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A MULHER MACHADIANA EM A MISSA DO GALO

Por:   •  7/4/2015  •  Artigo  •  1.307 Palavras (6 Páginas)  •  1.779 Visualizações

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A MULHER MACHADIANA EM A MISSA DO GALO

Thainá Ferreira Rocha

tferreirarocha@yahoo.com.br

Estudos Literários II– Professor Orlando Lopes Albertino

Resumo

          Este presente estudo traz uma articulação entre a definição de personagem e a ambiguidade do papel da mulher no conto “A Missa do Galo” de Machado de Assis, representado por Conceição. O autor sempre deu grande destaque às mulheres em seus textos e elas sempre provocaram desconforto, mudança em uma época em que estas eram retratadas como puras, ingênuas, mas passaram a serem descritas com uma inteligência fria e até mesmo calculista, desmitificando a ideia de pureza e fragilidade feminina. Assim, a personagem traz uma carga diferente de interpretação ao texto apresentado, carga essa que se relaciona com a visão e convivência de Machado com a figura da mulher em sua vida pessoal.

Palavras-chave: Personagem. Machado de Assis. Mulher. Literatura.

Introdução

          Numa época em que ainda se estava envolvido com o conceito romântico de pureza e ingenuidade da mulher, Machado quebra visões ao dar poder às suas mulheres, mesmo de forma sutil como em “A Missa do Galo.” Como sentenciou Xavier: "Embora muitas vezes a sua imagem seja a da mulher frágil, frívola, dotada de beleza, vaidade sequiosa e galanteios, as personagens femininas machadianas sabem o que aparecem e onde pisam." (Xavier, 1986, p. 6)

         No conto analisado, a personagem Conceição, como marcante elemento do texto narrativo da obra de Machado de Assis, mostra uma enorme ambiguidade em seu comportamento, ao mesmo tempo em que controla a situação com pequenos movimentos corporais ela deixa claro para o personagem masculino que sabe bem o que quer, como todas as mulheres machadianas. Toda a densidade da história e, o fato de ter sido narrada pelo homem seduzido do conto, traz a sensualidade não explícita em cada pequeno fato da narrativa, sendo focada em qualquer ato em que se saia das regras comportamentais esperadas de uma dama, que se torna a personificação das perturbações do protagonista Nogueira.

O Jogo Sedutor de Conceição

          A narrativa do conto é feito por um menino, Nogueira, de 18 anos, que vai à casa de Meneses, ex- marido de sua prima e atual esposo de Conceição, a personalidade feminina do conto. É concentrada em uma conversa repleta de insinuações, dissimulação e sensualidade no meio da noite entre Nogueira e Conceição, que é descrita como “santa”, já fazendo uma conexão ao contrapor o título dado com a atitude da personagem:

              “De vez em quando passava a língua pelos beiços, para umedecê-los.”

(ASSIS, 2000 p.93).

        A mulher do conto é tipicamente machadiana: ambígua, pois finge que nada aconteceu na noite anterior, dissimulada, porque age como a sociedade lhe convém na frente dos outros, mas em seu intimo tem vontades e desejo de realizá-las, sabe o que quer ao aproveitar cada movimento, por mais sutil, de seu corpo, porém é, ao mesmo tempo, misteriosa, mexendo com a imaginação do jovem Nogueira ao ver nele uma oportunidade de concretizar esse querer e se livra de todas as cordas do comportamento social esperado que controlam seu ímpeto de praticar um jogo de sedução. Por isso é importante destacar que mesmo com toda a introdução de pureza de Conceição, ela se mostra poderosa e dominadora, com sutil desajeito de um roupão ou apenas ao umedecer os lábios, consegue enfeitiçar o menino e sabe exatamente o que provoca nele, tudo o que faz é proposital Todavia, ao entendermos que Meneses, seu marido, tem um relacionamento extraconjugal, é ainda mais claro que Conceição almeja quase uma vingança silenciosa para lhe satisfazer a vaidade de saber o poder que consegue exercer sobre a libido de um homem. Ela vira a situação e deixa claro que o faz de subalterno, assim como seu esposo lhe trata.

         Porém, para manter o interesse vivo no conto, Conceição é uma personagem esférica, ela é apresentada e construída ao longo do texto, não é imediata a concepção total de sua figura. O leitor vai descobrindo suas nuances no decorrer da narrativa. Como qualquer personagem, de qualquer texto narrativo, ela se mostra um elemento fundamental. Esse elemento se materializa através do que é fornecido pelo autor, assim se define esse tipo de personalidade dentro de uma narrativa. Dentro do que se é oferecido por Machado sobre Conceição, fica claro que ela é uma personagem complexa, construída de forma circular, ela se revela aos poucos e intriga o receptor, fazendo com que a cada linha se descubra mais camadas das características da sua pessoa. Como entidade literária, a personagem feminina de “A Missa do Galo” se mostra como uma boa protagonista deve ser; é interessante, tem características elevadas e sustenta, quase sozinha, toda a narrativa.

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