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Vila Maria Zélia

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Por:   •  12/3/2015  •  879 Palavras (4 Páginas)  •  812 Visualizações

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6. A Vila Maria Zélia: Estrutura Urbana e Características Espaciais

Em 1916, o empresário Jorge Street construiu a vila operária Maria Zélia no bairro operário do Belenzinho, que fica no entroncamento entre os bairros do Brás, Belém e Penha. A atividade econômica dessa região era intensa, e junto com o ritmo de vida dos seus trabalhadores que moravam na vila, tornou essa zona da cidade de São Paulo barulhenta, cinzenta e cheia de chaminés, que estavam ativas desde o começo do século.

Jorge Street decidiu construir a vila operária no Belenzinho por ser uma área suficientemente grande, em um bairro operário, com abundância de mão-de-obra e água em quantidade necessária a todas as etapas da produção têxtil.

A vila operária foi um projeto do arquiteto francês Pedarrieux, ela possuía perto de 200 casas uni familiares, higiênicas e confortáveis, que serviria de habitação para seus operários. Como foi o primeiro conjunto habitacional operário do Brasil, também foi construído um conjunto de equipamentos coletivos, como creche, jardim de infância, dois grupos escolares (meninos e meninas), escolas profissionais, farmácia, médico, dentista, açougue, armazém, campo para jogos esportivos, e uma associação recreativa e beneficente, para amenizar a vida do trabalhador quando não estivesse no período do trabalho.

Jorge Street explicou o porquê dos equipamentos de lazer coletivos dizendo:

“Quero dar ao operário não só ótimas condições de trabalho e consciência do seu valor na produção na qual coopera, mas um verdadeiro bem estar na sua casa, tanto do ponto de vista financeiro, como higiênico e moral. Por isso comprei uma grande área de terreno, no Belenzinho, muito maior que a necessária para uma indústria, e, enquanto no centro instalei uma fábrica modelo, onde os operários trabalham não só como brutos, mas como seres humanos iguais a nós todos, em redor mandei construir casas para moradia dos trabalhadores, com toda a comodidade e conforto da vida social atual, cobrando um aluguel inferior a 2/3 daquele exigido por outros proprietários fora do estabelecimento [...]” (CUSANO, 1921, p.266-283 apud BENCLOWICZ, 1989,p.256-257).

Ela foi projetada em traçado ortogonal com os edifícios comunitários próximos entre si e ao acesso principal. As residências eram de um só pavimento. Algumas das casas tinham um pequeno jardim na sua frente, devido ao recuo em relação às calçadas.

As calçadas eram todas cimentadas, mas a rua não era pavimentada, possuindo apenas meio fio de tijolos justapostos e arredondada. As áreas verdes de maior porte ficavam junto ao acesso principal da vila e próximas ao rio.

As linhas geometrizantes dos frisos ornamentais que estavam nas fachadas dos conjuntos residenciais eram antecipações do “Art Déco”, que se expandiria em São Paulo a partir do final da década de 20.

O projeto arquitetônico e urbanístico possuía influência inglesa. O modelo deve ter sido inspirado na vila operária de Saltaire, construída em 1851 pelo empresário têxtil Titus Salt.

Jorge Street optou por construir casas em um só pavimento e em ruas largas, tirando assim aparência de promiscuidade.

Maria Zélia possuía o caráter de núcleo fabril e isolado. No momento em que a cidade se estendeu, o controle sobre o operário passou a ser ainda maior. Assim, ficou totalmente isolada do convívio social externo, mas dentro da vila aconteciam peças de Molière no teatro, torneiros esportivos, festas, e futebol.

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