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A FLORESTA DESERTA

Por:   •  18/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.596 Palavras (7 Páginas)  •  196 Visualizações

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        [1]Ediêda Oliveira Sales Franco

A FLORESTA DESERTA[2]

Era uma tarde de terça feira quando tudo aconteceu. João, mal sabia o que lhe esperava enquanto fazia trilha com os seus amigos num lugar chamado Gólgotar. Ficava próximo à floresta Deserta, assim chamada, porque, não se sabe como, no meio da floresta existia um meio que nada, nem árvores, nem animais, muito menos pessoas, e a escuridão tomava conta daquele lugar terrivelmente, tanto, que nem mesmo durante o dia se via claridade, a não ser um ponto bem distante de luz que só se via através de uma fenda em uma penha, esta, não se sabe como, possuía um tipo de esplendor que impedia que alguém fixasse por muito tempo os olhos nela. Ouviu-se até dizer que algumas pessoas que se atreveram a ir a este lugar e encararam a fenda, de tão perplexos, perderam pra sempre a sua voz, e a sua visão. Alguns, até a vida.

Que lugar seria esse? Perguntava-se João enquanto conversava com os seus amigos sobre aventuras que ele nem sonhava em viver com a vida que levava.

João era nada mais que um religioso tradicional da pequena cidade de Jesurum, onde todos o conheciam, pois ele assoalhava justiça e tradição até pelas roupas que usava.  Estranho não? Alguém como o João viver aventuras? O que será que deu na cabeça dele? Pois de tão correto que era, ninguém podia esperar tamanha atitude. Mesmo porque, segundo ele, viver aventuras era um devaneio das pessoas que não conheciam os mandamentos de Deus e ainda por cima, um mau incentivo  aos Jovens a não terem amor pela vida. Por que perder tempo com aventuras se poderia estar na igreja de joelhos ou dando esmolas por aí? Isso causou perplexidade.

Nem mesmo João esperava isso de si próprio. Mas estava sofrendo porque durante tanto tempo guardara a tradição de seus pais, e na verdade, era tradição apenas. Porque por toda a sua vida ele sentia a necessidade de conhecer a Deus de fato, mas não sabia como, e todos os dias tentava se contentar apenas com o que ele já conhecia, que eram as tradições. Buscava ser o exemplo de sua família e andar conforme os mandamentos de Deus, os quais dificilmente conseguia exercer.

A sua alma estava em crise, e, tentando fugir de tudo aquilo, resolveu sair da sua realidade. Quando ouviu do seu quarto fechado, alguns amigos que conhecera no colegial há uns sete anos, chamarem por ele. Por um instante, não reconhecera as vozes, pois já fazia algum tempo que não se avistavam, pois eles eram diferentes de João e não adiantava o chamar para se divertir, ele não gostava.  Mas logo percebeu de quem eram aquelas vozes, pois, um deles dizia assim: João Carlos do contra, precisamos te ver. Era um apelido que colocaram em João enquanto terminava o colegial, pois a tudo João tinha medo, e não concordava com as diversões dos colegas, por mais simples que fossem.

Ao sair do quarto, pressentiu que algo lhe esperava. Pensou em retroceder, mas logo retrucou consigo mesmo e decidiu dessa vez fazer algo diferente. Ao encontrar com seus amigos, a primeira coisa que ouviu foi: - Já sabemos a sua resposta, mas não custa nada tentar: quer sair conosco? – Sair? Pra onde iremos? Disse João.

Por um momento, todos ficaram sem palavras, pois não esperavam uma pergunta dessas. Ele não pensou duas vezes, pegou só o necessário para a viagem e resolveu seguir em direção a uma cidade chamada Jesurum. De lá, eles seguiriam a pé, para uma floresta bem próxima dali, onde fariam trilha em Gólgotar.

Ao chegar a Gólgotar, foram acometidos por uma tempestade muito forte, que os obrigaram a imediatamente armarem a barraca que tinham levado para passarem a noite. A quinta Feira, não parecia a mesma das outras semanas. Era como se tivessem inventado outro dia para a semana. Cada dia tem a sua cara, mas aquela quinta feira tinha perdido a sua e já não parecia mais a quinta de antes.

João fez de tudo pra não parar de andar, pois sabia, que os seus pensamentos mais uma vez, iriam gritar caladamente dentro de si. Não teve jeito, a tempestade era muito forte e todos tiveram que entrar para a barraca até que escureceu. Já cansados, ali mesmo pegaram no sono, mas João, não podia conter a sua alma dos pensamentos que o tirava da aparente alegria que sentia naquele dia com seus amigos. Então, resolveu levantar-se e andar pela floresta escura. Naquele dia, João não parecia o mesmo João que até então, antes do passeio com os amigos parecia pisar em ovos.

Caminhando por um longo tempo depois da tempestade se acalmar, percebeu que já estava muito distante da cabana e de seus amigos. Com uma lanterna preta, e quase de luz exaurida por conta das pilhas que já se esgotavam, João decidiu voltar pra cabana, mas logo percebeu que estava perdido. Não tinha experiência com fazer trilha, muito menos fora da sua cidade natal onde nascera e vivera durante toda a sua vida. Ele era acostumado a ir de casa pra igreja e da igreja pra casa, a mais que isso, só ia para o trabalho que, por coincidência ou não, ficava próximo à igreja.  

- E agora? O que será de um homem como eu perdido no meio do mato? Esbaforia já quase em desespero. Ao tentar encontrar os amigos, assustado e confuso, sentia-se quase desfalecido pela fadiga do corpo e da alma. Sentou-se. Usando a lanterna de luz quase já apagada, direcionou-a aos quatro cantos da floresta. Estatelou os olhos, e perplexo, percebeu-se no meio do nada.

- É a floresta Deserta! Exclamou, com voz trêmula e quase muda. Levantou-se assustado e correu sem nem ao menos saber pra onde. Mal sabia ele que o seu corpo não lhe levaria a muito longe, pois estava exausto.

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