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´Texto sobre os Bispos Católicos e a Ditadura Militar

Por:   •  23/4/2015  •  Resenha  •  1.304 Palavras (6 Páginas)  •  342 Visualizações

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DELGADO, Lucilia Almeida Neves; PASSOS, Mauro. Catolicismo: direitos sociais e humanos (1960-1970). In: DELGADO, Lucilia Almeida Neves; FERREIRA, Jorge (orgs). O Tempo da Ditadura: regime militar e movimentos sociais em fins do século XX. 2ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

Lucilia de Almeida Neves Delgado é professora de História da PUC\MG, e Mauro Passos é professor adjunto do COLTEG-UFMG e professor do curso de Pedagogia da PUC\MG.

GOMES, Paulo César. Os Bispos Católicos e a Ditadura Militar Brasileira: a visão da espionagem. 1. Ed, Rio de Janeiro: Record, 2014.

Paulo César Gomes é historiador, pesquisador do Grupo de Estudos sobre a Ditadura Militar da UFRJ e doutorando em História pela mesma instituição.

A participação da igreja católica no golpe militar apresentou divisão de opiniões entre apoio, repúdio e indecisão. O entusiasmo e euforia com que o golpe foi inicialmente recebido e apoiado por grande parte da igreja, aos poucos foram se transformando em oposição e contestação á medida em que o regime foi se tornando mais rígido. Dessa forma boa parte da Igreja Católica assumiu postura de combate ao regime militar, principalmente na luta contra a tortura e defesa dos direitos humanos.

O apoio inicial que a Igreja Católica deu ao golpe militar com a organização da “Marcha da família com Deus pela liberdade”, refletia um sentimento de medo diante da ameaça comunista e suas ideias libertárias que iriam destruir os valores cristãos. Mesmo com esse apoio inicial a igreja já contava com membros contra a ditadura, como Dom Hélder Câmara; mais tarde, em suas viagens ao exterior, Dom Hélder denunciaria as violências e abusos cometidos pela ditadura militar.

No texto de Lucilia Delgado e Mauro Passos Catolicismo: direitos sociais e humanos (1960-1970), os autores fazem uma abordagem sobre dois aspectos importantes: a mudança no perfil institucional da igreja Católica e seu novo rumo, e o novo modo de ser do catolicismo, agora voltado para questões sociais e cotidianas a partir de 1960. Nesse capítulo os autores falam de acontecimentos que marcam esse novo rumo do catolicismo diante do contexto social vivido. Um deles foi o Concílio do Vaticano II, que mostra essa transformação e renovação da igreja em colocar em primeiro plano a justiça social e a defesa dos direitos humanos, e outro acontecimento foi a II Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano em Medellín, onde a igreja diante do cenário mundial de guerra fria se volta para as questões sociais vividas na América Latina.  Já na década de 1960, a Igreja passa por um processo de reforma mais intensa em sua estrutura de trabalho. Contrapondo-se a visão tradicional, que conferia a essa instituição apenas os assuntos religiosos, afirma-se ainda mais o caráter ativo dentro da sociedade. Para tanto, foram criados novos organismos, institutos e frentes de trabalho, sob a orientação da CNBB. Um dos fatores dessa modificação deveu-se a eleição de um novo papa: João XXIII. Que deixou a Igreja Católica mais propensa ao diálogo, mais preocupada com o social. Segundo ele, o desenvolvimento econômico, sem o desenvolvimento humano de nada valeria.

O ápice dos anos chumbo aconteceu em 1968, marcado por protestos, passeatas, manifestações e também por violência e perseguições. É nesse período onde se observa uma ação mais expressiva da Igreja Católica e também do movimento estudantil. O momento que reúne Igreja, movimento estudantil contra ditadura militar acontece no velório do estudante Edson Luís, assassinado em março de 1968, num protesto contra o aumento dos preções do restaurante universitário; após a missa em memória do jovem as pessoas que saiam da igreja foram sendo cercadas pela cavalaria da polícia militar, para impedir que mais um massacre acontecesse os padres de mãos dadas formaram um corredor para garantir que as pessoas saíssem em segurança. Com certeza esse foi um momento crucial que pode ser visto como renovação do catolicismo e aproximação com as massas populares.

Foi também nos anos de chumbo que a maioria dos membros da Igreja Católica romperam coma ditadura. Lucilia Delgado e Mauro Passos citam que nesse período as Comunidades Eclesiais de Base (CEB) serviram para ligar cada vez mais a religião com o cotidiano vivido no país. Através das CEBs, tarefas de proteção aos revolucionários fugitivos e as pessoas procuradas e perseguidas, seriam assumidas por vários membros da igreja e leigos.

Como sabemos a Igreja Católica durante o regime militar não conseguiu se posicionar como um todo, pois houve muitos conflitos na hierarquia católica devido as suas oposições politicas. A partir de 1964 a Ação Católica passou a atingir maiores proporções de militância politico-religiosa, e devido a dificuldade de diálogo vários membros da igreja passaram a compor movimentos políticos como a Ação Popular (AP) e a Aliança Libertadora Nacional (ALN), movimentos estes que atuaram na clandestinidade durante a ditadura. Podemos fazer um paralelo dessa situação com o filme “Batismo de sangue”[1], baseado na obra de Frei Betto, o filme conta a história real de frades dominicanos que passaram a apoiar a ALN, movimento comandado por Carlos Marighella, e desde então foram presos e torturados até informarem o local onde Marighella estava. Esse também é outro importante acontecimento que envolve membros da Igreja Católica contra o regime militar, onde podemos notar a luta pela justiça social na teoria e na pratica assim como citam Lucilia Delgado e Mauro Passos.

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