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Chico Buarque

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Por:   •  14/4/2013  •  10.037 Palavras (41 Páginas)  •  927 Visualizações

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CANÇÕES DE PROTESTO, POLÍTICA E HISTÓRIA NO BRASIL: CHICO BUARQUE DE HOLANDA (1964-1984)

CANÇÕES DE PROTESTO, POLÍTICA E HISTÓRIA NO BRASIL: CHICO BUARQUE DE HOLANDA (1964-1984)

UFRN / 2004

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1

"PRA VER A BANDA PASSAR”: AS CANÇÕES DE PROTESTO E A REPRESSÃO BRANDA (1964- 1967)

1 .1 Antecedentes da Música Popular Brasileira

1. 2 O impacto do Golpe e as músicas de protesto

1. 3 A reação popular e o protesto das canções

CAPÍTULO 2

“MESMO CALADA A BOCA RESTA O PEITO”: AS CANÇÕES

DE PROTESTO MOBILIZANDO OS JOVENS (1969-1973)

2. 1 A linguagem direta das canções de protesto

2. 2 A música contribuindo para a mobilidade popular

CAPÍTULO 3

“O QUE SERÁ QUE SERÁ?”: AS CANÇÕES DE PROTESTO

NO PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO DO PAÍS (1974-1984)

3. 1 A pressão popular em meio às canções de protesto

3. 2 A canção em “campanha” pela anistia e liberdade

CONCLUSÃO

FONTES E BIBLIOGRAFIA

INTRODUÇÃO

A historiografia atual permite a análise de inúmeras fontes que anteriormente não eram consideradas verazes. Os estudos sobre a História Social e o seu dinamismo passou a ser discutido a partir da década de 1960. O estudo das mentalidades coletivas e os movimentos sociais, estão intimamente vinculados à História Social, portanto, os testemunhos contemporâneos são fontes provenientes de tal mentalidade, abrangendo canções, lendas, tradições orais e outros .

A música e a discografia dos artistas de determinado período são exemplos de ricas fontes históricas, limitadas, é bem verdade, mas que hoje podem ser analisadas, permitindo o entendimento da história de um país, da memória de um povo. É como afirma José Miguel Wisnik: “Não há vestígio histórico mais envolvente do que a música de determinados períodos [...]” . Portanto, eis o objetivo desde trabalho: mostrar a relevância histórica e social das canções de protesto desse período-entre 1964 e 1984 - inserindo-as no contexto histórico e político do Brasil frente ao regime militar.

O impulso para a produção historiográfica sobre a questão da música no Brasil, conforme Arnaldo Contier, “intensificou-se com o debate no seio do modernismo” , representado pelo Semana de Arte Moderna (1922) onde se observa o rompimento de intelectuais brasileiros com a estética tradicional, sobretudo nas obras de Mário de Andrade e Renato de Almeida, ao longo dos anos 20 e 30.

No entanto, existem duas correntes distintas no que diz respeito às origens da música popular brasileira. A primeira, realiza uma busca daquela que seria a “verdadeira música brasileira”, enquanto que a outra questiona e critica essa procura, partindo do princípio de que a música brasileira é o resultado de um conjunto diversificado, misto, sem atribuir autenticidade à apenas e tão somente um desses elementos formativos. O trabalho de Marcos Napolitano envereda por sobre esse prisma, como ele mesmo afirma:

[...] Deve-se problematizar o problema das origens, como objeto da reflexão historiográfica [...] tentar desenvolver um pensamento analítico que dê conta da pluralidade, da polifonia de sons que constituíram as bases sociológicas e estéticas da nossa música .

Nesse contexto, durante o governo militar, o cenário musical brasileiro, atravessa inúmeras transformações. A Música Popular Brasileira (MPB) seria o ponto de convergência entre um conjunto de questões políticas, sociais e estéticas, as quais eram motivo de questionamento para os artistas engajados e que resultaria nas chamadas canções de protesto – ou engajadas. A canção dita engajada (que também pode ser denominada “canção participante”) representava uma possível intervenção política do artista na realidade social do país. É o olhar crítico e sensível do artista sobre determinada situação. Através das letras de suas canções, a sociedade contemplava a realidade a qual enfrentava em seu cotidiano.

Historiadores como Marcos Napolitano, baseiam os seus trabalhos na análise desta arte e, como esta torna-se uma referência importante para pensar a moderna música brasileira, cumprindo a estes artistas que não mais queriam cantar o “o amor, o sorriso, a flor [...]” , operar uma seletividade musical que permitisse construir a nova música engajada.

Após o Golpe de 1964, a conscientização popular aumentou e começaram a surgir protestos em todas as áreas ligadas à cultura. Era o momento em que se lutava por ideais, que se uniam vozes e instrumentos por uma só causa: Liberdade. Expressada nos atos públicos, passeatas e manifestações que marcaram o período do governo militar no Brasil. Tais mudanças são conseqüências direta do quadro político- econômico, em meio às crises e interferências dos segmentos esquerdistas e a atuação das entidades estudantis - como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Centro popular de Cultura (CPC)- percorrendo diversas capitais e universidades.

É exatamente o engajamento e as composições musicais de um então universitário de Arquitetura (1960) - Chico Buarque de Holanda - produzidas durante o período da ditadura militar no Brasil, um dos “alvos” do estudo deste trabalho. Seu olhar sobre a realidade brasileira daquele momento é refletido ao longo de suas composições. Como artista, é capaz de reunir a poesia, o futebol, a feijoada, a música, a mulher, a repressão, a solidariedade, o bom humor e tantos outros motivos, numa miscelânea de metáforas e jogo de palavras sutis e ao mesmo tempo críticas. É um artista que utiliza a sensibilidade e a ousadia dos seus versos não só na música, como também no teatro e no cinema brasileiro. Sua condição sociocultural o destacava dos demais artistas engajados do período em questão. Da mesma forma, a tradição histórica também não passa despercebida, afinal, é filho de Sérgio Buarque de Holanda, reconhecido historiador, sociólogo e um dos mais

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