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Tradição do mundo de língua inglesa

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Por:   •  15/4/2014  •  Seminário  •  1.113 Palavras (5 Páginas)  •  249 Visualizações

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A tradição do mundo de língua inglesa é profundamente empírica. Os fatos

falam por si. Um problema particular é discutido ‘em seus méritos’. Temas, episódios e

períodos são isolados para estudo histórico à luz de algum padrão de importância não

declarado, e provavelmente inconsciente... Tudo isso teria sido um anátema para Marx.

Marx não era empirista. Estudar a parte sem referência ao todo, o fato sem referência à

sua significação, o acontecimento sem referência à causa ou conseqüência, a crise

particular sem referência à situação geral, teria parecido a Marx um exercício

infrutífero.

A diferença tem suas raízes históricas. Não é por nada que o mundo de língua

inglesa permaneceu tão obstinadamente empírico. Numa ordem social firmemente

estabelecida, cujas credenciais ninguém quer questionar, o empirismo serve para efetuar

os consecutivos reparos... De tal mundo a Inglaterra do século XIX forneceu o modelo

perfeito. Mas numa época em que todos os princípios são desafiados e nós nos

debatemos de crise em crise na ausência de quaisquer diretrizes, o empirismo não é

suficiente”.6

Seja como for, a máscara do assim chamado empirismo serve para esconder

princípios inconscientes de seleção. “A história”, escreve Carr, “é uma concepção

particular do que constitui a racionalidade humana: todo historiador, quer saiba disso ou

não, tem essa concepção.” Em Que é história? Carr dedicou muita atenção à influência do ambiente histórico e social na seleção e interpretação de fatos pelo historiador, um

aspecto da condição humana que o fascinou desde a época de estudante. Suas anotações

para a nova edição, além disso, exemplificam a relatividade do conhecimento histórico.

Heródoto encontrou uma justificativa moral para a dominação dos atenienses no papel

que ela desempenhou nas guerras pérsicas; e as guerras, demonstrando que os gregos

pensadores deveriam ampliar seus horizontes, persuadiram Heródoto a estender sua

pesquisa a mais povos e lugares.7

A visão árabe da história foi fortemente influenciada

pela afinidade com o modo de vida nômade. Os árabes viam a história como um

processo contínuo ou cíclico em que os habitantes nas cidades ou oásis eram

aniquilados por nômades do deserto, que se estabeleciam e eram então, por sua vez,

aniquilados por novas ondas do deserto; para os historiadores árabes, a vida sedentária

produziu a luxúria, que enfraqueceu o povo civilizado em relação aos bárbaros. Em

contraste, Gibbon, na Inglaterra do século XVIII, viu a história não como um avanço

cíclico, mas como um progresso triunfante: em sua famosa frase, “toda época aumentou,

e ainda aumenta, a riqueza real, a alegria, o conhecimento e talvez a virtude da raça

humana”. E Gibbon viu a história do ponto de vista privilegiado de uma classe

dominante autoconfiante em uma civilização sedentária estabelecida há tempos. Ele

afirmou que a Europa estava a salvo dos bárbaros, uma vez que “antes que eles possam

conquistar, precisam deixar de ser bárbaros”. Carr observa que as eras revolucionárias

exercem uma influência revolucionária no estudo da história: não há “nada como uma

revolução para criar um interesse pela história”. Os historiadores ingleses do século

XVIII apareceram no contexto da vitória da “Revolução Gloriosa” de 1688. A

Revolução Francesa solapou a “perspectiva a-histórica do iluminismo francês, que

dependia de uma concepção de natureza humana imutável”. Nessas épocas de mudança

rápida, a relatividade do conhecimento histórico foi amplamente reconhecida. Macaulay

estava simplesmente afirmando o óbvio a seus contemporâneos quando declarou que “o

homem que mantinha exatamente a mesma opinião sobre a Revolução em 1789, em

1794, em 1804, em 1814 e em 1834, teria sido um profeta divinamente inspirado ou um

obstinado imbecil”.8

Dada a relatividade do conhecimento histórico, em que sentido pode-se dizer que

a história objetiva existe? Em Que é história? Carr afirmava que embora nenhum

historiador possa reivindicar por seus próprios valores uma objetividade além da

história, um historiador “objetivo” pode ser considerado “com uma capacidade para se

colocar acima da visão limitada de sua própria situação na sociedade e na história”, e com “a capacidade de projetar sua visão no futuro de tal forma que lhe dê uma

compreensão

...

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