A Prática De Leitura No Livro Didático

A prática da leitura e da interpretação do livro didático de Língua Portuguesa do 6° ano do ensino fundamental

Ronaldo de Souza Castro*

Neste artigo, reflito sobre a proposta de leitura e interpretação de ordem do argumentar apresentada pelo livro didático de Português de Willian Cereja & Thereza Magalhães. O estudo é baseado nos procedimentos metodológicos da Lingüística Aplicada (LA) de base interpretativista. O corpus de análise é constituído pelas propostas de produção escrita e leituras argumentativas apresentadas pelo seu livro do 6ª ano do ensino fundamental.

Minha preocupação com a disciplinarização dos gêneros da ordem do argumentar tem origem nas orientações dadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Língua Portuguesa para o trabalho com a língua escrita, enfatizando a necessidade e a importância de abordar diversos gêneros textuais/discursivos. O referencial aponta que, dentre algumas competências a serem adquiridas pelo aluno, está a de confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens em suas manifestações. Para isso, é preciso o domínio das capacidades de argumentar. Com os resultados, pretendo discutir se a abordagem do livro didático para o ensino de produção escrita e interpretativa da ordem do argumentar colabora para a formação de produtores desses textos.

Palavras-chave – Leitura, Interpretação, Argumentação, Livro Didático

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O livro didático em observação

Este artigo tem o objetivo de refletir sobre a leitura e o processo de interpretação visando o desenvolvimento pleno do ser humano. Tendo como base, pesquisa realizada no livro didático do 6° ano do ensino fundamental, na Escola Basílio de Carvalho. A luz da reflexão dos conhecimentos pedagógicos de Paulo Freire em seu livro pedagogia da autonomia publicado em 1997 e dos Parâmetro Curriculares Nacionais (PCNs), de Língua Portuguesa (5° ao 8°), série de 1998.

A coleção “Português–Linguagens” (Ensino Fundamental6° ano) de William Roberto Cereja & Thereza Cochar Magalhães, foi lançada em 2011. A 1ª edição da obra foi recebida, segundo os autores, com entusiasmo por professores que reconheceram a possibilidade concreta de, com o apoio dela, transformarem sua prática pedagógica. Na 2ª edição, lançada no mercado em 2007, os autores procuraram confirmar ou aprofundar os rumos traçados pela 1ª edição6.

As atividades de produção de texto do LD em observação, segundo

seus autores, apóiam-se numa parte na teoria dos gêneros textuais ou discursivos e, na outra, na lingüística textual. Além disso, apresentam um

interesse em explorar (seja na condição de locutor, seja na de interlocutor) outras linguagens, além da verbal, como a pintura, o cartum, a charge, o anúncio publicitário, dentre outros.

Para o desenvolvimento dessas atividades, o LD trabalha as características do gênero proposto e depois apresenta novos textos para que, por meio dessa leitura, o aluno perceba características daquele gênero e possa escrever seu texto. Além disso, segundo o Guia do PNLD, o trabalho com a produção de textos está diretamente relacionado com a leitura, do ponto de vista tanto da temática abordada quanto dos recursos lingüísticos.

A seção Produção de texto organiza-se em duas partes. A primeira desenvolve o conteúdo do ponto de vista teórico: partindo-se da observação de um texto representativo de determinado gênero, consideram-se suas especificidades quanto ao tema, ao modo composicional (estrutura) e ao estilo (os usos da língua). A segunda parte, introduzida pelo título Agora é a sua vez, está voltada à produção leitura e interpretação do aluno, desenvolvida de acordo com uma ou mais propostas que permitam a aplicação dos aspectos teóricos apresentados.

Apesar de ser pertinente a presença das questões sobre as expressões referidas, lamentavelmente o livro não traz maiores esclarecimentos ao aluno sobre o seu funcionamento discursivo, nem ao professor, acerca de como proceder para fazer isso.

Para a interpretação e produção do texto propriamente dito, o livro apresenta ao aluno um plano de elaboração. A indicação é para que ele debata com os colegas a decisão da Justiça de impedir o trabalho infantil na TV8. Em seguida, o aluno deverá seguir as instruções dadas. Essas instruções (5 no total) são bem específicas para a produção do texto com viés argumentativo.

A orientação dada para que o aluno discuta oralmente