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ANTONIO FRANCISCO LISCO "O ALEIJADINHO"

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Por:   •  29/10/2014  •  Tese  •  6.163 Palavras (25 Páginas)  •  326 Visualizações

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ANTÓNIO FRANCISCO LISBOA

“O ALEIJADINHO”

Escultor: 1730(?)-1814.

QUANDO TUDO ACONTECEU...

1730: Data provável do nascimento de António Maria Francisco em Vila Rica, Mi-nas Gerais, Brasil. - 1766: Inicio da construção da Igreja de S. Francisco, Vila Rica (Ouro Preto) - 1767: Morte de seu pai - 1772: Admitido na confraria de S. José dos Pardos - 1774: Construção da Igreja de S. João de El-Rei (Tiradentes) - 1777: Manifestação acentuada da doença; casamento do seu filho - 1784: Presidente da Confraria de S. José - 1796: Morre o seu escravo Agostinho; é contratado para a execução das esculturas de Congonhas do Cam-po - 1796/1799: Executa grande parte das estátuas de Congonhas do Campo -1814: Morre e é sepultado em Vila Rica (Ouro Preto).

AI, QUE TANTA ARROBA DE OURO...

Ai, que tanta arroba de Ouro.

Deixa os sertões extenuados...

Ai, que tudo é muito longe,

Ai, que a Providência fala

Pelos homens desgraçados...

Nos princípios de setecentos Lisboa começa a ver chegar os carregamentos de ouro do Brasil. É uma riqueza que se sente.

Uma certa sociedade sabe ostentar os seus bens. Os mais pobres, artesãos e campo-neses, não ficam alheios aos sonhos que uma melhor vida pode tornar reais. Os marinheiros que arribam contam histórias das terras distantes donde vem o ouro.

As construções são um reflexo de um pais rico. Em Mafra inicia-se a construção de um grande convento, que servirá de escola a muitos artistas. Alguns partirão depois para outras terras levando conhecimentos e práticas que ali adquiriram.

De Odivelas parte Manuel Francisco Lisboa. Também ele pensa numa vida melhor. No Brasil já o espera o seu irmão António Francisco Pombal. Certamente ali será mais fácil passar de artista a mestre, trabalho é o que não falta numa região que tanto se desenvolve.

Em Ouro Preto, Minas Gerais, a exploração mineira que se iniciara em 1698 é agora uma realidade. Durante muitos anos não há-de parar e em 1728 vão aparecer também os diamantes. Nem tudo o que se extrai é enviado para Portugal, que tolos não são eles... Há que mudar de nome, Ouro Preto já não é. Em 1711 passará a chamar-se Vila Rica. Boa terra para Manuel Francisco se instalar.

Em 1724 obtém a carta de carpinteiro. É das melhores, pois abrange ofícios vários - entre eles o de desenhar plantas. Em 1730 é já mestre de obras. A Casa da Câmara e a Ca-deia de Vila Rica, a capela-mor de Igreja de Castas Altas são algumas das obras a que está ligado.

É já um homem com alguma importância, tem a sua oficina, os seus operários e os seus escravos. Entre estes Isabel, de origem africana, que terá um filho do seu senhor. O dia em que ele nasce é incerto, o do batismo também, ou não seja a criança um bastardo, um mulato. No entanto o pai dá-lhe o seu nome: António Francisco Lisboa.

Em 1736 Manuel Francisco casa-se com Antonia Maria, do Funchal. Têm quatro fi-lhos, um deles será padre. Quanto ao António Francisco, cresce como qualquer menino da sua condição. Cedo aprende que terá de se fazer à vida, a bens de herança não terá direito. A oficina do pai é o local aonde vai passando o tempo. Vai aprendendo o que por lá se faz - desenho, arquitetura, ornamentos. A escultura e o entalhe parecem atraí-lo mais - assim se ocupa, e um ofício sempre lhe poderá servir para alguma coisa. Conhece também João Go-mes Batista, que estudara desenho e gravação de metais em Lisboa, e que trabalha agora na Casa de Fundição de Vila Rica. Quanto ao resto, aprende com os frades de Vila Rica ape-nas o essencial: música, latim e, claro! Religião.

QUAIS OS QUE SOBEM PURIFICADOS?

Quais os que tombam,

Em crimes exaustos,

Quais os que sobem

purificados?

No Séc. XVIII a influência da Inquisição é ainda muito forte. Aqueles que chegam de Portugal têm-na bem presente - por isso cada qual trata de publicamente exibir o seu rosário...

Em Vila Rica o número de padres não pára de crescer - em 1750 são cerca de 80. É necessário controlar os sítios onde a riqueza é grande, pois sempre se pode tirar proveito da fortuna alheia. Os abusos, os crimes, os pecados, podem ser quase todos redimidos com oferendas generosas. Tudo, ou quase tudo se poderá perdoar com as dádivas a Deus. A I-greja é o centro do mundo. Organizam-se confrarias e irmandades que zelam pelos interes-ses dos seus membros, ao mesmo tempo em que lhes oferecem proteção. Mas também nelas existe seleção. Na maioria delas, não é admissível a entrada de homem que não seja branco. E branco puro, sem mistura de judeu, mouro ou mulato. Para estes existe a Arquiconfraria dos Mínimos do Cordão de S. Francisco, que não deixará de ser perseguida só pelo fato de admitir homens "pardos".

São estas confrarias que passam as cartas de habilitação para um oficio. Apesar da sua condição, António Francisco Lisboa obtém a carta de carpinteiro. Sempre lhe vale para alguma coisa trabalhar na oficina do pai. Já pode executar vários trabalhos, e isso é coisa que nunca lhe faltará.

Duas das confrarias de Vila Rica dão oportunidade para se revelarem às capacidades de António Francisco. A Ordem Terceira do Carmo encomenda o projeto da Igreja a Manu-el Francisco, a Ordem Terceira de S. Francisco fará encomenda idêntica ao seu filho. As duas obras serão elogiadas e, na de S. Francisco, quer na fachada lateral, quer no púlpito, são já visíveis às marcas de um autor. Os trabalhos irão suceder-se.

O Barroco, tão em voga na Europa do séc. XVII, só agora começa a chegar ao Bra-sil, sobretudo pela mão dos que vêm de Portugal. Mas aqui nos trópicos vai-se diferencian-do do europeu, sobretudo em Minas Gerais, onde tanto ouro há. António Francisco dá às suas obras um estilo próprio, quer no desenho das plantas, quer na talha e na escultura. É a imagem de uma região feita pelas mãos de um artista. As fachadas são enriquecidas, os interiores cobrem-se de talha. É aproximação do rococó, com um cunho mineiro.

Em 1767 morre Manuel Francisco Lisboa. Dois anos mais tarde o filho já não tem mãos a medir. As encomendas sucedem-se. O seu trabalho é disputado entre as várias con-frarias - já pode fazer aquilo de que

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