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A Engenharia das Catástrofes

Por:   •  25/9/2021  •  Artigo  •  2.142 Palavras (9 Páginas)  •  64 Visualizações

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ESTRATÉGIAS DE LEITURA

        Há dois tipos essenciais de leitura para o meio acadêmico: a averiguativa e a analítica. Entende-se por leitura averiguativa aquela em que o leitor ativo busca obter a compreensão global do texto – gênero, tema principal, público-alvo e fonte. Esse tipo de leitura é sempre feito com limitação do tempo (dentro de sala de aula, numa livraria, numa biblioteca etc.). Quanto à leitura analítica, é aquela em que se decompõe o texto, examinando cada parte – temas subordinados, ideias principais, argumentos e tese do texto.

Assim, antes de ler, um leitor experiente, conscientemente ou não, antecipa informações (ativando conhecimentos prévios) sobre o texto, pois isso garantirá a melhor e mais rápida apropriação das informações. Trata-se da estratégia de antecipação na leitura.

Vamos praticar

        

        

Engenharia das catástrofes: entre o determinístico e o imponderável

 João Francisco Justo FilhoI; José Roberto Castilho PiqueiraII

IDoutor em Engenharia Nuclear pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. jjusto@lme.usp.br 
IIDoutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de São Paulo, vice-diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Automática. piqueira@lac.usp.br   


RESUMO

Os eventos catastróficos são geralmente classificados pela sociedade como acidentes da natureza. Entretanto, uma abordagem mais científica mostra claramente que a maioria desses eventos é altamente determinística e, portanto, pode ser prevista. Cabe aos cientistas desmistificar a interpretação dogmática desses eventos, e usar o conhecimento adquirido pela ciência para fazer previsões precisas de suas ocorrências. Dessa forma, a sociedade poderá cobrar da gestão pública medidas mais efetivas na prevenção dos efeitos de catástrofes naturais.

Palavras-chave: Desastres naturais, Determinismo, Catástrofes, Gestão pública, Lei de Murphy.


ABSTRACT

The catastrophic events are generally classified as natural accidents. However, a more scientific approach shows unambiguously that most of those events are highly deterministic, such that they could be predicted. Scientists should demystify a dogmatic interpretation of those events, and use their knowledge to provide precise predictions of their occurrence. Therefore, society will be able to demand from public government more effective actions to prevent the adverse effects of those natural catastrophes.

Keywords: Natural disasters, Determinism, Catastrophes, Public administration, Murphy's law.


 "Se algo pode dar errado, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo a causar o maior estrago possível." Essa é uma das variantes da famosa Lei de Murphy, enunciada nos anos 1960 pelo engenheiro da Nasa Edward Murphy. Ela agrega um significado matemático aos eventos catastróficos, ao associar um caráter determinístico à maioria desses eventos. Assim, se existe uma probabilidade finita de algum evento catastrófico acontecer, em algum momento, ele certamente vai acontecer. A incerteza estaria presente somente no elemento temporal, ou seja, quanto tempo levaria para ocorrer. Eventos com essa classificação contrastam totalmente de outros que realmente poderiam ser chamados de acidentes, aqueles em que estão primordialmente associados a elementos aleatórios, randômicos, imponderáveis e, portanto, imprevisíveis.

Inundações, deslizamentos, furacões, erupções vulcânicas, terremotos, tsunamis e nevascas são eventos que transcendem, em escala temporal, a existência humana. Muitos deles, como inundações e furações, são inclusive eventos cíclicos, e acontecem em determinadas regiões do planeta com periodicidade anual. Portanto, eles não deveriam ser classificados como imprevisíveis, mas como eventos naturais de um planeta em constante mutação. Muitos deles são previsíveis com grande precisão; por exemplo, nas grandes cidades, toda vez que chove, inundações são observadas nos mesmos locais, não importando muito a quantidade de chuva. Não poderia existir uma relação causal mais exata do que essa.

A ocupação humana causa importantes transformações na natureza, podendo até amplificar o impacto desses eventos naturais, em termos de perdas materiais e de vidas. Desde a pré-história, o homem ocupa regiões com riscos de catástrofes, mas isso não foi casual. Áreas próximas a vulcões são geralmente muito férteis para a agricultura, a presença humana nas cercanias de oceanos e rios favorece o transporte e a irrigação de plantações. Mas como tirar proveito dessas vantagens da natureza em regiões onde os riscos de catástrofes são tão grandes? O homem é vítima dos eventos naturais na proporção que, em muitas vezes, imagina que pode interferir na natureza e dominá-la, ao invés de tentar integrar-se a ela e aprender com os seus eventos inerentes, com sua dinâmica natural, entender esses mecanismos naturais, para então tomar proveito deles.

A chave de tudo, então, passa por entender esses fenômenos naturais. A história humana sempre foi permeada pelos desenvolvimentos científicos, não somente pela curiosidade em conhecer a fenomenologia da natureza, mas também pelo caráter da utilidade desse conhecimento. Quanto mais discernimento a humanidade tem da natureza, mais consegue se distanciar de interpretar as catástrofes através de elementos dogmáticos ou imponderáveis. Portanto, a imprevisibilidade desses eventos naturais tende a diminuir na medida em que a humanidade melhora seu conhecimento da natureza, e consegue construir modelos para fazer previsões desses eventos para evitar, ou pelo menos minimizar, as consequências catastróficas.

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