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Fichamento "Gramática : Opressão? Liberdade?"

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Por:   •  20/2/2015  •  3.577 Palavras (15 Páginas)  •  588 Visualizações

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Fichamento do livro “ Ensino da Gramática. Opressão? Liberdade?

“A crise com que a escola se defronta tem raízes mais profundas do que uma simples verificação da escassez de recurso e do desinteresse das autoridades competentes, ou do despreparo do corpo docente e discente.” (Capítulo I, p. 5)

“A primeira crise é na ordem institucional, na própria sociedade, que, de uns tempos pra cá, seguindo as pegadas de uma tendência mundial do após-guerra, privilegiou o coloquial, o espontâneo e o expressivo, renovando, consideravelmente, a língua popular e o argot. Este movimento, positivo em sua essência, trouxe, pela incompreensão e modismos de muitos, uma consequência nefasta, à medida que o privilegiamento da oralidade estimulou o desprestígio da tradição escrita culta, já que se defendeu - sem ser praticado afetivamente pelos escritores, pois nunca deixaram de contemplar a sua obra como arte - que verdadeiro bom estilo é aquele que se aproxima da espontaneidade popular, ou, então aquele que se despe da artificialidade do estilo cultivado.” ( Cap. 2, p. 6)

“A segunda crise é na universidade, já que a linguística ainda não conseguiu constituir-se definitivamente, desdobrando-se em diversas linguísticas que discutem seu objeto, suas tarefas e suas metodologias. Apresentadas ora paralela ora conflitivamente, a verdade é que as teorias linguísticas ainda não chegaram a consolidar um corpo de doutrina capaz de permitir uma descrição funcional-integral do saber elocucional, do saber idiomático e do saber “expressivo””. (Cap. 2, p.7)

“A terceira crise é na escola, na medida em que , não se fazendo as distinções necessárias entre a gramática descritiva e gramática normativa, a atenção do professor se volta para os dois primeiros tipos de gramática, desprezando justamente a gramática normativa que deveria ser o objeto central de sua preocupação e, em consequência, despreza toda uma série de atividades que permitiriam levar o educando à educação linguística necessária ao uso efetivo do seu potencial idiomático.” (Cap. 2, p. 7)

“O título educação linguística não é novo nem cedo conseguiu impor-se tal como hoje se procura entender. Começou por merecer certa preocupação entre os linguistas, passando depois a ser considerado, entre pedagogos e professores, como um domínio puramente técnico-didático. Hoje se constitui num promissor campo de pesquisa e de resultados para a línguística e a educação, pondo claro como bem disse o professor italiano Raffaele Simone, que a linguagem não é apenas uma “matéria” escolar entre as outras , mas um dos fatores decisivos ao desenvolvimento integral do indivíduo e, seguramente, do cidadão.” (Cap. 2 , p. 8)

“Já que estamos fazendo uma crítica a certas inovações perturbadoras e pouco producentes que muitos compêndios, à luz de uma didática formal ou informal, pretenderam introduzir no ensino da língua portuguesa, na década de 60, cabe um comentário acerca do privilegiamento da língua oral, espontânea, em relação à língua escrita.” (Cap. 2, p.9)

“Esta possibilidade de uma metodologia com rigor científico aplicada a línguas ágrafas parece que estimulou em muitos estudiosos bloomfieldianos certa desatenção ao código escrito, considerando-o até campo que extrapolava a investigação linguística. Tal atitude chegou a provocar a crítica de Gleason, autor de um dos melhores manuais de linguística descritiva de orientação norte-americana.” (Cap. 2, p.10)

“Portanto , vieram pela porta da própria linguística e se instalaram nas salas de aula de língua portuguesa esse privilegiamento do código oral em relação ao escrito e certa desatenção a normas estabelecidas pela tradição e conservadas ou recomendadas no uso do código escrito padrão.”

(Cap. 2, p.10)

“A bem da verdade , cabe-nos dizer que já se assiste, a partir da década de 70, a uma reação a esse estado de coisas , e os livros didáticos mais recentes voltam a insistir no padrão culto da linguagem , quer nas recomendações da gramática normativa, quer através da inclusão e seleção de textos, literários ou não, que refletem esse padrão.” (Cap 2, p.11)

“ A outra ordem de fatores procede da política, ou, para não desmerecer uma atividade nobre, de certas teses populistas e demagógicas, especialmente no que concerne à educação linguística de adultos, segundo as quais devem os “oprimidos” ficar com sua própria língua e não aceitar a da classe dominante.” (Cap. 2, p. 11)

“ Ora, a educação linguística põe em relevo a necessidade de que deve ser respeitado o saber linguístico prévio de cada um, garantindo-lhe o curso na intercomunicação social, mas também não lhe furta o direito de ampliar, enriquecer e variar esse patrimônio inicial. As normas da classe dita “opressora” e “dominante” não serão nem melhores nem piores do que as usadas na língua coloquial. Como bem lembrou o professor Raffaele Simone, “enquanto a posição populista perpetua a segregação linguística das classes subalternas, a educação linguística deverá ajudar a sua liberação.” ( Cap 2, p. 12)

“'Assim sendo , a rigor, cada modalidade da língua tomada homogênea e unitariamente, ou, em outros termos , toda língua funcional – como a entende o linguísta Eugenio Coseriu- tem a sua gramática como reflexo de uma técnica linguística que o falante domina e que lhe serve de intercomunicação na comunidade a que pertence ou em que se acha inserido.” (Cap. 2, p.13)

“Como bem lembra esse mestre, “constitui aspecto fundamental da linguagem o manifestar-se ela sempre como língua: conquanto 'criação', isto é, produção continua de elementos novos, e , portanto, neste sentido, 'liberdade', por outro lado, a linguagem é, ao mesmo tempo, 'historicidade', técnica histórica e tradição, vínculo com outros falantes presentes e passados : em suma, solidariedade com a história atual e com a história anterior da comunidade dos falantes (…) . Não se trata , entretanto, de uma limitação da liberdade(como vez por outra pessoa se pensa), mas da dimensão histórica da linguagem , que coincide com a própria historicidade do homem. Aliás, a liberdade humana não é arbítrio individual, é liberdade histórica e , como quer que seja, a língua não se impõe ao indivíduo (embora isso frequentemente se costume dizer): o indivíduo 'dispõe' dela para manifestar sua liberdade de expressão.” (Cap 2, p. 13)

“Hoje, por um exagero de interpretação de “liberdade” e por um equívoco

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