como matéria das ciências sociais ou de outras áreas da humanas, mas não da historia, a história do tempo presente continuava a sofrer questionamentos acerca da sua legitimidade.

        Entretanto, com novos avanços realizados na historiografia nos anos de 1970, com a expansão e os debates a cerca da memória, a valorização dos testemunhos diretos, da história oral e das experiências individuais, acabaram por criar uma atmosfera nova para os estudos dos períodos recentes. Quebrando cada vez mais as antigas resistências e preconceitos por esse tipo de escrita da história. Para Chaveu e Tétart (1990) foram três os fatores que contribuíram para a expansão do tempo presente: primeiro, o retorno de uma nova roupagem da história política. Segundo, teria sido o impacto de uma nova geração, e por fim, a demanda social após a Segunda Grande Guerra. A história sobre o presente tem sido cada vez mais visitada, pelo reconhecimento de sua importância na atualidade e principalmente com a abertura de novos arquivos (FICO, 2012). Sem dívida nenhuma, ainda existem uma série de preconceitos sobre esse tipo de escrita, que vem sendo quebrado gradualmente.

O trabalho do historiador do presente não deixa de ser exercido com menos rigor que o trabalho do historiador que se volta para o passado. É importante termos essas questões em mente para a possibilidade cada vez maior do diálogo com a história do tempo presente. O apego a marcos histórico tem sido cada vez mais questionado nessa escrita. Afinal de contas tudo é válido? Posso escrever sobre o que aconteceu ontem como uma análise histórica? Outro problema enfrentado é sobre a documentação, temos um imenso repertório para ser utilizado, dificultando a escolha e seleção do historiador. A meu ver, como em qualquer outra historiografia irá existir lacunas e problemas, cabe a nós, enquanto historiadores enfrenta-los e nos propor as demandas sociais e os desafios, a guardar nossos preconceitos sobre a escrita do que nos é contemporâneo.

Dessa fora, o presente artigo procura inserir-se nesse arcabouço teórico, analisando se de fato 11 de setembro de 2001, iniciou uma nova era, e um marco na memória da sociedade.  Faz-se necessário analisar após 15 anos desse acontecimento, para refletirmos com maior clareza sobre seu significado e suas consequências para entendemos uma onda terrorista que tem assolado os primeiros anos do século XXI e as transformações mundiais para a história do “tempo presente”. Visando a realização desta reflexão, pretendemos realizar uma contextualização sobre esse evento traumático, o terrorismo e apontar para seu surgimento histórico e sua implicância nos dias atuais.  

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