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A FICÇÃO BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

Por:   •  13/11/2019  •  Resenha  •  1.446 Palavras (6 Páginas)  •  218 Visualizações

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CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS- CESC

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO- UEMA

DEPARTAMENTO DE LETRAS

LITERATURA BRASILEIRA- TENDENCIAS CONTEMPORANEAS

PROF. DR. EMANOEL CESAR PIRES DE ASSISS

BIANCA DA SILVA BONFIM

SCHOLLHAMER, Karl Eric: Ficção Brasileira Contemporânea. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.

Karl Erik Schollhammer é um renomado teórico e crítico de literatura. professor associado do departamento de Letras da PUC-Rio e pesquisador com bolsa de produtividade do CNPq e Cientista do Nosso Estado da Faperj (2007-2009). Autor, co-autor e editor de vários livros, entre eles: Linguagens da Violência (2000), Novas Epistemologias (2000), Literatura e Mídia (2002), Literatura e Cultura (2003), Literatura e Imagem (2005), Literatura e Memória (2006), Henrik Ibsen no Brasil (2008), Além do visível - o olhar da literatura (2007) e também tradutor de autores escandinavos, como Peter Høgh, Lars Noren, Søren Kierkegaard, Jon Fosse e Henrik Ibsen.

Em sua obra Ficção Brasileira Contemporânea, 2009, o autor traça um panorama acerca da produção literária contemporânea, e fomenta, uma discussão teórica entre estudiosos na área. O texto inicia-se com uma breve reflexão do que vem a significar a contemporaneidade, como definir e como reconhece-la, entrando também em discussões pertinentes à área da história e da produção historiográfica. Como é explicitado no texto: “O contemporâneo é aquele que, graças a uma diferença, uma defasagem ou um anacronismo, é capaz de captar seu tempo e enxergá-lo”. (pág. 09).

A realidade literária brasileira a partir dos anos 60 e 70 vai percorrer um percurso cada vez mais orientado à própria reflexão acerca das estruturas sociais e políticas. A partir do momento em que se rompe uma tradição com o que o autor coloca como ‘força das determinações de identidade nacional’ e com isso inicia-se uma prosa urbana focada na realidade social das cidades. À medida que os escritores brasileiros optavam por qual corrente literária seguir, todas possuíam em comum este compromisso com uma reflexão e critica social, ainda mais observável no período pós golpe de 64, marcando décadas de ‘vocação política’.

Outros fatores que serão importantes para a literatura dos anos 70 é a autobiografia, por conseguinte, o memorialismo e o crescente hibridismo entre produção literária e não literária, como o autor coloca: “um entrecruzamento entre criação e critica literária”. Com todos estes fatores, ainda outro marcará ainda mais o período na produção, o ‘brutalismo’, vertente esta, que volta todo o seu foco narrativo para as cidades e seu cotidiano, com ênfase na violência e nas relações de poder por ela legitimadas. Dava a cena literária um novo suspiro e aos escritores, desafios estilísticos e poéticos.  Segundo (SCHOLLHAMMER, 2009):  (...) o brutalismo caracterizava-se tematicamente pelas descrições e recriações da violência social entre bandidos, prostitutas, policiais corruptos e mendigos. Seu universo preferencial era o da realidade marginal.” (pág. 27)

Voltada ainda mais para a critica social, o foco da narrativa será a dicotomia, que antes era Cidade X campo, e agora é ‘Cidade Oficial’ X ‘Cidade Marginal’. Essa crescente aproximação da área literária ao cotidiano, consolidou-se ainda mais nos anos 80 com a junção entre ‘baixa e alta literatura’ e a interação entre a literatura e outros setores artísticos, tais como o cinema, a fotografia, publicidade, entre outros, seguida de uma forte inclinação a temas existencialistas e reflexivos, que segundo o autor: “ (...) oferecem o individuo como um tipo de fantoche, envolvido em situações que flertam com o inumano: jogos complexos de um destino que opera além da compreensão e do controle.” (pág. 33)

Dos anos 90 a 2000 não é observável nenhuma temática especifica que se configure enquanto marca desta geração, a produção literária do período parece revisitar temas que já haviam sido inovadores nas décadas anteriores, e a hibridização literária ganha mais força e espaço, como o autor observa: “a fronteira entre imagem e narrativa é dissolvida para uma experiencia visual de leitura única.” (pág.38).

O autor chama a atenção para o estigma que se construiu sobre o conceito do realismo na literatura brasileira, muitas vezes vinculado ao naturalismo, assume uma conotação negativa quando, de fato, o realismo tem como principal objetivo retratar a realidade atual da sociedade brasileira segundo a visão de quem vive à margem. (SCHOLLHAMMER, 2009). Esta necessidade de relacionar a produção literária com aspectos da vida real é fomentada pelo aumento do acesso a grande mídia, a noticias em tempo real, grandes eventos jornalísticos, entre tantos outros exemplos.

 O maior desafio para o escritor neste momento, segundo o autor, é a necessidade de reinventar formas de escrita, levando em consideração que a produção e o mercado nacional se voltam para a venda de biografias, reportagens históricas, diários, cartas, confissões e autoajuda. Como afirma SCHOLLHAMMER, 2009: “(...) as artes e a literatura deparam-se com o desafio de encontrar outra expressão da realidade não apropriada e esvaziada pela indústria do realismo midiático.” (pág.57)

Outra área que ganha força com esse realismo literário em contraponto ao realismo midiático é o que se definirá como ‘literatura marginal’. A partir de uma literatura ainda mais hibrida, o mundo da periferia e o mundo do crime vão ser cenário para vários romances, confissões e relatos que irão circular pelo mercado nacional no inicio dos anos 2000. Cria-se assim, segundo o texto, um ‘neodocumentarismo popular’, que terão como base a mescla entre linguagens jornalísticas  e pseudoliterárias, e é através deste gênero que a periferia vai ganhar espaço no mundo literário, conquistando o viés mercadológico, e obtendo êxito em encontrar formas de escritas que expressassem a realidade popular, crua. (SCHOLLHAMMER, 2009). Ainda segundo o autor: “Percebe-se, então, uma linguagem em texto e imagem que incorpora a crueza da realidade periférica, numa representação midiática pasteurizada que dilui qualquer problema de conteúdo e do “como” dar visibilidade a esse tipo de questão. (pág. 100)

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